Era uma vez um belo guarda-chuva que voava pelo ar ao sabor do vento, parecia quase um balão de ar. Era de amarelo-claro e coberto de girassóis, o cabo era verde, e por dentro tinha milhões de palavras soltas, bonitas, que não tinham ligação entre si.
Os
girassóis do guarda-chuva giravam enquanto voavam, sorriam a quem passava, e
fechavam-se em si mesmos quando as aves tentavam agarrá-los ou pousar em cima
deles. Todos ficavam espantados, ao ver aquele guarda-chuva de girassóis.
Mas
de quem seria? Como é que ele foi parar às nuvens? Ele saiu da varanda de uma
casa, onde estava aberto para secar. Foi levado pelo vento que gostou tanto
dele, que queria ficar com ele e levá-lo a uma senhora velhinha que vivia numa
floresta.
O vento faz descer o guarda-chuva das
nuvens e pousou-o na varanda dessa velhinha, uma boa senhora de muita idade que
andava triste e vivia solitária. Quando viu o guarda-chuva, ficou feliz e abriu
um grande e luminoso sorriso.
- É para ti, boa senhora. – Diz o vento
- Óh! Que lindo! Onde arranjaste? – Perguntou ela
-Não interessa onde… arranjei-o para ti, para te ver
sorrir outra vez. Adoro o teu sorriso, e andavas muito triste, por isso resolvi
oferecer-te flores.
- Que lindo! Obrigada! É mesmo fantástico. Cheio de
flores, cor e leveza…! – Diz a senhora a sorrir
Entretanto,
a dona do guarda-chuva chegou à varanda para recolher o guarda-chuva e não o
vê.
- Áhhh…Onde está o meu guarda-chuva? Eu deixei-o aqui…
(Olha para baixo e para cima, e não o vê). Mas…onde está?
Procura por
todo o lado, leva um outro guarda-chuva e procura na rua, no caixote do lixo,
noutra varanda…mas nem sinal. A senhora fica um pouco triste. Aparece um
anjinho pequenino e sussurra-lhe:
- O teu guarda-chuva foi roubado pelo vento, para dar a
uma velhinha que estava triste.
- O quê?
- Isso mesmo. O guarda-chuva foi a voar, e está na casa
dessa senhora.
- Como é que foi o vento que o levou?
- A soprar…
- E agora?
- Agora…está noutra casa.
- E sabes para onde foi?
- Sei. Queres que te leva lá?
- Sim, se faz favor.
O anjinho
da senhora leva-a até à casa onde está o guarda – chuva. As duas encontram-se.
- Áh! Está aqui o meu guarda-chuva!
A dona do
guarda-chuva bate à porta. O anjinho recomenda:
- Cuidado…não sejas má com ela…ela é muito velhinha e
não foi ela quem roubou.
A velhinha
abre a porta.
- Boa tarde…
- Boa tarde, desculpe estar a incomodar…
- Entre…venha tomar um chá e comer uns bolinhos, e
vamos conversar um pouco.
- Mas…
- Entre… (as duas entram) Olhe que lindo guarda-chuva…
- Sim, é mesmo lindo! Eu tinha um igualzinho, mas
desapareceu.
- A sério? Como é que desapareceu?
- Acho que foi roubado…
- Mas que maldade.
O vento
fica muito envergonhado. As duas entram e têm uma longa conversa, enquanto
tomam o chá. A senhora do guarda-chuva está feliz com a velhinha, e esta com
ela. As duas conversam bastante, e riem ainda mais. Contam uma à outra, coisas
das suas famílias, acontecimentos importantes, boas recordações.
- Desculpe…eu falo muito, mas sabe, sinto-me muito
sozinha, de maneira que, quando encontro alguém gosto de conversar…até converso
sozinha, ou com a natureza! – Diz a velhinha
- Fale à vontade. Estou a adorar ouvi-la, e também
gosto muito de conversar.
A velhinha
pega no guarda-chuva e devolve à senhora sua dona, porque algo lhe dizia que
aquele guarda-chuva era dela.
- Pegue o seu guarda-chuva. É seu, não é? – Pergunta a
velhinha
- Bom..creio que pode ser…não sei…mas fique com ele.
- Não. Eu sei que é seu…o vento trouxe-o da sua varanda
para eu ficar feliz, porque andava muito triste, e adoro flores.
