desenhado e pintado por Lara Rocha
Era uma vez uma pequenina aldeia entre duas montanhas muito diferente das outras. Os seus habitantes mais velhos contam uma lenda romântica sobre a origem da aldeia.
Contam
que inicialmente só existiam as duas montanhas, depois um jovem, aquele que
veio a ser o primeiro habitante da aldeia, diz ter avistado nos céus, um enorme
pássaro misterioso, feito de estrelas que voou por cima das montanhas, e do seu
bico caíram umas luzes brilhantes na terra.
Como
o terreno era natural, ainda sem a mão do homem, as sementes de luz,
transformaram-se em lindas árvores cerejeiras, que deram flores e frutos
encantadores, grandes e suculentos.
A
cereja passou a ser, entre outros produtos da terra, o primeiro sustento do seu
habitante, que conheceu o amor da sua vida e foi viver para lá. Ele e a esposa
construíram a sua casa, de forma muito diferente das outras casas…em vez de ser
em pedra e cimento, aprenderam ao ver como os pássaros construíam os ninhos, e
fizeram a sua casinha, como um grande ninho, sem repararem que quase ganhou a
forma de uma cereja, entre duas cerejeiras com pauzinhos de cerejas, palha,
erva, alguns troncos grossos e outros materiais muito primários que encontravam
por lá.
Embora
fosse uma casa frágil, tinham um tecto onde dormir, e estavam protegidos do
tempo frio, da chuva, do vento, e tinham porta para não entrarem animais como
lobos.
De
dois, passaram a quatro, porque tiveram dois filhos gémeos, e o homem construiu
outra casa maior, ao lado, quase com os mesmos materiais e as condições foram
melhorando.
Uns
anos mais tarde, outros visitantes gostaram tanto do sítio que foram para lá
viver. Diz a lenda que o pássaro de estrelas voltou a largar sementes de
cerejeiras e nasceram várias dezenas espalhadas pelo vale.
Os seus troncos serviram para
construir as pequeninas casas em forma de ninhos e depois em forma de cereja.
Os seus habitantes já tinham provado as cerejas, e passaram a utilizá-las para
fazer bolos, compotas, sumos, cremes e champôs de cereja, porque sabiam que faz
muito bem à saúde e é fonte de rendimento.
Para
agradecer a generosidade do pássaro, e tudo de bom que esse acontecimento
trouxe ao vale, os habitantes decidiram fazer um baile, uma festa.
Prepararam
um banquete, puseram troncos das cerejeiras a servir de mesas e de bancos,
cadeiras desenhadas em forma de cerejas pelo artista do vale, com cerejas
bordadas nas toalhas, feitas com muito carinho pelas senhoras, tudo decorado
com raminhos de cerejas.
As
mulheres e as crianças estavam lindas, com roupas para o jantar, cheias de
cerejas nos tecidos, brincos e colares feitos de cerejas, tudo tinha toque de
cereja.
As
lanterninhas de luz tinham forma e cor de cereja, assim como as velas que
iluminavam todo o vale, além de cheirarem a cereja. Estava um ambiente mesmo
bom e bonito, perfumado, e animado.
A
decoração estava mesmo deliciosa, sentia-se um cheirinho a cereja por todo o
lado. Os pratos que prepararam foram servidos em travessas, pratos e talheres
com formato de cereja, e cerejas pintadas.
As
cozinheiras fizeram bolos de chocolate com cerejas a decorar, sumo de cereja. O
primeiro habitante foi quem fez o discurso de agradecimento. No final, todos
aplaudem e agradecem em coro.
O
pássaro feito de estrelas, ouviu tudo, e até deixou escapar algumas lágrimas de
alegria e emoção pela festa…as lágrimas e os sorrisos do pássaro, foram vistas
na terra, em forma de estrelas cadentes. Foi uma surpresa para todos.
O
pássaro só apareceu no céu, no final do discurso. Nessa noite, todos o viram e
acharam lindo! Ele dançou para os habitantes, leve, brilhante, elegante, para
agradecer, e retribuiu todo o carinho e atenção, lançando outras sementes, de
novos frutos e produtos para experimentarem e variarem. O pássaro faz desenhos
de cerejas com estrelas, que deram as mãos, e muitas outras imagens… os
habitantes nunca tinham visto.
E ainda voou por cima de todas as
casas frágeis, que tinham forma de ninho, parecidas com cerejas, e com as
estrelas que deixou cair das suas penas, transformou-as e melhorou-as por fora
e por dentro.
Nunca
tinham visto nada tão especial e tão bonito. O pássaro nunca mais os abandonou,
nem eles ao pássaro, e visitava-os muitas vezes, levando-lhes sempre algum
miminho surpresa, que eles não deixavam de retribuir.
Lenda
ou realidade? Quem saberá? O que se sabe é que esse vale existe, e tudo, mas
mesmo tudo tem forma, sabor, cor e cheiro a cereja! Talvez inspirados na lenda,
os habitantes construíram as suas casas em forma de cereja, decoradas com imagens
de cerejas, e a cereja é o seu meio de sobrevivência!
Não
é lenda aproveitarmos tudo, ao máximo, o que a natureza nos dá, pois não? Se
pensarmos bem, comemos tudo o que há na terra…ou…quase tudo o que é possível
para sobrevivermos e termos saúde, alimentar-mo-nos.
Às vezes, ela ganha a forma de mãos,
outras vezes, de sementes leves, levadas pelo vento, que pousam e nascem,
outras perdem-se. Tudo isto…é um mistério real, tal como a vida é real.
FIM
Lálá
Sem comentários:
Enviar um comentário
Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras