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sábado, 8 de janeiro de 2022

O pesadelo com os medos da pena

      


        






foto de Lara Rocha 




        Era uma vez uma pena pequenina que se desprendeu de entre muitas, num passarinho. Era uma peninha muito leve, colorida e estava muito assustada por estar quase a chegar a um riacho. Mas ela não queria molhar-se, nem sabia nadar e também sentia medo do que podia encontrar dentro da água. 

       Imaginava que pudesse haver animais que gostassem de comer penas, ou pedras que a magoassem. Gritou por socorro e foi logo agarrada no bico de outro pássaro, que precisava dela para cobrir os filhotes no ninho. 

      O pássaro perguntou se ela não se importava, e ela aceitou logo, ufa... que alívio! Pelo menos não ia parar à água! Agasalhou os passarinhos, e deliciou-se com os mimos destes, brincou com eles e adormeceram. 

       A pena sonhou toda a noite com a água, onde tinha medo de cair, por isso teve pesadelos e um sono agitado. Sonhou com os seus medos do que poderia encontrar na água, e o que lhe poderia acontecer, como encontro com animais que gostassem de comer penas, monstros, pedras que a ferissem, cambalhotas e trambolhões em rápidos e redemoinhos de água, descidas assustadoras e outras coisas. 

        Tremeu, gritou mexeu-se enquanto dormiu, felizmente os passarinhos estavam a dormir tão bem, tão confortáveis que nem repararam. Acordou na manhã seguinte, e ouvia o som da água muito perto. Ficou tão assustada porque pensou que tinha caído à água, ou que a tinham levado, sem ela sentir.  

Olha em volta, e pensa para si: 

- Ah! Ainda bem que estou aqui no ninho dos meus pequeninos amigos. Eles ainda estão a dormir, e eu estou em cima da árvore, num lugar seguro, a água está ali, nós aqui. Se calhar o riacho não tem assim nada de coisas horríveis, como as que sonhei! Mas acho que também não quero ir lá ver. Se os animais vão, deve ser um sítio agradável e seguro, mas eu acho que não quero ir. Não! Aqui estou melhor. Só se eles forem comigo. Que sorte que eu tive em ser apanhada por este pássaro para cobrir os pequenos, se não, acho que estaria mesmo na água.

Os pequenos acordam e atiram a pena para a terra. 

- Aiiiii... - grita 

-Oh... desculpa! -dizem os passarinhos

- Caíste na terra fofa, não te magoaste! Passeia um bocadinho por aí, para conheceres o nosso sítio. - goza e sugere um passarinho 

- Obrigado por nos cobrires e aqueceres! - diz outro passarinho 

- Vou-me embora. Vocês trataram-me mal! - diz a pena, triste

- Oh não... por favor! Desculpa...

- Nós precisamos que nos aqueças. 

- Vá lá... por favooooorrr... -imploram os passarinhos 

- Está bem, eu fico! 

       Os passarinhos festejam aos saltinhos e vão para a beira da pena. Mostram-lhe o sitio onde vivem, a Natureza e o riacho que afinal não tinha nada do que ela imaginava! Até entrou com os passarinhos e brincou com eles na água, boiou, os passarinho fizeram o mesmo. 

      Riram muito, conversaram, viram vários cardumes de peixes coloridos, de diferentes tamanhos a passar rapidamente por eles, a pena nunca tinha visto tal coisa. Viu ervas aquáticas enormes, que pareciam as algas do mar, e a temperatura da água estava agradável, tal como o sol mesmo por cima. 

      Quando temos medo, a nossa imaginação adora contar-nos histórias que nos provocam ainda mais medo.  Ainda bem que tudo não passou de um sonho da pena, uma história contada pela sua imaginação por causa do medo da água, do riacho que não conhecia. 

                                                                    Fim 

                                                               Lara Rocha 

                                                              7/Janeiro/2022 

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