Era uma vez uma casa
numa floresta onde vivia uma senhora velhinha, isolada. Apesar de já ter muita
idade, ela não se rendia, e saia todos os dias de casa, para ir à cidade. Muitas
vezes ia visitar amigas aos lares, e creches. Todos a adoravam, porque ela era
mesmo amorosa e muito carinhosa.
Na sua casa havia dezenas de cães e
gatos, que lhe faziam companhia, e com quem ela conversava longas horas, até
cantava para eles. Eles adoravam, e enroscavam-se nela para mimos.
Um dia,
uma menina da cidade pediu aos seus avós para irem ao parque da cidade, onde
viviam muitos pássaros. Os avós fizeram-lhe a vontade, e ela chamou um pequeno
pássaro que pousou numa flor. O pássaro mais bonito.
- Olha…queria pedir-te uma coisa…leva sementes de flores
de muitas cores, e planta-as no jardim da Avó que vai ao meu colégio. Ela vive
isolada na floresta ali…na montanha. É que eu gosto muito dela, e queria
agradecer-lhe todas as coisas boas e bonitas que ela nos ensina todos os dias,
e eu ensino aos meus avós…eles também me ensinam.
- Sei bem quem é! – Diz o passarinho
- Também a conheces? – Perguntou a menina
- Claro que sim, e muito bem. Vou lá muitas vezes beber à
fonte das flores, e debicar umas migalhas que ela deixa sempre para nós. Às vezes
são migalhas de pão, outras vezes são de bolo!
- Áh! A sério?
- Sim. E os bichos que estão lá, também gostam muito
dela. Ela tem cães e gatos que nunca mais acabam… (Os dois riem) Fica
descansada…nascerão lindas flores. Até já sei onde as vou pôr.
- Boa! Obrigada. Mas não lhe digas nada…é surpresa.
- Está bem. Até já.
- Até já.
E o
passarinho escolhe muitas sementes de flores, e leva-as para a terra da
velhinha. Planta-as discretamente junto de uma trepadeira de ferro em círculo,
onde não havia nada. Nessa noite, o passarinho sacode as suas asas e solta
pequeninas estrelinhas cintilantes, sobre a terra. Os cães e os gatos sentem
alguma coisa de estranho, e ficam muito agitados.
- Intruso…algo estranho! – Comunica um cão aos outros e
aos gatos.
Todos os
animais circundam o passarinho:
- Fora daí… - Diz um cão com ar ameaçador
- Xiu…amigos, não ladrem…não façam barulho. – Diz o
passarinho
- Amigos? – Perguntam todos a miar e a rosnar
- Sim, sou eu. O do costume.
O passarinho
dá luz, como os pirilampos.
- Áhhh! – Dizem todos mais descansados
- Desculpa…não te estávamos a conhecer. – Diz um cão
- O que fazes aqui a esta hora? – Pergunta uma gata
- Realmente…já é muito tarde para andares por estes
lados. – Acrescenta uma cadela
- Vim fazer uma surpresa, que uma menina pediu. – Explica
o pássaro
- Surpresa? – Perguntam todos
- Ela faz anos, e nós nem sabemos? – Pergunta outro cão
- Costuma haver bolo…e mais gente aqui em casa… - Comenta
outra cadela
- Não me apercebi de nada! – Diz outro cão
- Nem eu! – Diz outro gato
- Não…ela não faz anos! É uma menina que quer agradecer
tudo o que a mãe…a Avó…ou…lá como ela chama… que também é nossa… ensina! –
Revela o pássaro
- Óhhh…que lindo! – Suspiram os animais sorridentes
- Que menina querida. – Comenta uma gata encantada com o
gesto
- É. Não é preciso as pessoas fazerem anos, para
receberem prendas ou para lhes fazerem surpresas! – Diz o pássaro
- Isso é verdade… - Concorda uma gatinha
- Pois. Eu também ofereço muitas surpresas ao meu querido
focinho metade! – Diz um cão
- Pois claro! – Confirma a cadela
- É um gesto mesmo amoroso como ela. – Comenta outra
gatinha
- É. Condiz com ela… - Diz o pássaro
- Mas qual vai ser a surpresa? – Pergunta outra cadela
- Muitas flores que vão subir por esta trepadeira e
preencher todo o espaço. Logo verão como são lindas…Mas não lhe contem nada. -
Conta o pássaro
- Está bem…- Dizem todos
Uns dias
depois, as florinhas começam a espreitar na terra. Os animais não dizem nada, e
a senhora ainda não se apercebeu. Todos os dias, elas crescem mais um
bocadinho, e o pássaro e os outros animais, estão sempre atentos, para que mais
nenhum outro bicho destrua as flores. À medida que elas crescem, começa a
sentir-se um cheirinho delicioso no ar.
