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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

AS BOLINHAS

NARRADORA – Era uma vez um dia de Inverno, sem chuva, mas com nuvens muito escuras, numa pequena aldeia muito montanhosa e estava um vento gelado. As crianças da aldeia estavam de fim-de-semana, e os adultos foram trabalhar para o campo. Entretanto, nas nuvens há uma grande agitação. Elas têm uma tradição de antes do Natal, largar umas bolinhas muito especiais em aldeias montanhosas, para alegrar os habitantes, que vivem mais isolados. Os habitantes da montanha não sabem dessa tradição, nem sabem como aparecem, mas ficam muito felizes quando recebem as bolinhas. É uma prenda dos antepassados que aqui já viveram, e que agora são estrelas. A nuvem chefe pergunta…
NUVEM CHEFE – Está tudo pronto, meninas?
TODAS (gritam) – Sim!
PORTEIRO – As portas também estão em condições! Posso abrir?
NUVEM CHEFE – Quando eu disser o três!
NARRADORA – Elas estão ansiosas e felizes para descer.
NUVEM CHEFE – Um…dois…três…largar!
NARRADORA – As nuvens abrem uma porta. Na terra aparece um lindo e enorme arco-íris, atrás deste, aparece outro, outro, outro e mais outro…muitos arco-íris…uns maiores, outros mais pequenos, mas todos lindos, brilhantes, luminosos, com estrelinhas.
CRIANÇA 1 – Olhem…o céu está cheio de riscas.
CRIANÇA 2 – Não são riscas, são meios círculos.
CRIANÇA 3 – São arco-íris.
TODOS – Áhhhh!!!
SRA 1 – Tantos…
TODOS (sorriem) – Que lindos!
SRA 2 – Que grande artista que é a Natureza…maravilhoso! Como é que ela consegue fazer aquilo…
SRA 3 (sorri) – Lindos!
SR – Acho que é melhor irmos para dentro…vai chover!
NARRADORA – Quando começam a entrar nas casas, as nuvens abrem as portas e largam milhões de bolinhas, umas maiores, outras mais pequenas, umas são transparentes, outras cheias de cores…mas todas são de comer, com um sabor irresistível. Umas são moles, outras têm líquidos doces. As bolinhas descem pelos arco-íris, umas transparentes que ganham as cores por onde passam, como se fossem escorregar num escorrega de crianças. Os arco-íris parecem uns colchões de molas, como no circo, paras os trapezistas, porque saltam e caem na relva do chão. Os habitantes não querem acreditar no que estão a ver.
SRA 3 – Mas o que é que está a acontecer?
SRA 2 – Está a cair o céu?
CRIANÇA 1 – As nuvens estão a desfazer?
CRIANÇA 2 – Os arco-íris estão a lançar bolas…
SR 1 – Não são os arco-íris, nem as nuvens, nem nada!
SRA 4 – Alguma coisa é! Isto não é normal.
SRA 1 – Ai, valha-me Deus…é o fim do mundo.
SR 1 – Só se for na tua cabeça!
JOVEM 1 – Eu acho que é granizo!
JOVEM 2 – Granizo? Tão leve? Huummm, não!
MÃE 1 – Isto não é água!
JOVEM 1 – Mas quando aparece o arco-íris na terra, é sinal que vai chover e as nuvens não enganam!
CRIANÇA 1 – Esta é uma chuva de bolas…olha Mãe…
MÃE 2 – Mas que bolas são estas?
MÃE 3 – Que coisa mais estranha! Nunca vi uma coisa destas.
CRIANÇA 2 – Quem manda isto?
SRA 3 – Porque é que isto está a acontecer?
SR 2 – Isto deve ser um castigo da natureza pela poluição.
SR 4 – Esta é aquela chuva que há todos os anos por altura do Natal!
TODOS – Áhhh! Pois é!
JOVEM 2 – Estamos quase no Natal…
SRAS – Sim, é verdade!
SR 3 – As do ano passado não podem ser, porque já as comemos…estas são outras!
SRA 4 – Mas será que estas são de comer?
SR 4 – São!
NARRADORA – Continuam a cair bolas e mais bolas, de todas as cores. Os habitantes apanham-nas alegremente, provam algumas e guardam as outras.
TODOS – Huummm…que boas!
CRIANÇA 1 (feliz) – Tantas cores…
CRIANÇA 2 (sorri) – E sabores!
CRIANÇA 4 – Estas são molinhas…Huummm…que delícia.
CRIANÇA 3 (ri) – São doces! E um bocadinho duras.
SRA 1 – Estas são salgadas.
SRA 2 – Estas são doces, mas têm uma travazinha amarga. São boas.
SR 2 – Estas sabem a morango.
SR 4 – Estas sabem a tuti-fruti.
MÃE 1 – Hum, estas sabem a pipocas!
NARRADORA – Vão a casa e enchem sacos e mais sacos com as misteriosas bolas de comer que caíram das nuvens e dos arco-íris, enviadas pelos antepassados, que observam e sorriem orgulhosos das nuvens.
ANTEPASSADO 1 – Que bom, como é bom vê-los felizes!
TODOS (sorridentes) – É!
ANTEPASSADO 2 (sorridente) – É uma recompensa por se lembrarem de nós, o ano todo, e por cuidarem tão bem do que deixamos.
ANTEPASSADO 3 (sorridente) – Bem merecem! Está tudo fantástico…! As crianças muito educadas e todos são trabalhadores, amigos.
ANTEPASSADO 4 (sorri) – Esta é a verdadeira felicidade…no seu estado mais puro…a felicidade nas pequenas coisas, na simplicidade das ofertas…!
(Na Terra todos olham para o céu)
SR 1 – São os nossos antepassados, de certeza!
SRA 1 – Sim, não tenho dúvidas disso.
SRA 2 (sorridente) – Eu também acho…um presente tão especial, e tão simples, tão bom…vindo das nuvens e do arco-íris…só pode ser de alguém especial.
SRA 4 – Sim, e são mesmo especiais…são as estrelas que olham por nós lá de cima!
TODOS – É! Muito obrigado!
SR 3 (sorri) – Até fico emocionado…!
SR 2 – Esta é a melhor lembrança que lhes podemos dar: a união, a amizade entre nós, o carinho, a família, o cuidado, a atenção, a dedicação e o respeito!
MÃE 1 – Sim, é verdade! A boa semente deles, perdura até hoje.
MÃE 3 (sorri) – E está aqui…por toda a montanha…em cada um de nós!
TODOS (sorriem) – Verdade!
(Todos aplaudem, abraçam-se uns aos outros, sorriem e mandam beijos para o céu. Nas nuvens, os antepassados sorriem felizes e orgulhosos, e retribuem as palmas).

FIM
Lálá
(23/Janeiro/2014)


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