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sábado, 15 de fevereiro de 2025

À procura da neve

     Era uma vez uma montanha Alpina com muita neve o ano todo, e lagos gelados, com partes congeladas, outras onde havia água e alimento. 

    Lá viviam muitos ursos e lobos. Além da neve numa parte da montanha, na outra metade era verde, com cabras que pastavam penduradas em rochas, e gado nos campos. 

    Ficava muito perto da povoação, com habitantes que não se atreviam a subir à casa dos ursos, como lhes chamavam. A neve chegava para todos e água de riachos com fartura, peixes que deliciavam os ursos de várias espécies, e o sol também marcava a sua presença mas não derretia a neve. 

    Quando isso acontecia, os habitantes da povoação deliciavam-se com a paisagem porque tudo brilhava, nos campos e à volta das casas, com as gotinhas de água nas flores e na relva, mas o mais especial era mesmo ver as montanhas pintadas de branco. 

    Os ursos e animais do gelo, que partilhavam o mesmo espaço sentiam-se felizes, e em paz, conviviam bem uns com os outros. 

    Riam, brincavam, mergulhavam, caçavam, repartiam os alimentos, e deleitavam-se com tanta neve, onde se deitavam, e dormiam em tocas, ou grutas com neve por cima. 

    De repente, aconteceu uma coisa muito estranha e quase terrível, com que ninguém contava: os incêndios nos montes, nas cidades mais próximas. 

    Os lobos e os cães das casas começaram a uivar como se não houvesse amanhã, um uivo de pânico terror, angústia, na noite em que começaram os incêndios. 

    Era um uivo arrepiante, as pessoas ficaram preocupadas, mas parecia tudo calmo. Os lobos e os cães pareciam pressentir ou anunciar alguma coisa. 

    Quase não conseguiram dormir com os uivos e o ladrar, e de manhã, perceberam o porquê dessa sinfonia! Uma poluição atmosférica que causava aflição, porque deixava o céu escuro, o sol vermelho, e onde ardia igualmente vermelho. 

    Que visão infernal. Os habitantes da povoação sabiam o que era, estavam inquietos, preocupados, com medo, porque o vento podia levar as chamas para a sua zona. 

    Sentiam dificuldade em respirar, tossiam, e tiveram de recolher o gado para não ficarem expostos ao fumo. A temperatura do ar subiu horrivelmente, um calor a que ninguém estava habituado. 

    Apanharam o máximo de alimento e água, não sabiam quanto tempo ia durar. Nessa manhã, os ursos viram que alguma mudança estava a acontecer, sentiram a agitação, um calor que se podia, e nunca tinham enfrentado, viram o fumo preto e o céu vermelho. 

    Ficaram nervosos e com medo, mesmo assim, tentaram disfarçar e fazer o seu dia normal. Pensaram que o que quer que fosse não chegava lá. 

    Os incêndios eram cada vez mais, de maiores dimensões, a poluição piorava, o ar era irrespirável, a neve começou a derreter, e estavam com dificuldade em aguentar aquela temperatura, aquele ar. 

    O gado não saía, as pessoas também quase não porque não aguentavam. Estavam todos muito preocupados. Como a neve estava a derreter, os ursos, cheios de pena e muito furiosos, tiveram de deixar aquele local, e deslocar-se sem rumo, tristes, a chorar, para onde houvesse mais neve, e mais fresco. 

    Andaram vários quilómetros, e encontraram! Que alívio! Fizeram uma festa, tinham neve com fartura, o ar gelado limpou-lhes a poluição, e sorriam, inspiraram e expiraram, rebolaram na neve, mergulharam, caçaram e guardaram alimento nas tocas provisórias. 

    Pelo menos esse era o desejo deles: que em breve pudessem voltar àquele sítio onde viviam. Estavam muito sossegados, poucos dias depois, os incêndios e a poluição continuavam, as temperaturas muito altas também, e chegou ao lugar onde eles estavam. 

    Aterrorizados, perceberam que a neve também tinha desaparecido, e os glaciares estavam a estalar, largando pedaços de gelo, a partir e a derreter aos bocados. 