- Ai, que vergonha…por favor não pense que vim atrás do
guarda-chuva. Vim porque o meu anjo guiou-me até aqui, para a conhecer…e ainda
bem, porque a senhora é uma maravilha. Virei mais vezes visitá-la.
- Obrigada filha…a sua visita é muito melhor que mil
girassóis num guarda-chuva. E traga-me os seus poemas para lermos aqui…adoro
poemas. E o interior do seu guarda-chuva está cheio de palavras bonitas…raras…hoje
em dia! Eu sei que é seu…leve-o. E volte sempre que quiser…terei muito gosto em
conversar mais consigo…
- Está prometidíssimo. Virei já amanhã e trarei os meus
poemas.
- Eu vou ensinar-lhe a fazer bonecas de pano, se quiser…
- Claro que sim.
- Então venha…e leve o seu guarda-chuva. É lindo!
O vento
responde envergonhado:
- Sim, é verdade, Avó…esse guarda-chuva é dessa senhora…eu
trouxe-o da sua varanda. Perdoe-me…eu só a queria ver sorrir, e feliz. Não
roubei por maldade!
- Que feio, vento…! Isso não se faz…! - Diz a velhinha
- Tem toda a razão. – Diz o vento
- Óh, o vento não fez por mal. – Diz a dona do
guarda-chuva
- Pois não… Perdoe-me, senhora…! - Diz o vento
- Não voltes a fazer isso…mas desta vez ainda bem que o
fizeste, porque ganhei uma amiga para o resto da minha vida. – Diz a velhinha
- Isso tem toda a razão! – Diz a senhora
E as duas
abraçam-se, sorridentes. A senhora leva o guarda-chuva.
- Até amanhã…eu à noite telefono-lhe… - Diz a senhora
- Não te preocupes… e vamos tratar-nos por tu…sim?
- Como quiser…quiseres…por mim, sim.
- Até amanhã, querida…e muito obrigada pela visita…por
teres entrado na minha vida.
- Muito obrigada eu.
Dão mais
um abraço, sorridentes.
- Até amanhã. – Dizem as duas
E tanto uma como outra, estão muito
felizes por se terem encontrado, por causa do guarda-chuva dos girassóis. A senhora
chega a casa e prega girassóis num guarda-chuva para oferecer à velhinha e
ficar com um igual ao seu. À noite, telefona para saber como é que ela está e
desejar-lhe uma boa noite.
No dia seguinte, as duas voltam a
encontrar-se e trocam mimos e conhecimentos, aprendem muito uma com a outra. A senhora
fica muito feliz com o guarda-chuva e com todos os pequeninos carinhos que a
senhora lhe levou. Passam uma tarde excelente.
Depois desse dia, nunca mais se
separaram. Encontravam-se quase todos os dias, na casa uma da outra, à vez, iam
passear de braço dado, riam e conversavam muito, e tornaram-se uma verdadeira
família. A velhinha nunca mais se sentiu sozinha nem triste, e a senhora só
ganhou com tudo o que a doce e simpática velhinha lhe ensinou.
Roubar não se faz! É muito feio e mau,
até o vento se arrependeu, ficou envergonhado e pediu desculpa. Foi por causa
dos girassóis que nasceu uma bela amizade e uma família, mas também foi porque
ambas tinham bons sentimentos. É melhor oferecermos uns aos outros o que temos,
ou o que podemos oferecer, sem tirar ou roubar por maldade. Podemos oferecer um
sorriso, uma pequena flor, um carinho, um colo, um ombro, uma mão, uns ouvidos…
Foi muito bem aceite por toda a
família da senhora, principalmente pelos netos pequenos que também tratavam a
velhinha como uma Avó, aprenderam muito com ela, deram-lhe muitos carinhos e
atenção.
Temos sempre
muito que aprender com os mais velhos, por isso devemos respeitá-los, não os
roubar, nem os maltratar.
FIM
Lálá
(7/Abril/2015)
Tia lálá,obrigada pelas tuas histórias, sempre cheia de bons sentimentos e muita sabedoria "ambas tinham bons sentimentos. É melhor oferecermos uns aos outros o que temos(...) Obrigada pelo brinde, um beijinho cheio de girassois :)
ResponderEliminarMuito obrigada! :) Beijinhos
EliminarBela história, cheia de valores nobres, tantas vezes descuidados...um grande Abraço
ResponderEliminarMuito obrigada, Catarina! :) beijinhos
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