foto de Lara Rocha
Era uma vez um grupo de póneis todos familiares. Um de
pêlo preto e castanho, outro de pêlo cor-de-rosa, dois de pêlo azul e outro de
pêlo branco. Estavam com vontade de passear e de ver o nascer do sol, nunca tinham
visto, e queriam ver outros sítios por onde já tinham passado a caminho do
sítio onde viviam, mas sempre a correr. Nunca tinham apreciado de verdade a
paisagem.
Não sabiam o que iam encontrar, apenas tinham a certeza
que ia ser muito diferente do que viam todos os dias, porque é sempre assim que
acontece! Quando passamos com pressa por um sítio ou vários sítios, quase nunca
vemos realmente nada desse sítio…só o conhecemos mesmo se formos sem pressa,
para passear e com vontade de descobrir as magias que cada sítio pode oferecer.
Os seus pais deram autorização aos póneis para saírem,
levantaram-se à mesma hora que eles para os ver sair, e encheram-nos de
recomendações, atenções e cuidados que deviam ter.
Apesar de estarem um bocadinho preocupados por serem
pais, e como todos os pais, sabiam que aquele passeio ia ser muito bom para
eles e que iam adorar…já tinham feito o mesmo com a idade dos filhos e tinha
sido fantástico, inesquecível.
Os pequenos estão em pulgas…e depois de ouvirem todos
os conselhos dos pais, começam o passeio. Os pais pedem aos ponianjos dos seus filhos
para os protegerem, com a certeza de que estão mesmo bem guardados e nada lhes
acontecerá.
Começam a cavalgar
devagar e olham para o céu, onde se começa a ver alguma claridade, mas ainda há
milhões de estrelas. Eles nunca tinham visto tanta estrela junta, no mesmo
espaço e ficam encantados, nenhum se atreve a falar, queriam era aproveitar e
gravar bem na sua mente aquele céu tão bonito.
- Uau! – Suspiram todos
- Tantas estrelas! –
Comenta o pónei de pêlo branco
- Lindo! – Dizem todos
Continuam a andar devagar e a conversar alegremente,
riem uns com os outros, param muitas vezes e reparam em todas as diferenças de
cor do céu, até chegar ao vale onde se vê o grandioso espectáculo que é o lindo
nascer do sol.
Sentam-se na relva do vale, e vêem cada passo do sol…e
cada cor do céu, rendidos a tanta beleza, soltam grandes exclamações de
surpresa e encanto.
Ainda com aquela imagem linda na cabeça, cheiram tudo o
que há para cheirar, tocam em tudo o que podem, petiscam diferentes ervas,
plantas e folhas que cheiram bem e que eles desconheciam, e descobrem que sabem
ainda melhor quando as trincam, bebem água de fontes diferentes, refrescam-se
em pequeninas cascatas vindas do cimo do monte.
Depois brincam uns com os outros, entre muita
gargalhada, e algumas escorregadelas, espirros e muitas descobertas
maravilhosas…mágicas.
Ouvem novos sons naturais muito agradáveis, de olhos
fechados para sentirem melhor, e relincham com os pêlos arrepiados de
felicidade.
Vêem novas flores, a cada passo que dão, e sentem
diferentes temperaturas nas patas e nos pêlos, vêem águas a brilhar como
cristais na erva, quando dá o sol, e até o arco-íris, e rebolam.
O passeio não podia
estar a ser melhor, mas de repente…ouvem um enorme estrondo, a seguir outro, e
depois mais outro…estrondos sem parar. Gritam, estremecem, arrepiam-se e correm
desvairados sem saber para onde, cheios de medo, a olhar para todo o lado.
Logo que encontram
uma casinha de guardar gado refugiam-se lá, felizmente está vazia. Os seus
corações batem a 1000 à hora e quase nem conseguem respirar.
- Estamos todos? –
Pergunta o pónei branco
- Sim! – Respondem todos
- O que foi aquilo? –
Pergunta o pónei cor-de-rosa
- Não sei! – Respondem todos
- Que estrondos… - Diz um
dos póneis azuis
- Pareciam tiros, ou
explosões… - Diz o outro pónei azul
- Que medo! – Respondem todos
- Será que andam aí os
malvados caçadores? – Lembra o pónei preto e castanho
- Bem lembrado! –
Respondem todos
- Espero que não. –
Murmura o pónei branco
E os estrondos
continuam, e eles encolhem-se todos. Entra lá o cão do pastor e desata a
ladrar, ao ver os póneis.
- Óh não! – Murmura o
pónei branco
- Só nos faltava esta! –
Murmura um pónei azul
- O que é que estão aqui a
fazer? – Pergunta o cão com ar de mau
- Calma…por favor…não nos
faças mal. – Pede o pónei branco
- Nós podemos explicar! –
Garante um pónei azul
- É…não estamos aqui para
invadir…só estamos aqui para nos protegermos. – Acrescenta o outro pónei azul
- Esta é a tua casota? –
Pergunta o pónei cor-de-rosa
- Não! Esta é a casota
onde o meu dono guarda o gado quando chove muito, ou quando faz muito calor. Mas
estão a proteger-se de quê, ou de quem? – Pergunta o cão
- Ouvimos uns estrondos…estes
que ainda se ouvem. – Diz um pónei azul
- Os nossos papás dizem
que podem ser tiros…ou explosões, e que se ouvíssemos esse barulho para nos
escondermos onde pudéssemos. – Diz o outro pónei azul
- Estamos muito
assustados. – Diz o pónei preto e castanho
O cão desata às
gargalhadas:
- Áh! Estão a falar com
certeza dos foguetes. Sim, este barulho que ouvem, parecido com tiros, são
foguetes, que os de duas patas fazem estourar quando há uma festa. – Explica o
cão
- Festa? – Perguntam todos
- Sim. O meu dono está
para lá. Mas não se preocupem, eles não magoam…estão longe daqui! – Explica o
cão
- A sério? – Perguntam todos
- Sim. Às vezes pegam fogo
às matas com essas coisas que estouram, mas não é o caso. Eu não gosto nada
deste barulho, mas já estou habituado e já não me assusto, como das primeiras
vezes, e como vocês também se assustaram. Mas tentem não ir para a confusão da
cidade. Explica o cão e propõe - Como andam a passear e a conhecer, se quiserem
eu mostro-vos mais coisas bonitas, aqui neste sítio.
- A sério? Boa! – Dizem todos
- Acompanhem-me!
Eles saem da toca, e já recompostos do susto, vão
passear com o cão pastor, que lhes mostra muitas mais coisas bonitas que nunca
antes tinham visto.
À hora de almoço, e depois de um grande passeio, tanta
descoberta, tanta coisa bonita, os póneis voltam para o parque onde vivem, e
contam aos pais, tudo o que viram. Os pais já conheciam tudo.
E vocês? Já experimentaram
passear devagar nos sítios por onde passam sempre a correr, e descobrir tudo o
que eles têm? Viram coisas diferentes? O que viram?
FIM
Lálá
(6/Junho/2015)
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