    Choraram, e furiosos voltam ao sítio onde viviam antes, na esperança de encontrar neve. Quando chegaram, nem queriam acreditar...os incêndios tinham chegado lá, queimaram pastagens, os verdes estavam agora negros e tinham virado cinzas, pó. 

    O gado estava recolhido, a terra ainda fumegava, e a população chorava. Não havia sombra de neve, só calor e cinza. 

    Os ursos ficaram completamente fora de si, gritaram furiosos, mergulharam na água que também tinha diminuído. Felizmente ainda dava para se refrescarem e caçarem para comer. 

    Mas eles queriam neve. Na água, acalmaram e partilharam a preocupação, baixinho, desviados dos ursinhos pequenos para não os assustar. 

- O que está a acontecer? - pergunta um urso

- Não sei! Mas alguma coisa grave, foi. Isto nunca esteve assim. - responde outro 

- Pois não. - concordam todos 

- A população também está assustada e nervosa...Aquele céu metia medo, e este calor, não é normal! - comenta outro urso 

- Não, mesmo! - concordam todos 

- A neve que encontramos mais à frente e o fresco também desapareceram num instante…

- Pois! Até lá estava calor. 

- E agora, aqui...assim! 

- Por este andar não sei onde teremos neve. 

- Teremos de procurar! 

- Ela há-de voltar...espero eu. 

- Também eu! - concordam todos 

- Até esta água está quente…- repara outro 

- Pois está. 

- Que horror. 

- Nestas alturas, gostava de me transformar em humano para lhes perguntar o que está a acontecer. 

- Eu também! - dizem todos

    Passados uns dias, chove torrencialmente, e ajudou a apagar os incêndios, limpou  a poluição, e as terras, o ar ficou bem mais fresco, mas não houve neve. 

    Os ursos voltaram ao sítio para onde fugiram...estava tudo na mesma. 

- Que tristeza! - lamentam e murmuram todos 

    Regressam a casa: 

- Está bem melhor! - diz um urso 

- Realmente! Oxalá traga neve! 

- Vamos fazer uma corrente, dar as mãos e pedir neve? - sugere um urso 

- Boa! - concordam todos 

    Ninguém sabia se ia funcionar, mas tentaram. Os seus antepassados diziam para fazerem isso, e pedirem o que precisassem, ou em momentos de aflição. 

    Chamaram pelos pequenitos, e todos deram as patas. Os adultos explicaram às crias o que iam fazer. Elas compreenderam, e todos pediram em silêncio, num grande círculo, à volta do lago, que a neve regressasse. 

    A chuva torrencial, o vento e o frio continuavam muito intensos depois de pedirem juntos, recolhem às suas tocas. O seu pedido foi ouvido e realizado. Nessa noite nevou, uma boa camada. 

    De manhã acordaram e ficaram muito surpresos, 

- A neve voltou! - grita o urso que sugeriu fazerem a corrente, sorridente

    Batem palmas, riem, soltam exclamações de felicidade, abraçam-se, atiram-se para a neve, ás gargalhadas, rebolam, mergulham na água gelada, congelada de um lado, caçaram, comeram, brincaram uns com os outros, saltitaram. 

    E agradeceram, não sabiam a quem, mas sabiam que existia alguém Superior, que os ajudava sempre que precisavam ou quando pedissem. 

    A neve continuou a cair durante o dia, e a amontoar, o gelo do lago aumentou, do outro lado, a água continuava a correr para se alimentarem. 

    Passou uma alcateia de lobos e um urso perguntou: 

- Óh...lobos, desculpem...podem-nos dizer o que aconteceu há dias? A neve derreteu… 

    Um lobo respondeu: 

- Claro. Houve muitos incêndios, muita poluição, muito calor, muito fumo, temperaturas nunca antes sentidas, de abafar, foi isso que fez derreter a neve, aqui - explica um lobo 

- Aquele sol vermelho e céu cinzento que de certeza também viram. - Acrescenta outro lobo 

- Sim! - respondem os ursos 

- Nós tivemos de ir para outro sítio, a uns quilómetros daqui, à procura da neve, encontramos, mas essa coisa terrível também chegou lá, derreteu a neve, o gelo estava a estalar por todo o lado, e a partir, um calor que não se podia. Voltamos para aqui. A visão não foi a melhor, mas felizmente choveu e agora nevou! 

