foto de Lara Rocha
Era
uma vez um duende pequenino, muito simpático mas malandreco. Chamavam-lhe carinhosamente, Ventania, vento, furacão, aragem e outros nomes relacionados com movimento. E o nome estava muito bem posto, porque como era muito pequeno e rápido nos seus movimentos, quase não o viam, só sentiam a presença dele.
Adorava brincar
como todas as crianças. Tinha dias em que estava tão feliz que não conseguia
parar quieto, e só fazia brincadeiras malucas. Ele saia de casa bem cedo para a
ginástica matinal, mas na verdade, brincava o caminho todo. Por onde passava,
toda a gente o conhecia, às vezes passava a correr e ninguém o via…só sentiam a
sua presença pela deslocação de ar e pó que levantava.
Quando saía a porta e começava a
sua caminhada, rapidamente vinha a asneirada. Logo que via as roupas dos
vizinhos a secar nos arames, passava a correr e corria em círculo, tipo
furacão. A roupa abanava, sacudia as gotas e ele apanhava-as todo contente. Soprava-lhes
e elas escorriam a água. Às vezes soprava, corria e rodava tão depressa que
tinha de se segurar no arame para não ir para longe, e deitava a roupa abaixo.
Outra brincadeira que ele adorava era passar a correr entre
os enormes lençóis que estavam pendurados a secar, pendurava-se neles,
abanava-os e claro, quase sempre deitava-os abaixo e fugia. As vizinhas nem sempre o viam, só sabiam que ele tinha
passado porque a roupa estava no chão, ou pendurada fora do sítio onde tinham
ficado…a monte! Elas não achavam piada nenhuma, mas o malandro era muito rápido
e escapava sempre.
Adorava a natureza, cheirar tudo: as árvores, as ervas, as
flores, a terra, os cogumelos, as pedras…e o que lhe atravessasse à frente. Trepava
às árvores, subia e descia, abraçava-as ou às vezes só tentava porque eram mais
grossas e os seus braços não conseguiam apanhar tudo, mas para ele já era bom.
Trepava os pés das flores carinhosa e levemente para não as
magoar e balançava-se nas suas pétalas e folhas. Depois, atirava-se ou saltava
para outras árvores e outras flores. Nem sempre as brincadeiras lhe corriam bem, porque
escorregava e caía ao chão. Mesmo que se magoasse levantava-se, sacudia-se, e
continuava a brincar.
Quando ia pelos campos corria montado nos póneis e fazia
ruídos com a boca que os deixavam irritados, por isso eles atiravam-no para
onde podiam, logo que encontravam um sítio seguro. Como já o conheciam e também
eram brincalhões, não queriam magoá-lo.
Trepava as patas das ovelhas, bodes, cabras e cabritos e
adorava mexer nas suas lãs encaracoladas, ria muito e andava em cima deles. Deitava-se
e passeava nessa posição todo refastelado, quando eles se mexiam.
Depois saltava alto e agarrava-se às caudas das vacas,
balançava-se mas era muitas vezes projetado por sacudidelas violentas dos
rabos. Com isso, ele caía sempre, mas ria. Apanhava flores do chão para oferecer às mulheres da sua casa
e às amigas. Soprava feliz umas plantinhas muito leves e finas que parecem
algodões e ficava maravilhado a seguir os voos delas…tentava imaginar onde
iriam parar.
Mas como se isto não fosse já atividade a mais, ainda se
divertia muito a pintar quadros e a ajudar a pintar, quando saltava em cima dos
tubos de tintas e borrifava ou disparava para o papel, cores que misturava com
os pinceis. Até fazia quadros bonitos.
Outra coisa que ele adorava fazer era soprar insetos não
muito simpáticos que se cruzavam com ele, para bem longe, e mexer delicadamente
ou brincar com os lindos e leves cabelos das fadas. Com os seus sopros suaves,
e dedinhos ou pezinhos elas ficavam com novos penteados e divertiam-se juntos.
Só parava para dormir. Ainda
que fizesse tantas asneiras, todos gostavam dele e perdoavam-no, porque no
fundo, ele era bom menino…só era um bocadinho traquina e queria brincar.
FIM
Lálá
(6/Outubro/2014)
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