Era uma vez uma tartaruga jovem que vivia num aquário de uma casa, e hibernou. Os seus donos cansaram-se de a ver dentro da sua carapaça e levaram-na ainda a dormir para um monte.
Abriram a janela do
carro e atiraram-na como se fosse uma pedra ou lixo, sem dó nem piedade de cima
do monte. A tartaruga resvalou monte abaixo e pelo caminho acordou sobressaltada,
estremeceu, sentiu tudo a andar a roda e ficou muito assustada. Só parou quando
bateu contra o portão de uma casa. Abriu os olhos, saiu da sua casca, respirou,
e olhou em volta.
- Onde estou? O que aconteceu? (boceja)
Que acordar tão estranho…Ui…quer dizer… nem sei se já acordei ou se estive a
dormir, nem quanto tempo estive a dormir. Óh…estou perdida. Não conheço este
sítio! Ou conheço?
E caminha um pouco para
reconhecer o sítio. Está confusa, anda à procura de alguma coisa familiar, ou
até de água.
- Ai! Tenho as patas todas
empenadas! Devo ter dormido mesmo muito…espera aí, onde estão os meus donos? Esta
não é a minha casa! (Inspira e expira) Agora tenho a certeza que não estou onde
estava. Na outra casa estava dentro de água, num sítio pequeno, até nem tinha
grande luz…aqui…tenho muito espaço e não tenho água. Mas os meus donos? Onde estão?
Onde foram? Foram eles que me mandaram para aqui? Mas porquê?
De repente ouve uma buzina de um carro. Dá um grito, fica
gelada, arregala os olhos, e anda de um lado para o outro, sem saber o que é
aquilo, ou para onde fugir.
São os donos da casa do
portão onde ela bateu que chegaram com os filhotes das compras. O cão da
família sente alguma coisa diferente, e logo que lhe abrem a porta, ele salta e
vai atrás da tartaruga.
- Só faltava este também…ai…socorro!
O cão detecta a
tartaruga e cheira.
- Áh, que nojo. Vai-te embora! Xô.
– Ordena a tartaruga cheia de medo
Mas o cão insiste, e
começa a ladrar sem parar.
- Cala-te! Estás a irritar-me! –
Pede a tartaruga
Os pequenos vão ver o
que se passa, porque é que o cão ladra sem parar. Quando chegam ao pé dele
gritam em coro:
- Uma tartaruga!
- Áh! Que gira… - Diz a menina
- Como é que ela veio ter aqui?
– Pergunta o menino
- Óh mãe…óh pai… - Gritam os
meninos
O cão vai ter com os
donos a ladrar. Os adultos vão ver.
- Olhem…uma tartaruga. – Diz o
pai
- Hum…é muito estranho, uma
tartaruga por aqui. - Comenta a mãe
- Se calhar fugiu de alguma
casa.
- Ou foi largada…deitada fora. Às
tantas ela estava a hibernar, e pensaram que ela estaria doente ou algo assim. –
Diz o pai
- Coitadinha! – Diz a menina
- Óh mãe…vamos levá-la
connosco! – Pedem os dois
- Não me parece boa ideia. –
Diz a mãe
- Isto não dá trabalho nenhum
nem suja a casa. – Diz o pai
-E onde a vais pôr? Tens que a
alimentar, sabes o que é que ela come…? – Pergunta a mãe
- Vá lá, mamã…não a deixes aqui
fora. – Diz a menina
- Pomo-la na piscina e num
aquário. – Sugere o menino
- Isso mesmo. – Diz o pai
A mãe não quer, o pai e
os filhos começam todos a protestar e a arranjar argumentos para acolherem a
tartaruga. Discutem, negoceiam, resmungam, e tentam de todas as maneiras
convencer a mãe a autorizar que levassem a tartaruga para casa.
- Acho que é melhor fugir daqui…já
está muita confusão! Antes que dêem cabo de mim! – Murmura a tartaruga.
A mãe para não se
chatear mais autoriza a que levem a tartaruga para casa.
- Mas porque é que vocês ganham
sempre! – Resmunga a mãe
- Porque tu és a melhor… -
Dizem as crianças em coro
- Tu também gostas de animais. –
Comenta o filho
- Vocês é que vão ter essa
responsabilidade de tomar conta dela, eu já tenho muito que fazer. – Lembra a
mãe
- Sim! – Dizem todos
Por isto, eles enchem a
mãe de mimos.
- Boa! Estou salva…obrigada miúdos,
obrigada senhor. - Diz a tartaruga aliviada e feliz.
Em casa, metem a
tartaruga na piscina, e ela nada feliz, livre, enquanto o pai vai comprar um
aquário e comida para ela.
- Áh! Este sim, é o meu meio…o
meu mundo! Uau! Está fresquinha a água. Valeu a pena ter batido contra o
portão, e ainda bem que aquele farrusco veio atrás de mim. Já nem sabia o que
era água. Áh! Tanto espaço…
As crianças deliciam-se
a ver a tartaruga na piscina, entram na piscina e brincam com ela felizes. O pai
chega e mudam-na para o aquário com um cenário de fundo do mar e água. Ela fica
encantada.
- Isto sim…é um aquário. Aqui não
me importo de ficar! Gosto deste sítio. (ri) Parece que estou no fundo do mar…um
sítio onde gostava de ir com certeza! Pode ser que estes donos vão à praia um
dia destes e que me levem.
E o sonho da tartaruga realizou-se! Uns dias depois de se
ter instalado na casa, os donos levaram-na no aquário para a praia, onde
passaram uns belos dias, e a tartaruga teve a grande felicidade de experimentar
com a sua família de humanos, a praia, o mar, e o mergulho.
A diferença é que a tartaruga não precisava de máscara de
oxigénio para mergulhar como os seus donos, mas nunca se afastou deles…e quando
eles voltavam à superfície, ela também voltava e instalava-se no seu aquário.
A tartaruga estava mesmo
feliz, teve muita sorte, e sentia-se como se fosse mesmo parte da sua nova família.
Davam-lhe carinho, atenção, e levavam-na para todo o lado onde fossem.
FIM
Lálá
(21/Junho/2015)
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