- Pois é! - dizem os lobos 

- Os humanos disseram que foram as alterações cli...cli....climáticas, ou climatéri...qualquer coisa assim. Pelos vistos, já aconteceu mais vezes. Dizem que está a dar cabo deles e de nós, da Natureza e vai continuar a acontecer. - acrescenta outro lobo 

- Ficaram praticamente sem comida para os bichos, agora! - comenta outro lobo 

- Armazenaram enquanto tinham, até o fogo chegar aqui...mas não nascerá comida tão cedo! 

- Que horror! - dizem os ursos 

- Foi mesmo. Nós sentimos muito medo, quando começaram lá em baixo, muito antes de chegar aqui. 

- Foi quando uivaram muito, não foi? 

- Sim! Nós e os cães das casas, estávamos a avisar, e com muito medo, pressentimos que podiam estar em perigo! 

- Estão muito tristes e preocupados! - diz um lobo 

- Claro! Imaginamos que sim. Nós também tivemos medo que não houvesse mais neve! 

- E nós tivemos medos de tudo! Do fogo, do calor, de poder faltar comida...foi horrível - partilha outro lobo. 

    Os lobos e os ursos conversam mais um bocado, agora mais descansados. Os ursos agradecem a explicação e os lobos seguem caminho. Vão dar uma volta. No regresso um urso diz-lhes: 

- Se precisarem de alguma coisa, estamos aqui! 

- Obrigado! Nós também. - responde o lobo. 

- Foi muito bom termos conversado e partilhado os nossos medos. - acrescenta outro lobo 

- Claro que sim, nós também os sentimos. - diz um urso 

- Pois. - diz outro lobo 

    Como eram amigos, às vezes juntavam-se para passear, conversar, e conviver. Quando precisavam, estavam uns para os outros. 

    Sentiram pena dos animais e das pessoas da povoação, que pensaram eles, devem ter sentido ainda mais medo do que eles, e queriam ajudar. 

    Reuniram-se com os lobos, estes acharam uma ótima ideia, e partilharam o sentimento de pena. Também queriam ajudar. Pensaram em conjunto, como e se podiam ajudar as pessoas da povoação, e tiveram uma ideia. 

    Cada urso e cada lobo carregou fardos de palha, erva seca, erva suculenta, flores silvestres, e outras coisas coisas do chão, por onde passaram, que sabiam que os outros animais comiam. 

    Várias vezes no mesmo dia, deixando á porta de cada pessoa da povoação para os animais. Os ursos levavam pedaços de gelo que estavam a boiar, em sacos que usavam para os manter congelados, puseram nas pias dos animais, derreteram rapidamente e transformaram - se em água. 

    As pessoas da povoação fechavam-se em casa, com medos dos ursos e dos lobos. Mas nem queriam acreditar no que estavam a ver. 

    Em vez de os correr, os ursos e os lobos receberam mimos, alimento extra, e agradecimento: 

- São a nossa salvação e dos nossos animais também. Gratidão gigante, a vocês bichos maravilhosos! - diz uma senhora 

- Nunca vi animais assim, a ajudar-nos e a trazer-nos alimento, bebida. - comenta outra muito surpresa 

- Que coisa fantástica! - suspira um senhor 

- São sempre muito bem vindos. - diz uma senhora comovida 

    Os lobos e os ursos retribuem os mimos com encostos, lambidelas, abraços com as patas á volta dos humanos, e estes riem, deliciados. 

- A terra está a gritar e a avisar que está doente, mas há gente que não a ouve, a ambição e o dinheiro, ou a maldade, não as deixa ouvir a dor da Terra. - lamenta um senhor 

- Ficamos praticamente sem nada para comer, só ração, e não lhes faz tão bem, e esta água...que pura! - diz outra senhora.

- Vivemos um terror! - acrescenta um senhor 

- E vocês tiveram de fugir, não? - pergunta outro senhor 

    Os animais respondem á maneira deles, as pessoas percebem. Durante vários dias, e sempre que os ursos e os lobos percebiam que os outros estavam a ficar sem comida, ou água, faziam caminhadas, com comida e gelo. 

