foto de Lara Rocha
Era uma vez um coelho que foi passear,
por vários sítios, reencontrou velhos amigos, e fez novos amigos, fartou-se de
conversar, e cantar, rir e brincar, correr, saltar, escorregar, cair e levantar-se,
e andar de baloiço. Estava tão feliz que se distraiu com a hora.
Quando reparou, estava noite cerrada. O pobre
coelho ficou com medo, mas fez-se de forte e corajoso, à frente dos amigos. Um deles
ofereceu-lhe uma lanterninha de ferro branca, com uma luz feita a partir de
várias velas para iluminar o caminho e não cair em buracos.
Lá foi ele, com os seus olhos grandes,
bem abertos, a olhar para todo o lado, e estremecia sempre que ouvia um
barulho, virava a lanterna e tentava identificar onde era o barulho…seria algum
bicho feroz? Talvez não…deveriam ser bichos que mexiam entre as folhas, tão
assustados como ele.
O coelho acelerou o passo, e quanto mais
andava, mais assustado ficava. De repente…ouve uns passos grandes. Pára, quase
congelado de medo, e quase sem ar.
Ouve um grande estridente uivo bem perto
dele. Olha para trás, e quando vê um lobo com a sua bocarra aberta e uns dentes
que pareciam pregos ou espadas, de tão aguçados, o coelho tenta distrair o
lobo, mas este não se deixa levar pela sedução do coelho, e fica ainda mais
feroz.
O coelho convenceu-se de que não havia
nada a fazer contra aquele lobo enorme…a não ser…fugir o mais rápido que
pudesse, e a segurar na lanterna.
O coelho enche os pulmões de ar e desata
a correr. Pelo caminho a lanterna apaga-se, e fica escuro. O coelho para de
correr.
-
Não acredito! E agora? Não sei onde é a minha casa…!
O lobo que parecia um monstro, aos olhos
do coelho, afinal não era assim tão grande, nem tão mau. Estava bem atrás do
coelho.
-
Não te preocupes… - Diz o lobo
O coelho cai na relva, cansado e gelado
de susto. O lobo olha para ele, cheira-o e pergunta:
-
Porque estás com tanto medo de mim?
-
Está bem…come-me! Estou perdido! – Suspira o coelho
-
Não te vou comer…estou a cheirar-te para te levar a casa.
-
A sério? – Pergunta o coelho desconfiado
-
Sim! – Garante o lobo
-
Mas eu não sei onde é! A lanterna que me emprestaram, apagou…agora está tudo
escuro!
-
Por isso é que te estou a cheirar…para seguir o rasto que deixaste e levar-te a
casa.
-
Achas que consegues?
-
Consigo! Estou treinado para fazer isso. Já levei muita gente a casa, e já
encontrei muitos perdidos.
-
Áh! Mas tu és um cão?
-
Não. Sou um lobo, e cheiro como os cães! Podes confiar em mim!
-
Está bem…pode ser que descubras.
-
É claro que vou descobrir. Sobe para as minhas costas.
O coelho está tão cansado, que já não
tem medo do lobo…sobe para as suas costas. Os olhos do lobo dão luz, como
faróis, e iluminam o caminho, como se fosse quase de dia.
-
A lanterna reacendeu? Ou já é de dia? – Pergunta o coelho
-
Nem uma coisa, nem outra! São os meus olhos! – Responde o lobo
-
Os teus olhos dão luz?
-
Dão.
-
Áh! Têm velas como as lanternas?
-
Não! (ri) É tudo dos meus olhos…é uma característica nossa…de lobos.
-
Que linda luz! – Elogia o coelho
-
Obrigado. – Diz o lobo vaidoso
O coelho olha para o lado:
-
Espera…acho que estou a conhecer isto!
-
Já deves estar perto da tua casa, não?
-
Acho que sim.
O coelho olha melhor:
-
Sim! É ali. Em frente. A minha casa!
-
O teu cheiro leva-me até aqui! – Diz o lobo
-
Sim! Andei por aqui.
O coelho chega a casa, são e salvo, dá
um abraço ao lobo quando desce das suas costas, e convida-o a sentar-se na
entrada.
-
Espera lobo! Vou buscar alguma coisa para tu comeres e beberes!
-
Está bem! Agradeço…mas por favor…não penses que te trouxe a casa, à espera que
me desses alguma coisa! – Diz o lobo
O coelho sorri, vai à cozinha e traz
para a mesa de fora coisas para ele e para o lobo comerem e beberem.
-
Obrigado. E desculpa ter-te assustado! – Diz o lobo
Os dois petiscam e conversam
alegremente, riem, contam aventuras, brincam e convivem um com o outro até de
manhã. Depois desta noite, o lobo e o coelho tornam-se amigos inseparáveis. O lobo
é um excelente guarda-costas e uma lanterna ambulante, pois os seus olhos davam
luz, e o coelho ajudava o lobo em tudo o que podia e sabia.
Que linda amizade!
FIM
Lálá
(27/Outubro/2014)
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