Era uma vez quatro famílias de pais, mães, e filhos,
amigas umas das outras, que foram para a praia de manhã bem cedo, num dia que
prometia ser muito quente.
Sentaram-se à beira do mar, que estava baixinho, cheio de
possecas, e construíram com baldes e pás dois enormes castelos, tão perfeitos e
com tantos pormenores que pareciam verdadeiros.
Tinham várias torres, janelas e portas, tão bem feitas,
que se podia andar lá dentro, quer dizer, os humanos não, mas os animais cabiam
à vontade. Os adultos estavam tão divertidos como as crianças, e faziam
competições para ver quem construía melhor.
Os castelos estavam umas verdadeiras obras de arte, por
isso mereceram centenas de fotografias, muitas gargalhadas e diálogos
inventados como numa história ou numa peça de teatro. O sol estava a ver tudo
de cima, e até ele ficou espantado, encantado.
Na hora de mais calor, todos saem da praia e os castelos
ficam inteiros. O sol ficou a arder de curiosidade, e como não podia ir lá ele,
lançou um raio muito fino e comprido, para que este lhe contasse tudo.
O raio passeou por todo o castelo e descreveu ao sol
todos os pormenores que existiam no interior dos castelos. Enquanto ouvia as
descrições, também começou a sonhar acordado e a imaginar-se nesse castelo com
a Sol dos seus sonhos ou a Lua ou uma estrela…e fez questão de transformar a
areia quase em pedra, para que os castelos aguentassem mais tempo.
Ele tinha a certeza que mais alguém que bem conhecia
também ia adorar, e o seu raio tratou do resto: disse às fadas do mar, às
sereias e às estrelas-do-mar que aquela noite traria uma prenda muito especial
para elas. Elas estavam ruídas de curiosidade, e ansiosas que chegasse a noite
para verem a surpresa. Não era todos os dias que tinham surpresas, muito menos
vindas do sol.
O mar continuou longe
dos castelos, e nessa noite, estava uma lua cheia gigante, luminosa, parecia
quase dia. Umas fadas que viviam nas rochas da praia voaram e repararam
naquelas obras de arte…aqueles castelos enormes, feitos em areia e tão
perfeitos.
- Áh! Que lindos castelos… -
Dizem todas as fadas
- Quem fez isto? – Pergunta
uma fada
- Estão maravilhosos. –
Comenta outra fada
- Esperem aí. O sol disse
que teríamos uma surpresa esta noite, será que é esta? – Lembra outra fada
- Claro! – Respondem todas
E ouve-se a voz do sol no espaço:
- Sim, é mesmo essa a
surpresa…estes enormes e belos castelos feitos de areia.
- Ááááááhhhh… - Exclamam
todas
- Maravilhosos. – Comenta
outra fada
- Obrigada sol! – Dizem em
coro
- Eu sabia que iam adorar.
Agora o resto é convosco! Divirtam-se, e aproveitem enquanto o mar está longe.
– Diz o sol a rir
- É isso. Muito obrigada…
Elas chamam as fadas da luz, que
rapidamente aparecem e iluminam todo o castelo com o seu rasto, não precisam de
muita luz porque a lua já tem bastante, mas dentro dos castelos era preciso.
E mesmo sem esperarem
pelas fadas da praia, as sereias e as estrelas-do-mar vão à praia e ao ver
aquelas luzes todas gritam em coro:
- Castelos…? Uau! Áh, que
lindos…
E nadam rapidamente até lá, cumprimentam alegremente as
fadas.
- Então era esta a surpresa?
– Perguntam as sereias e as estrelas-do-mar em coro
- Isso mesmo! – Respondem as
fadas a sorrir
- O sol é mesmo querido. –
Comentam todas
As fadas cozinheiras aparecem com tabuleiros recheados de
pequenos petiscos como os que só elas sabem fazer.
- Não há festa com esse
nome, sem petiscos, não é verdade…? – Diz a fada cozinheira chefe
Todas ficam surpresas e aplaudem.
Não sobra nem uma migalha. Os cavalos-marinhos perguntam se podem participar na
festa, e também ficaram. Chegam as fadas da música que são adoradas por todos
os animais da praia e a festa começa a sério, enche-se de alegria, muita dança,
muitas entradas e saídas dos castelos, muitos risos e conversas cruzadas, e
amizade. Parece que estão ligados à corrente eléctrica, nessa noite ninguém
dormiu, até que com os primeiros raios de sol estavam finalmente muito
cansados, e adormeceram onde pararam.
Quando os humanos chegaram tiveram uma bela surpresa: os
castelos ainda estavam de pé, tudo direitinho, e pela área dos castelos, viram
dezenas de estrelas-do-mar, pequeninas fadas a dormir nas varandas dos
castelos, caranguejos e sereias a dormir à fresca, dentro dos castelos,
cavalos-marinhos a dormir em sítios que nunca pensaram que seria possível, e
búzios por todo o lado.
Os adultos começam a fazer muito barulho com a alegria da
surpresa, tiram centenas de fotografias, que as fadas, as sereias, as estrelas-do-mar
e os cavalos-marinhos acordam e desatam a fugir assustados.
De um momento para o
outro, o mar sobe, fica muito agitado e destrói os castelos num abrir e fechar
de olhos, e ainda dá uma bela banhoca aos humanos, que fogem mais para cima,
muito zangados.
- Pelo menos ficaram as
fotografias. – Comenta um dos pais
Nesse dia não houve
possecas…só houve mar revolto. Será que o mar ficou com ciúmes? Uns dias
depois, gostaram tanto da experiência que quando o mar voltou a descer, os
humanos construíram outros castelos, e os animais fizeram outras festas.
E vocês já
construíram castelos na areia quando foram à praia?
Esses castelos foram
visitados por fadas, sereias e cavalos-marinhos ou estrelas-do-mar?
Gostavam que isso
acontecesse?
Quem gostariam que
invadisse o vosso castelo de areia?
FIM
Lálá
(29/Junho/2015)
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