    A população parecia que via seres mágicos, ou encantados, e fartava-se de os mimar, agradecer, retribuir. A neve continuava a cair, lobos, ursos, humanos e animais das casas, tornaram-se numa grande família. Todos ajudavam e as pessoas retribuíam.  

     Ajudar, agradecer, retribuir.  

                                                        Fim 

                                                   Lara Rocha 

                                              15/Fevereiro/2025 


segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

A rolinha que tinha medo das alturas

      

Foto tirada por Lara Rocha 


   Era uma vez uma rolinha pequenina que andava em terra, não subia às árvores como as outras. Ficava mais no seu ninho. Olhava para as outras que voavam livremente, de forma tão rápida e tão à vontade que ela ficava muito surpresa. 

   Pensava para consigo mesma: 

- Como é que elas conseguem subir tanto, tão à vontade, tão leves, e descem. Será que só eu é que não consigo? Porquê?! 

   As outras rolas ignoravam-na, deixavam estar no chão, gozavam com ela, riam dela, e não percebiam porque é que ela não voava. Os pais da rolinha não admitiam que as outras a gozassem ou rissem dela, e ralhavam-lhes. 

  Elas fugiam rapidamente, os pais da rolinha diziam aos pais das outras que as filhas não tinham nada que gozar com a deles, porque também já foram daquele tamanho, e não voavam, nem por isso foram gozadas.

   Os pais das outras compreendiam, concordaram, diziam que tinham razão, pediam desculpa, e proibiam as filhas de gozar a pequena. Mesmo assim, elas não resistiam e riam-se, já se tinham esquecido. 

   Só de olhar para os ramos altos onde as outras pousavam, a rolinha encolhia-se toda, estremecia da cabeça até às patas e parecia que ficava com frio. Sacudia-se. 

   A rolinha não dizia nada, não respondia às outras, mas ficava triste. Um dia, a mãe disse: 

- Anda cá para cima, filha! Já consegues voar como nós, de certeza! 

- Áhhh…não! Tenho medo. 

- Tens medo? De quê, se nós fomos feitos para voar e andar em terra? Aqui não tem nada de assustador, e voar é muito bom! Tu é que nunca experimentaste, mas está na altura. 

- Anda ver que bonita que é a vista daqui! - diz o pai

- Como é que eu vou para aí ? - pergunta a rolinha a tremer

- Ora...a mãe acabou de dizer! A voar, é claro. Como nós fazemos. Já não és nenhuma bebé. 

- Tenho medo! - diz a rolinha envergonhada 

- Anda! Deixa-te de coisas. Voa...abre as asas e voa. - diz a mãe 

- Óhhh...venham-me buscar. Eu não sei fazer isso. - suplica a rolinha 

   Uma rolinha mais crescida que nunca a tinha gozado, pousa à beira dela no solo, e diz-lhe: 

- Eu sei que tens medo de voar para ali, e mais alto, eu também tive medo, a primeira vez, como tu, não percebia como é que as outras conseguiam voar tão rápido, tão alto, tão à vontade! Eu, daqui de baixo, a olhar lá para cima, onde estão os meus pais naqueles ramos, e os teus ali, até me encolhia toda, tremia da cabeça até às patas. Depois, ganhei coragem, porque queria ver luzes e sítios diferentes, passear pela cidade, ver outras coisas, pousar em varandas e janelas, telhados altos, ver o que há na cidade, de cima, e é maravilhoso! 

  A rolinha sorri timidamente, meia desconfiada: 

- A sério que sentiste medo? 

- A sério! Os nossos pais também sentiram, mas nem sempre nos dizem, para nos encorajar. Nós temos asas, podemos andar no solo, ou voar. Anda comigo! Quando experimentares, não vais querer outra coisa! Quero ajudar-te. Posso? 

- Como é que me vais ajudar? Eu tenho medo! 

- Não precisas de ter medo, nem há razão para isso! Abre as asas, e segue-me. Estás em segurança, tenho a certeza, prometo! Qualquer coisa, eu estou contigo. 

  A rolinha abre as asas cheia de medo. 

