Era uma
vez uma aldeia muito grande, longe das cidades, com muitos habitantes, que não
tinham dinheiro a mais, mas eram muito boas pessoas. Era uma aldeia cheia de
história, e mistérios, recheada de belezas naturais, como as cascatas, grutas, flores,
e pássaros raros muito bonitos.
Além de todas as surpresas da Natureza, os
visitantes ainda eram simpaticamente recebidos pelos habitantes mais velhos que
adoravam companhia, e eram excelentes guias turísticos.
Para dar a conhecer a aldeia, até ofereciam água
das minas, chás e biscoitos para quem queria, e fruta da época. Os visitantes
não resistiam a tantas coisas boas, e compravam mesmo tudo o que eles vendiam. Muitos
dos habitantes era disso mesmo que viviam.
Enquanto os mais velhos caminhavam com os
visitantes pela aldeia, contavam as suas aventuras, brincadeiras e travessuras
de quando eram mais novos, nesses espaços, e histórias da própria aldeia.
De todas as histórias da aldeia, a
que mais gostavam de contar, era uma muito especial que deixava os adultos mais
românticos, emocionados e a sonhar acordados. A história do conquistador de
Maio.
Era a história de como as cerejeiras
da aldeia tinham aparecido lá, em sítios que pensavam não ser possível nascer
qualquer flor, quanto mais cerejeiras ou outra árvore de fruta qualquer. A realidade
é que elas estavam lá e davam cerejas de fazer crescer água na boca.
Eles contavam que há muitos, muitos
anos atrás… nessa aldeia…viveram reis e rainhas com os seus pequenotes uma vida
cheia de riqueza, no castelo que ainda existia, e foi reconstruído por um grupo
de estudiosos de história, tal e qual como era na época.
No mês de Maio desse ano, numa noite
quente, em que o vento forte trazia atrás de si chuva e trovoada, as princesas
estavam à janela dos seus quartos à procura da Lua que estava escondida atrás
das nuvens, e das estrelas.
Não viram nem a Lua nem as estrelas, mas viram
uma sombra que parecia ser um cavalo com o cavaleiro. Como estava escuro
ficaram assustadas, e foram para os quartos.
Os olhos delas tinham a sua razão…era uma
sombra, mas ao mesmo tempo era um belo jovem rapaz, alto, de capa preta que ia
montado no seu cavalo de uma longa viagem e parou ali para descansar.
No dia seguinte, as princesas voltaram à
janela, e chovia e trovejava muito, o pobre cavaleiro estava encharcado a
dormir encostado a uma árvore de tronco largo e grosso, com ar muito cansado e
o seu elegante e belo cavalo também ao seu lado, enroscado nele para o aquecer
e proteger.
Os guardas do castelo ficaram com muita pena
dos dois, e foram levar a notícia aos reis. Os reis mandaram-nos levar o
cavaleiro e o cavalo para um dos quartos que estava vazio no castelo.
Os guardas acordaram o rapaz e o cavalo, e
convidaram-nos a ir para o quarto. Os dois aceitaram, tomaram um belo
pequeno-almoço, digno de reis, o rapaz pôs a capa a secar, tomou um banho
quente e vestiu uma roupa seca. O cavalo teve a mesma sorte, e fez num instante
uma série de novos amigos, todos os outros cavalos do castelo.
O rei mandou-o chamar, e as princesas ficaram
todas apaixonadas pelo rapaz, que era mesmo bonito, simpático e delicado com as
meninas. Todas as meninas quiseram tornar-se amigas dele.
Ele também as
achava muito bonitas, mas como gostava de todas, decidiu ser só amigo delas, e
não se apaixonou por nenhuma. Elas competiam entre si sem ele saber, para ver
de quem ele gostava…cada uma achava que o rapaz estava apaixonado por si.
Uns dias depois, o rei mandou o rapaz embora
porque achava que ele estava a fazer mal às meninas, já nem estavam a ser
amigas umas das outras, e porque ele era muito pobre…não podia ser para aquelas
meninas. E o rapaz obedeceu, triste. Agradeceu, e saiu do castelo.
O seu cavalo e os outros cavalos ficaram muito
tristes, mas prometeram uns aos outros, voltar a encontrar-se em breve. Como ele
era pobre, não deixou nada, nenhum presente para elas.
As meninas ficaram muito tristes e chorosas
quando souberam na manhã seguinte que ele tinha ido embora, mas como ele era
muito pobre, a tristeza das meninas passou depressa…elas não queriam um
namorado pobre.
Nesse mesmo mês, mas no ano seguinte, o rapaz
voltou à aldeia e deixou na janela dos quartos das meninas um saquinho de
veludo com alguma coisa lá dentro. Elas ficaram muito surpresas, abriram o
saquinho a pensar que era um anel de diamantes ou mesmo pedrinhas preciosas,
mas só viram caroços que pareciam de fruta.
Ficaram tão zangadas e desiludidas, aos
gritos, e a chorar, que atiraram todos os caroços pela janela fora com toda a
sua força e o mais longe que podiam. Estes espalharam-se por toda a aldeia, por
muitos sítios.
Uns tempos depois, começaram a aparecer cerejeiras
de forma misteriosa, que deram belas cerejas como as que existem hoje lá na
aldeia. Contam eles que quando as cerejeiras ficaram em flor, as princesas viam
a sombra do rapaz e ouviam o seu cavalo a relinchar durante todo o mês de Maio.
Elas perceberam que afinal os caroços que
estavam à sua janela, não eram diamantes, nem pedras preciosas, mas era tudo o
que o rapaz tinha para lhes dar, além da amizade.
Enquanto havia cerejas na aldeia, o rapaz
estava lá, e as meninas encontravam-se com ele, sem os reis saberem, porque ele
era pobre, não tinha diamantes para oferecer, mas tinha um coração maravilhoso
e um sorriso que encantava as meninas. Passavam belos momentos juntos.
Dizem que foi
assim que nasceram aquelas cerejeiras da aldeia naqueles lugares estranhos e de
forma espontânea, quase mágica. Ficou conhecido como o conquistador de Maio,
porque visitava a aldeia no mês de Maio.
Se aconteceu
mesmo assim ou não, ninguém sabe dizer, mas todos adoram esta história.
FIM
Lálá
(14/Maio/2015)
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