Era uma vez uma
menina que se chamava Diana e tinha um boneco de borracha com quem andava
sempre, e que se chamava Floco de Neve, por ser tão branquinho. Era uma linda e
sincera amizade, os dois brincavam, comiam, dormiam e tomavam banho juntos,
conversavam durante horas e riam.
Numa tarde de muita chuva, a
menina olhou para a janela e chovia muito. Diana perguntou:
- Amigo, já
viste como chove?
- Pois é! Já começou
de noite.
- Como é que
sabes?
- Enquanto tu
dormias, eu ouvi chover.
- Estiveste
acordado?
- Um bocadinho.
- E porquê?
- Não sei…acordei.
- Tiveste um
sonho mau?
- Não!
- Podias-me ter
acordado!
- Não. Estavas a
dormir tão bem, eu não precisava de nada, e se precisasse resolvia sozinho.
- Não tiveste
medo?
- De quê?
- Não sei…
- Não.
- Alguma vez
pensaste como serão as nuvens?
- Bom…já tentei
imaginar como serão, mas nunca lá fui.
- Eu também não
fui…mas gostava muito de ir lá, e tu?
- Eu também!
- Como é que
achas que elas são?
- Acho que…devem
ser leves…macias…talvez!
- Sim! Frias e
cheias de água.
- Água em gotas
como estas?
- Talvez!
De repente uma fada transforma-os
em nuvens brancas. Aparece uma nave pequenina feita de nuvens e ela convida-os
a entrar.
- Áh! Estamos transformados
numa nuvem? – Pergunta Diana
- Sim. Eu e tu…somos
nuvens? Como é que isto aconteceu? – Pergunta o boneco
- Ai…ficas tão
fofo em nuvem!
- Tu também…
Os dois tocam-se e riem.
- Acho que foi
uma fada para realizarmos o nosso desejo de ir às nuvens. – Diz o boneco
- Isso mesmo! Para
irem às nuvens têm de ser também nuvens, mas não se preocupem, quando voltarem serão
outra vez, quem são! Menina e boneco…Venham…vou mostrar-vos coisas lindas! –
Diz a fada a sorrir
Os dois sobem para a nuvem nave e
a fada vai-lhes mostrar tudo pelo caminho, porque a nave sobe devagar.
- Áh! Isto é tão
alto! – Diz o boneco
- Espera até
chegares mesmo lá acima – Diz a fada
- Que lindo! Nunca
tinha reparado que havia isto no meu telhado – Observa a menina
- Olha a
quantidade de gatos que andam aqui no teu telhado! – Repara o boneco
- Não sei como
conseguem subir e equilibrar-se tão bem, e andam com uma elegância. – Diz a
menina
- Não sabia que tínhamos
gatos no telhado. São aqueles que vemos no nosso jardim e desaparecem a seguir
sem sabermos para onde, lembras-te?
- Sim. É verdade.
Devem ser várias famílias.
- É! Que giros…e
não congelam?
- Não!
- Deve haver
toquinhas no telhado.
- Olha ali
ninhos de cegonhas…
- Áh! Que lindo.
Quem pediu bebés?
- Não sei.
À medida que vão subindo, a
paisagem começa a mudar. Além da neve vêem as copas de árvores gigantes, que só
viam o tronco no jardim e parques. Vêem pássaros desconhecidos raros que não
aterram nos jardins das casas, e cruzam-se com eles.
As casas e tudo o que existe no
solo, parece tão grande quando estão lá perto ou à beira e nas alturas, quase
desaparecem.
- Áh! Que casas
tão pequeninas…e lá em baixo são torres enormes! – Diz Diana
- Os carros
parecem pequenas bolinhas na estrada! – Repara o boneco.
- Pois é! – Diz a
fada
Chegam às nuvens, saem da nave e a
fada guia-os pela sua cidade, onde tudo é feito de nuvens. Tudo é tão leve! A menina
e o boneco tocam nas nuvens e parece que estão a tocar em pedacinhos de fios de
algodão muito fino. Em algumas nuvens vêem as tão desejadas gostas noutras só
havia fumo e vapor. Sopravam e algumas nuvens pequeninas mexiam-se, mudavam de
sítio, outras, eram muito pesadas e escuras.
- É hora de ir
para o trabalho, este autocarro vai cheio! – Diz a fada
- Áh! Lá em
baixo é a mesma coisa.
- Ali vão
milhares de nuvens e gotas. – Diz a fada
- Para a escola?
– Pergunta o boneco
- Sim. Aqui também
temos escolas. Há quem vá a pé e quem vá de transporte ou nave particular –
explica a fada
Continuam a visita e ficam muito
surpresos com o que vêem. Tudo é muito diferente da cidade deles. Eles sentiam-se
muito leves. Tal como era leve tudo o que os rodeava. Deram voltas e mais
voltas, até que chegou a hora de voltar ao quarto.
Agora são transformados numa nuvem
carregada de gelo, flocos de neve, e pedaços de gotas não congeladas. Eles agradecem
e descem muito rápido nessa nuvem de volta ao quarto. Chegam ao quarto, a
menina volta a ser uma menina e o boneco, um boneco de borracha.
- Áh! Que viagem
tão engraçada. – Suspira Diana a sorrir
- Pois foi! –
Concorda o boneco
- Aqui é tudo
tão diferente…
- É verdade!
- Sabes uma
coisa? Eu adorei o passeio, mas gosto muito mais de estar aqui na terra e ser
uma menina!
- Eu também! Gosto
muito de ser um boneco de borracha, chamado floco de neve.
- Acho que não
gostava de ser sempre uma nuvem!
- Nem eu!
- Só de vez em
quando!
- É! Só quando
quisesses passear e ver coisas diferentes não é?
- É!
- Eu também!
A chuva e a neve continuam a cair
lá fora, e os visitantes da cidade das nuvens que foram nuvens por algum tempo,
gostaram de ser diferentes por um bocadinho! Mas gostam mesmo é de ser o que
são e como são: uma menina e um boneco de borracha.
- Sabes uma
coisa que não mudou lá em cima, floco?
- O quê?
- O meu carinho
e amizade por ti! Mesmo lá em cima e em nuvem, eu adorei-te, adorei a tua
companhia, como adoro aqui!
- Óh! Que querida…tens
toda a razão…não tinha pensado nisso, mas é verdade. Isso em mim também não
mudou.
Os dois abraçam-se e trocam
carinhos, beijos e sorrisos, e continuam a brincar. A amizade verdadeira é
mesmo assim, não muda como mudam as pessoas e as coisas.
FIM
Lálá
(7/Outubro/2014)
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