- Podes parar de tremer se faz favor? A tremer não consegues voar. 

- Como é que eu faço isso? 

- É só lembrares-te que tens asas, e podes ir onde quiseres, com elas! As tuas asas fazem parte de ti, são seguras, podes confiar nelas, estão cobertas com as penas, e tens a cauda que te ajuda. Podes pousar quando te apetecer, ou quando vires comida no chão. Elas são feitas para te ajudar. Anda! 

- De certeza? 

- Sim! As outras, e os nossos pais também as têm! E sempre souberam disso! Mas no inicio, é claro que sentiram medo, só que não ficaram com medo, percebiam que podiam confiar nas asas e que são seguras. Anda! Eu estou aqui. Um...dois...três…

 A rolinha amiga, põe as asas na amiga, como se estivesse a pegar nela ao colo. 

- Primeiro, vamos abraçadas, mas daqui a bocadinho quero que vás sem mim, está bem? 

- Ahhh...não sei se consigo! 

- É claro que consegues. Tenho a certeza! Eu confio e acredito em ti. Vamos...confia em mim também! 

- Ahhhh...está bem!

- Boa! Primeiro saltita ao mesmo tempo que eu...um...dois...três…

   A rolinha amiga segura-a, e levanta voo com ela, um voo pequenino, do solo, para o primeiro raminho da árvore, quase pegado ao tronco, baixinho. A rolinha voa, mas a gritar. Pousam no ramo. 

- Não precisas de gritar! Estás em segurança, e eu estou aqui! Agora vais tu sozinha, e eu fico aqui. Vai. Um...dois...três… 

 A rolinha abre as asas e grita outra vez, mas conseguiu dar esse saltinho do tronco para o chão. 

- Boa! Estás a ver como conseguiste? (a rolinha amiga, ri e aplaude) Isso mesmo! Agora, anda para aqui, a voar e sem gritar. Voa, só. O gritar não é preciso. 

 A rolinha faz o que a amiga diz, e consegue sem gritar. Aplaude, e convida-a a libertar-se mais. As duas fazem voos juntas. Primeiro, pequeninos, com saltinhos e voos para o chão, os pais aplaudem, riem orgulhosos. 

 Depois, vão subindo para raminhos mais altos, juntas e em separado, a rolinha percebe que a amiga tinha razão, e ganha confiança nela própria, com a amiga sempre a apoiar, a acompanhar o voo, e a incentivar.

 A rolinha está tão feliz, que vai subindo ramo a ramo, a apreciar a paisagem de cada ponto, onde para, até aos ramos onde estão os pais. 

 A rolinha percebeu que realmente voar era muito bom e conseguia fazer o que todas fazem; além de poder confiar nas suas asas. Adorou tudo o que viu, e passado algum tempo já seguia os adultos, as outras, e a amiga para onde iam, sem medo. 

 Os pais agradeceram à amiga, e sentiram orgulho nas duas que se tornaram inseparáveis, davam passeios animados e leves pela cidade, viam coisas bonitas, aplaudiam, cantavam, pousavam no chão e nas árvores, nas janelas, nos telhados altos, iam com os pais. 

  E foi assi  que a rolinha aprendeu a voar, sem medo, com o apoio  e a compreensão da amiga que também sentiu medo no início, mas aprendeu a confiar nas asas, começou com voos pequeninos, e foi subindo aos bocadinhos para ramos mais altos. 

  O medo, para nós também é assim, vamos perdendo um de cada vez, tentando, treinando, com incentivo, ainda melhor, aplausos, confiança de outros em nós, e nós mesmos, com vontade de descobrir, amizade e respeito. 

 A primeira vez, todos sentimos medo, do desconhecido, existem medos que é bom sentirmos, outros, existem, sem querermos, ou sem percebermos como, porque os sentimos. 

  Podemos aprender a lidar com eles, ou a não alimentá-los, se não fazem sentido, e quando percebemos que são exagerados. Mas todos merecem respeito, não devem ser gozados por outros porque cada um de nós, tem os seus medos, e todos os sentimos. 

                                              FIM 

                                       Lara Rocha 

                                      9/Fevereiro/2025