Era
uma vez uma série de jardim de muitas casas, num bairro, que da noite para o
dia encheu-se de pequeninos diamantes. Havia diamantes na relva, nas pétalas
das flores, nas folhas das árvores…era lindo de ver.
As pessoas foram à janela e viram
todos aqueles diamantes. Num instante, vestiram-se e foram ver. Quando chegaram
mais perto, não viram diamantes.
Entretanto
voltaram para casa, surpresos e pela janela continuavam a ver os diamantes. Os jardins
foram rapidamente invadidos por dezenas de passarinhos, formigas, borboletas,
abelhas e de outras espécies de bichos que pousaram em tudo o que tinha
diamantes e engoliram-nos.
As pessoas ficaram muito zangadas. Voltaram
aos jardins e já não havia diamantes.
-
Bom dia, vizinhos! – Dizem todos em coro
-
Encontramo-nos todos aqui hoje! Que engraçado. – Repara uma senhora
-
Acho que viemos todos ao mesmo! – Diz outro senhor
-
Eu vi diamantes pequeninos no meu jardim. Mas cheguei aqui e despareceu tudo! –
Comenta uma senhora
-
Eu também! – Dizem em coro
-
Não acredito! Aqueles malditos comeram os diamantes… - Resmunga um senhor
-
Quem? – Perguntam todos em coro
-
Os bichos! – Responde o senhor
-
Que bichos? – Perguntam todos em coro
-
Passarecos, borboletas, joaninhas, formigas…todos os que habitam os nossos
jardins. – Explica o senhor
-
Como é possível? – Perguntam todos
-
Os diamantes não se comem! – Diz uma senhora
-
Pois não! – Respondem todos
-
Se os comeram não vão aguentar muito tempo! – Comenta outra senhora
-
Mas quem é que terá posto aqui aqueles diamantes todos? – Pergunta uma criança
-
Se calhar caíram de algum avião. – Responde outra criança
-
Ou será que os diamantes eram de comer? – Pergunta outra menina
-
Não há diamantes de comer. – Assegura outra senhora
-
Podem ter caído de um saco de alguém. – Pensa alto outro senhor
-
Isto é muito estranho. – Diz um senhor
-
Devíamos avisar a polícia! – Diz uma senhora
-
Também acho. – Respondem todos
Ouvem uma sonora gargalhada, mas não
vêem ninguém.
-
O que foi isto? – Perguntam todos assustados
-
Uma gargalhada! – Respondem todos
-
De onde veio? – Perguntam todos
Soa uma voz:
-
Para quê, chamar a polícia? (Todos olham uns para os outros). A polícia tem
mais o que fazer.
-
Quem és tu? – Perguntam todos
-
Aparece! – Grita um senhor
-
Foste tu que puseste aqui os diamantes? – Pergunta uma criança
-
Diamantes? – Pergunta a voz
-
Sim. – Respondem todos
-
Os diamantes que vimos da nossa janela! – Responde outra criança
-
E eram diamantes? – Pergunta a voz
-
Eram. – Respondem todos
-
Não sei do que estão a falar! – Diz a voz
-
Foste tu que os roubaste! – Diz uma senhora
-
Aparece! – Gritam todos
-
Nós pensamos que tinham sido os bichos. – Diz outra criança
-
Que bichos? – Pergunta a voz
-
Os que vivem aqui nos jardins. – Responde a criança
(A
voz dá uma gargalhada)
-
Vocês estão a sonhar… - Diz a voz.
-
Eu estou bem acordado! – Respondem todos
-
Mas estão ainda a sonhar…- Responde a voz
-
O que queres dizer com isso? – Pergunta uma senhora
-
Os diamantes que viram caíram das nuvens.
-
O quê? – Perguntam todos
(Aparece
uma fada brilhante com roupa de sol, e um bebé ao colo vestido de gota)
-
Olá!
-
Olá! – Respondem todos surpresos
-
Áh! Que lindas! – Dizem as crianças e as mulheres
(Os
homens não acreditam em fadas, por isso não a vêem, apenas ouvem a sua voz)
-
Vocês estão loucas? – Pergunta um senhor
-
Cala-te! – Responde a sua esposa
-
Insensível. – Responde a filha
-
Deixem…não se incomodem! – Diz a fada
-
Eu quero é apanhar aqueles ladrões dos diamantes…não acredito que tenham caído do
céu. – Responde um senhor
-
No céu só há chuva. – Responde outro senhor
-
E sol! – Respondem todos
-
Exactamente. Sol e chuva. Choveu a noite toda, e de manhã deu sol. Eu vim
passear com a minha filha, foi por isso que viram tudo a brilhar…! Eu sou a
fada do sol, e a minha filha é a chuva. As pétalas das flores, a erva, e todos
os sítios por onde passamos, receberam-nos e estivemos a brincar com eles. Para
agradecerem a nossa dádiva: o sol e a chuva. – Explica a fada
-
Áh! Que lindo! – Dizem as crianças e as mulheres
-
Que palermice! – Resmungam os homens.