Com tanto carinho e dedicação, as flores
começam a aparecer em botões. A senhora sente o cheirinho, mas não sabe de
onde. Segue o cheiro e vai ter à trepadeira. Fica muito surpresa:
- Áhhh…o cheirinho é daqui? Mas…o que será? (Vê as
cabecinhas a espreitar) Flores novas? Que engraçado…não me lembro de haver aqui
flores…se calhar foram sementinhas espalhadas e nasceram! A natureza é mesmo
maravilhosa…será que vai vingar? De que cores serão? Que forma terão? Bom…até
logo, amores…filhos…!
Os cães e os gatos ladram e miam,
acompanham-na cheios de mimo até à porta, e ela sai. Uns dias depois, numa bela
noite de lua cheia, as flores abrem…o passarinho, os cães e os gatos,
acompanham o desenrolar do aparecer das flores, parecem hipnotizados, quase não
piscam os olhos. Querem ver tudo. Já sabem que é um momento único e inesquecível,
de rara beleza.
As
flores abrem uma por uma…umas com pétalas mais pequenas, outras maiores, e
outras enormes, abrem por todo o lado ao longo da trepadeira, cada qual a mais
bonita, de cor única, e cores misturadas. Outras flores parecem de veludo nas
pétalas, e com cores surpreendentes. A trepadeira fica cheia de flores.
- Ááááááááhhhhhh…! Uaaaaaauuuu… – Exclamam todos
- Que lindo! – Diz o passarinho orgulhoso e feliz
- Incrível…a menina caprichou! – Comenta um gato
- A nossa mãe vai adorar, tenho a certeza… - Comenta a
gatinha
- Até estou arrepiada! – Diz uma cadela a sorrir
- Eu também… - Diz outra cadela a sorrir
- Óhhh… (funga discretamente) É emocionante! – Comenta outra
gatinha
- É! – Concordam todos
- Obrigada…obrigado…! – Dizem todos os animais
- De nada…foi com todo o gosto e carinho. – Diz o
passarinho
E mais nenhum
animal dorme nessa noite, com o entusiasmo e aquele momento tão bonito. De manhã,
a velhinha nem quer acreditar no que está a ver.
- Ááááhhh…eu estou a ver bem? A trepadeira não tinha nada…e
agora está cheia de flores…?
Os cães
ladram e os gatos miam em coro, felizes. A velhinha sorri.
- Vocês estão a ver o mesmo…já percebi. Só não sei é como
isto apareceu assim…aqui há dias…cheirava maravilhosamente bem, depois…aquelas
cabecinhas…agora…cheia de flores a toda a volta! Que bela surpresa…quem terá
feito isto?
E a
menina aparece com os seus avós.
- Avó…gostaste da surpresa que te fiz?
- Óh! Foste tu minha querida?
- Sim! Para te agradecer tudo o que me ensinas, e para
dizer que te adoro…como se fosses mesmo uma avó…como a minha avó.
As duas
riem, abraçam-se, trocam beijos e sorrisos.
- Adoro-te, Avó. Obrigada…
- Eu também te agradeço…e adoro-te, minha princesa! Obrigada…fiquei
mesmo muito feliz.
- Eu também fiquei muito feliz, de te ter oferecido as
flores. São lindas! Obrigada, passarinho.
O passarinho aparece e sorri,
chilreia doce e alegremente. A menina apresenta os seus avós, e tornam-se
grandes amigos da velhinha. E as flores da trepadeira continuam lindas. Ela já
estava rodeada de flores, e adorava todas, mas aquelas da trepadeira eram
especiais, porque tinham todo o carinho da menina que lhas ofereceu.
O passarinho tem toda a razão…as pessoas
não precisam de fazer anos para receber os nossos mimos, e pequenos presentes.
Pode ser só para agradecermos, ou dizermos que gostamos de alguém. E tornar
alguém mais feliz.
E vocês? Oferecem mimos e pequeninos presentes às pessoas
de quem gostam só quando elas fazem anos, ou em qualquer dia, que vos apeteça
agradecer, ou dizer que gostam muito dela? Já ofereceram? O que é que já
ofereceram a alguém, mesmo quando essa pessoa não fez anos? Acham que a pessoa
gostou e ficou feliz? E vocês, como ficaram?
FIM
Lálá
(20/Abril/2015)
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