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sábado, 3 de maio de 2025

Rosa Amor

 

foto de Lara Rocha 


    Há uns anos atrás, uma jovem misteriosa, chamada Natureza, ofereceu a um casal, um lindo botão de flor, fechado. 

    Disse para cuidarem dele com amor, regar com carinho, educação, sensibilidade atenção e dedicação, para falar com ele. 

    Acrescentou que desabrocharia passado nove meses, numa linda flor e desapareceu. O casal ficou surpreso e apreensivo, sem perceber o que tinha acabado de acontecer, e o que significaria aquilo.

    Procuraram por ela, mas não a viram em lado nenhum, estava escondida, e a sorrir. 

- Tenho a certeza que estarás muito bem entregue! - murmura a jovem Natureza, ao ver o carinho com que o casal segurou a flor

    Assim aconteceu, o casal cuidou do botão de flor com amor, e estavam ansiosos por saber que flor seria, e porque demoraria tanto tempo. Regaram-na, falavam com ela, o botãozinho ia crescendo, alargando, tentavam imaginar a cor que teria, mas ele não a mostrava. 

    O casal não tinha preferência, pois adoravam todas as flores, em botão, e, ou abertas. Acariciavam o botãozinho, mudavam de terra de vez em quando, punham-no a apanhar sol, e ar, quando estava vento recolhiam-no. 

    O botãozinho ouvia as conversas todas, e sorria fechado nas pétalas, quando o casal lhe tocava. Não viam, mas era um sorriso luminoso, por se sentir acarinhado, acolhido, amado. 

    Passados nove meses, como a Natureza anunciou, o botãozinho de flor, abriu. Era uma linda rosa cor-de-fogo, com amarelo, laranja e vermelho! Uma perfeição, parecia que estava a sorrir, com as pétalas delicadas, o casal não ouvia, mas imaginava, o som do sorriso da rosa, quando lhe tocavam com carinho. 

    Que surpresa tão agradável, o casal não podia estar mais feliz, e continuaram a cuidar dele, com tanto amor e dedicação que cresceu como nunca se tinha visto. 

    Que lindo que era, sempre viçoso e vistoso, brilhante, adorava sol, e ficava ainda mais bonito, continuaram a regá-lo, a alimentá-lo, a conversar com ele. Deram-lhe o nome de Rosa Amor. 

    Um nome que fazia todo o sentido, porque era o símbolo do amor do casal, um pelo outro, dos dois pela Natureza, um prémio por terem cuidado tão bem dele. 

    Era como se fosse um filho, aliás, quando a esposa soube que vinha a caminho, um bebé verdadeiro. Pensaram que a flor iria murchar de tristeza, ou ciúmes, mas não. 

    Porque tinham atenção e amor para os dois; para o bebé, para a flor, a diferença é que este botãozinho que vinha a caminho, era uma pessoa. Um ser vivo, como um botãozinho em flor, que exigia mais amor, mais dedicação, mais regras, mais atenção, carinho. 

    Sem nunca se esquecerem da  Rosa Amor, que mesmo sendo uma flor, estava feliz por ter um irmãozinho em forma de pessoa, nunca se sentiu excluída, nem abandonada. 

     Quando o bebé nasceu, a flor chorou de alegria, surgiram gotas de água nas suas pétalas, e algumas caíram, ao ver aquele ser delicado, frágil e lindo como ela. 

     Rosa Amor, sorria ao ver a ternura dos pais, com aquele bebé, e a gratidão do bebé a olhar para eles, o carinho que ele recebia, e chegava para a flor. Mostraram o bebé à flor, e esta inclinou-se, encostou-se à carinha dele, com as suas pétalas macias, e voltou a chorar de alegria como se estivesse a fazer uma carícia ou a dar um beijinho no seu irmãozinho humano. 

     O bebé e os pais sorriram de alegria, pegaram na mãozinha do bebé, e fizeram uma festinha das pétalas da flor. Ela sorriu e brilhou com tanto amor. Cresceram juntos, nunca faltou carinho, atenção, dedicação, amor, regras, diálogo, aos dois, e formaram uma linda família.  

    Todos os dias agradeciam à Natureza, aquele botãozinho maravilhoso, e o botãozinho verdadeiro, o bebé que também adorava a flor. Ela abanava-se e ele desatava à gargalhada, que fazia o mesmo com os pais. 

    Parecia que os dois comunicavam um com o outro, só entre eles, balbucios e gargalhadas, trocas de mimos, e papagueados que só a flor e o bebé entendiam. 

    O casal agradecia todos os dias, a saúde, e a alegria, o amor que havia naquela casa, com aquela flor. A jovem Natureza apreciava encantada, espreitava e sorria à flor, esta retribuía. 

    Sentia-se orgulhosa, e de vez em quando as duas conversavam sobre a felicidade da flor naquela casa, o bebé, a forma como eram tratados, e outros assuntos. 

    E assim se constroem as amizades, os amores, com dedicação, paciência, carinho, diálogo, respeito, acolhimento, atenção, sem pressa, com delicadeza. Botõezinhos fechados, que se vão abrindo em lindas flores. 

                                            FIM 

                                       Lara Rocha 

                                      2/Maio/2025 

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