-
Não acreditem nisso. – Aconselha outro senhor
-
Nós queremos é que devolvas os diamantes! – Resmunga outro senhor
-
Mas que brutos! – Gritam as senhoras
-
Isso é maneira de falar com meninas? – Pergunta uma senhora ofendida
-
Não vejo senhora nenhuma. – Resmunga o senhor
Estoura uma grande nuvem negra cheia
de água por cima dos homens, e ficam todos encharcados. A chuva espalha-se
pelas flores, pela erva, pelas folhas e por todo o lado.
-
Bem-feita! – Dizem as senhoras e as crianças às gargalhadas
-
Tiveram a paga pela vossa grossaria! – Responde uma senhora
-
Desgraçadas…- Resmunga outro senhor
-
São todas iguais! – Gritam todos
-
Quem? – Perguntam as senhoras
-
Vocês. – Respondem todos zangados.
Depois de a nuvem esvaziar e ficar
tudo molhado, desaparece, e aparece o sol e os diamantes voltam a aparecer.
-
Aqui estão os diamantes! – Diz a fada do sol a sorrir
-
Áááááááhhhh…! – Exclamam todos
-
Afinal os diamantes não existem mesmo! – Diz um senhor
-
Existem. Não estás a vê-los? – Pergunta a esposa
-
Só vejo gotas de água a brilhar com o sol a dar-lhes. – Responde o senhor
-
E são esses. – Diz a fada
-
Não quero esses diamantes, quero é os verdadeiros que roubaram. – Insiste outro
senhor
-
Estes são os verdadeiros diamantes, em estado puro! – Explica a fada
-
Mas não são diamantes, não dão para vender, nem para fazer dinheiro. – Resmunga
outro senhor
-
Mas salvam a tua vida, matam a sede a muitos animais, e alimentam as plantas,
fazem-nas crescer…só graças a elas é que tens legumes e flores bonitas,
respiras… - Diz a fada
-
E o que é que isso me interessa…? Não são diamantes. – Resmunga o homem
-
Estes são os verdadeiros diamantes, e não há dinheiro que compre! A beleza da
natureza, a vida, o ar…a água e o sol! – Diz uma jovem
-
Isso mesmo! – Dizem todas e a fada
-
Há coisas que o dinheiro e os diamantes pedras não pagam. – Acrescenta outra
jovem
-
Pois é! – Diz a fada
-
Que ridículo…vou mas é trocar de roupa. – Resmunga outro homem
-
Vocês são mesmo idiotas. Acreditam em tudo! – Diz outro homem zangado
-
Nisso tens toda a razão. Até acreditei em ti…e depois viu-se! – Responde a sua
esposa
-
Cala-te. Isso não vem ao caso! – Resmunga o homem
-
Acreditam em coisas que não existem! – Diz outro homem
-
Também tens razão…- Dizem todas
-
Acreditamos no vosso amor por nós! – Diz uma senhora
-
É. E esse também não existe, mas nós acreditamos! – Responde outra senhora
Eles viram costas zangados.
-
Muito obrigada pela tua visita, fada! – Diz uma criança
-
Muito obrigada pela tua presença. – Diz outra criança
-
Muito obrigada por existires, e fazeres parte da nossa vida! – Diz outra
criança
-
É um gosto! E é a minha função. – Diz a fada
-
Desculpa os nossos homens… - Diz uma senhora
-
Não se preocupem. Já estou habituada, já sei como são. Eu só apareço a quem me
vê, e quem me sente…quem está demasiado ocupado pelo material, não me vê. Não faz
mal. Eles na verdade não pensam que acreditam em mim, porque não reparam no que
se passa à volta deles, na natureza, mesmo à frente dos olhos deles…só vêem o
que lhes enche os olhos…bom, vocês entendem do que estou a falar. – Explica a
fada
-
Sim! – Respondem todas
-
Muito obrigada por estes diamantes nos nossos jardins, nas nossas flores…- Diz
outra senhora
-
São lindos!
-
Ainda mais que os verdadeiros.
-
Muito obrigada por tudo o que nos dás.
-
Até breve, minhas queridas. Voltarei! – Diz a fada a sorrir
A fada e a bebé desaparecem a brilhar.
As senhoras e as crianças acariciam as flores e vêem o brilho das gotas, os lindos
e verdadeiros diamantes. Toda a gente consegue ver estes diamantes! Basta acreditar
em fadas e lembrarmo-nos de que há coisas que nem os diamantes em pedra são mais
valiosos do que a saúde, a vida e a natureza. As fadas existem em tudo o que é
bonito e bom para nós. E não faltam diamantes à nossa volta. A única diferença
é que estes diamantes não dão dinheiro nem são para vender. São para ser
vistos, sentidos e apreciados…respeitados.
FIM
Lálá
(11/Outubro/2014)
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