foto de Lara Rocha
Era
uma vez um castelo abandonado há muitos, muitos anos. Ficava no pico de uma
montanha muito alta, onde os seres humanos que viviam na cidade e arredores,
nunca tinham conseguido chegar porque o caminho era perigoso. Só os animais
tinham facilidade em chegar, graças às suas patas.
O castelo via-se da cidade, e despertava
a imaginação das pessoas, que tentavam imaginar quem viveria lá, se é que vivia
alguém. Alguns acreditavam que poderiam viver…fantasmas ou seres misteriosos
das histórias que lhes contavam, outros achavam que só haveria ervas daninhas e
as paredes…quem sabe, tivessem vivido lá uns reis, mas agora não há nada disso.
Mesmo assim, o castelo encantava toda a gente.
Nos nossos tempos, uma gata de pêlo
branco, foi maltratada e escorraçada da casa dos seus donos, quando descobriram
que ela ia ter uma ninhada. O pai dos gatinhos era cinzento e branco. Os dois
eram muito bonitos.
A pobre gata percorreu triste e vagarosa
a cidade, na esperança que alguém gostasse dela e que a acolhesse, pelo menos
para ela ter os seus filhotes.
Quem olhava para ela tinha pena, mas não
podia acolhê-la…ou porque vivia num apartamento, e não tinha condições, ou
porque tinha pouco dinheiro, e outras pessoas porque eram alérgicas ao pêlo de
gato.
Uns velhinhos que passeavam pela cidade
deram-lhe mimos, comida e bebida, e queriam levá-la para o lar que os acolhia,
mas no lar não quiseram ficar com a gatinha.
Lá continuou a bichinha à procura…triste.
Encontra o gato, pai dos filhotes…um vadio, mas sensível e educado…foi por isso
que a gatinha se apaixonou.
Ela contou-lhe que estava à espera de
gatinhos, e que tinha sido expulsa e maltratada pelos donos. O gato ficou feliz
com os filhos mas não gostou nada de saber que ela foi maltratada e expulsa. Disse
à gata que não a ia largar nunca mais.
Partiram os dois á procura de um lugar
onde ficar. Passaram por muitas ruas da cidade, recantos, túneis, pátios,
dormiram alguns dias debaixo dos bancos de jardim, outros dias em soleiras das
janelas e portas, e em paragens de autocarro. Lá iam arranjando sempre algumas
almas caridosas que lhes davam mimos, comida e bebida.
Mas eles continuaram à procura. Os dois
concordavam que a cidade não era um bom sítio para eles, nem para os gatinhos,
então decidiram ir para a montanha. Subiram, subiram, subiram…andaram muitos
quilómetros e chegaram à grande montanha do castelo arruinado. Estavam muito
cansados.
-
Gosto deste sítio! – Diz o gato
-
Eu também! – Diz a gata
-
Não conhecia.
-
Nem eu!
-
Mas aqui parece-me seguro! E sossegado.
-
Sim! Também agora não temos mais para subir.
-
Pois não. Só se for…para baixo.
-
Aos trambolhões.
-
É!
Os dois riem, instalam-se nas ruínas do
castelo, um canto protegido do vento e do frio, e da chuva, muito acolhedor! Enquanto
a gata fica a descansar, o gato vai pela montanha à procura de comida, e palas
casas. Felizmente, muita gente dá-lhe comida e bebida, e leva para a gata.
O tempo passa, e os gatos ficam
instalados no castelo. A gata tem uma ninhada de oito gatinhos brancos, lindos,
de olhos azuis e verdes, pêlo muito branquinho, alguns com manchinhas cinzentas
como o pai gato.
Os dois são uns pais babados,
orgulhosos, vaidosos, protectores, cuidadores, atentos e dedicados. Todos são
saudáveis e felizes, brincam, correm, rebolam, passeiam, trocam muitos mimos e
aprendem a procurar comida.
Os gatinhos crescem. Num dia de muita
chuva, o castelo é invadido por muitas famílias de gatos brancos que vão numa
correria louca.
-
Por favor… - Pede um gato ofegante
-
Desculpem! – Pede outro gato aflito
-
Podemos…instalar-nos aqui?
-
Só…por esta noite…até…a tempestade passar.
-
Claro que sim! – Dizem o gato e a gata
-
Fiquem descansados. – Diz o gato
-
Fiquem o tempo que for preciso… - Diz a gata
-
São família? – Pergunta outra gata
-
Somos! – Respondem
-
Nós também. – Dizem os gatos em coro
-
De onde vem? – Pergunta o gato
-
Da cidade! – Respondem todos
-
Está impossível lá em baixo…- diz outra gata
-
Porquê? – Perguntam os gatos
-
Porque está quase tudo debaixo da água. – Descreve uma gata assustada
-
É água por todo o lado! – Acrescenta outra gata assustada
-
Vimos gatos, cães, pessoas e coisas a afogarem-se, a serem empurrados pela
água. – Descreve outra gata assustada
-
Mas porque é que isso aconteceu? – Pergunta a gata
-
Esta tempestade! – Diz um outro gato
-
Se não viéssemos pelo primeiro caminho que nos pareceu ter menos água, tínhamo-nos
afogado! – Diz outro gato
-
Pois era. – Dizem todos
Os dois gatos acolhem os outros,
dão-lhes de comer e de beber, arranjam-lhes um quarto no castelo e convivem
alegremente. Os pequenos tornam-se logo grandes amigos e os crescidos também.
Nos dias seguintes de tempestade, mais e
mais gatos brancos fugiram para esse sítio, e foram ficando. Gostaram tanto uns
dos outros que se instalaram todos no castelo, nasceram muitos mais gatinhos,
todos brancos e cinzentos.
Num dia de muito calor, um jovem
aventureiro foi com o seu grupo de escalada, subir a montanha até ao castelo
que se via da cidade.
Quando chegaram ao cimo, viram centenas
de gatos brancos e cinzentos a vaguear pelo castelo e naquela montanha. Parecia
uma comunidade só de gatos brancos do castelo…o castelo era só para eles.
Os jovens ficaram maravilhados com a
paisagem e por ver tantos gatos no mesmo sítio. Fotografaram e na cidade, expuseram
as fotos.
Depois desse dia, muita gente quis ir
ver os gatos, e passaram a chamar a essa montanha: a montanha do castelo dos
gatos brancos. Os animais conviviam bem com as pessoas, mas às vezes não
queriam receber visitas, e punham os lobos brancos, de quem eram grandes
amigos, e de quem recebiam muita comida e bebida, nas estrada, a impedir o
acesso…porque os lobos não eram maus…mas as pessoas tinham medo deles e fugiam.
A montanha do castelo dos gatos brancos
nunca mais foi a mesma!
FIM
Lálá
(27/Outubro/2014)
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