Era
uma vez uma família como muitas outras, que decidiu fazer uma caminhada pela
montanha a pé. O caminho era bastante longo, e tinha muitas pedras, buracos, só
não passava trânsito.
Saíram de casa antes do nascer do sol, com roupa confortável,
calçado próprio e uma mochila com o essencial: água, alimentos sólidos, e umas
roupas mais leves que iam trocando conforme o dia fosse aquecendo.
Olham para o céu e exclamam:
- Áh!
- Que lindo... – Comenta a
mãe
- Está cheio de estrelas. –
Diz a menina a sorrir
- Está ali a ursa menor…olhem!
– Repara o menino
- Há quanto tempo não via
assim o céu! – Sorri o pai
Benzem-se, cada um pede protecção aos
seus anjos da guarda, e começam a andar. Eles queriam chegar bem, e aproveitar
ao máximo tudo de bom que a caminhada oferecia: os mimos da natureza, as
diferentes temperaturas, a luz natural…os sons, e os aromas.
Não estavam
preocupados com o que faltava andar, nem as condições do caminho, foram mesmo
em passeio. Começaram a andar, sempre numa conversa muito animada, e a ver as
estrelas, misturadas com a claridade que começava a aparecer. Sentiram a frescura
da madrugada, viram as mudanças da cor do céu, e o nascer do sol acompanhou-os.
Subiram, subiram e subiram, pararam várias vezes pelo longo
caminho que percorreram, beberam água e comeram, pararam para apreciar a
paisagem. Quando ganharam novo fôlego continuaram.
Mudaram de roupa, e
descansaram um pouco. Chegaram finalmente ao topo da montanha, ainda antes da
hora de mais calor. Sentaram-se na relva, deitaram-se, beberam água,
agradeceram por terem chegado bem, e comeram. Deitaram-se à sombra de uma
árvore muito velha quando o dia começou a aquecer.
De repente, cai um
anel aos pés da mulher do casal, sem terem visto de onde.
- Querida…é teu? –
Pergunta o marido
- É um anel, mas não é
meu! Onde estava?
- Caiu agora aqui.
- Caiu? De onde?
- Pois não sei…se não é
teu.
- Se calhar alguém o
perdeu aqui.
- Será? Mas então, como é
que ele agora caiu aqui?
- Podia estar no chão,
alguém o encontrou, e puseram-no aí para ficar seguro…
- Na árvore?
- Sim.
- Bem…talvez.
- É bonito!
- É. Mas então vamos
deixá-lo ali na mesma…
- Isso mesmo.
Ele pousa o anel na árvore. Mas o anel volta a cair aos seus
pés.
- Então…? Caiu outra vez?
- É…
- Ponho-o aqui.
E volta a pô-lo na árvore, num outro sítio. O anel volta a
cair. Ficam todos surpresos.
- O que é que se passa
aqui? – Pergunta a mulher
- Não sei…mas é muito
estranho.
- É.
A árvore responde:
- Esse anel é para vocês!
- Para nós? – Perguntam todos
- Quem está aí? – Pergunta
a mulher
- É para vocês…- Repete a
árvore
- Mas esta árvore dá anéis?
– Pergunta a menina
- É um anel que vai mudar
a vossa vida, e a de muita gente.
- Porquê? – Perguntam todos
- Como? – Pergunta a
mulher
- Verão. – Diz a árvore
- Não estou a perceber
nada! – Diz a mulher
- Eu também não. – Diz o
homem
- Vende o anel. –
Recomenda a árvore
- Vendo? A quem? O negócio
está muito mau. – Diz o homem
- Vende a muita gente! Cada
um que quiser…que compre um pedacinho. – Diz a árvore
- Mas…- Dizem todos
O homem guarda o anel, e não pensam mais
nele. Apreciam a paisagem, até que regressam a casa, um pouco cansados, mas
encantados com o que viram.
No sossego, voltam a pegar no anel, e ficam muito tempo
a pensar o que vão fazer com ele. Por um lado, têm medo de ficar com ele, por
outro, não sabem como vendê-lo.
Será que o que a árvore disse era mesmo verdade? Quem teria
deixado aquele anel, naquela árvore? E porque é que tinha de calhar a eles? A
quem é que iriam conseguir vender?
Tantas perguntas
invadiram as suas cabeças. No dia seguinte, o homem foi à cidade, a uma
ourivesaria e perguntou quanto valia aquele anel. O ourives olhou-o
atentamente, com lupa, e pesou…
- Isto vale muito dinheiro…
- Diz o ourives
- Se conseguir vendê-lo
poderei ajudar muita gente… - Diz o homem
- Vou ver o que posso
fazer…deixe-o aqui, que logo se vê.
- Combinado!
Como era um anel muito especial, e ele
não sabia o valor, deixou lá o anel. Quem passou, ficou encantado com o anel e
comprou um pedacinho de diamante do anel. Cada comprador deu um valor bastante
elevado, e muitos quiseram comprar. O ouro que sobrou foi vendido.
Tinham conseguido uma quantia bastante
elevada. O homem estava feliz, e ligou ao outro senhor. A mulher ficou muito
preocupada, e pensativa pois tinha medo do que poderia acontecer, com o
dinheiro que era bom.
O homem pegou no dinheiro todo, que era muito, era
quase milionário, e enviou algum para os países mais carenciados, com outra
parte construiu um centro de dia para os mais velhos, e um infantário.
Deu emprego a muita gente e tornou-se muito conhecido e
respeitado por todos, mas continuou sempre a trabalhar e a fazer o que mais gostava.
Apesar dessa transformação, a sua humildade e
generosidade continuaram na mesma… e a sua felicidade aumentou. As qualidades
da pessoa não são compradas com dinheiro, por isso, para quê escondê-las tantas
vezes, em vez de mostrar todos os defeitos dos piores? Para quem não as tem, e
exige dos outros, que as tenham, para quê desvalorizá-las ou aproveitá-las para
espezinhar, ou utilizá-las mal contra a pessoa?
As qualidades são
uns verdadeiros diamantes, quando são boas para a pessoa e para os outros. Porque
é que agora se escondem? Porque não há tempo para as mostrar, porque não são
bem aceites…! Porque há intolerância, desvalorização, excesso de liberdade, e
falta de valores…não há tempo para as relações, nem para isso. Há diamantes que
não se compram, já os temos em nós…são-nos dados na educação.
FIM
Lálá
(6/Abril/2015)
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