foto de Lara Rocha
Era uma vez um bando de andorinhas que viviam num país quente, e quando nesse país ficava frio, elas iam para outro. Um dragão de gelo comanda uma nuvem escura, e atrás dele seguem tantas outras nuvens gigantes, roxas, violetas, azuis escuras, cor-de-laranja, nos céus desse pais.
- Lá vem
ele! – Grita uma andorinha
As andorinhas assustam-se e voam
rapidamente com muita dificuldade para o cimo da montanha. O vento é fortíssimo
e gelado, tão gelado que parece que corta tudo o que encontra pela frente. As andorinhas
sabem que quando o dragão de gelo aparece, é altura de irem embora. Juntaram-se
todas, no cimo da montanha e a chefe informa:
- Boas
amigas, e família…a nossa estadia neste país está a terminar.
- Acho que
veio mais cedo, este ano! - Constata uma andorinha
- Óh…eu
estava a gostar tanto de estar aqui. – Lamenta outra andorinha
- Já
sabemos que é assim. – Informa outra andorinha
- O
importante é que acompanhemos estas mudanças com saúde, inteiras…e juntas. –
Diz outra andorinha
- Sim…que
a nossa amizade e união não congelem. – Acrescenta outra andorinha
- Pois
claro.
O céu fica escuro.
- Não
podemos perder muito mais tempo. Vai chover, não tarda nada.
- Vamos
pedir proteção…e boa viagem.
- Temos
muitos quilómetros à nossa frente.
- Estamos
juntas…é o mais importante.
Todas se juntam o mais que podem, em
círculo e unem as patinhas à frente. Em silêncio, cada uma pede à sua maneira,
proteção. O vento torna-se cada vez mais forte, e caem as primeiras gotinhas
de chuva.
- Vamos! –
Gritam todas
Levantam voo ao mesmo tempo, e
seguem para outras paragens mais quentes. Andam várias centenas de quilómetros,
sempre a olharem umas pelas outras, e atentas aos perigos. Voam em bando, e
todas as pessoas da terra veem essa passagem, encantados. É lindo ver.
- Vem aí a
Primavera… - Gritam umas crianças no jardim ao ver as andorinhas
Elas têm razão. A Primavera segue
silenciosa atrás das andorinhas, e sem pressa. Do seu vestido, saem raios de
sol, levados pela brisa, até aos parques. Caem sementes e pétalas de flores, e
deixam no ar um doce perfume, pousando na terra ainda um pouco molhada.
Dos seus olhos caem algumas lágrimas que regam
as sementes, e salpicam as flores que já existem. A Primavera baixa
ligeiramente e todos dão pela sua presença, pois à sua passagem, tudo o que
estava a dormir há tanto tempo, desperta e salta. Dos seus cabelos voam lindas
borboletas de todas as cores, leves, e felizes. Tudo se transforma, e todos os
habitantes sorriem à sua chegada.
As andorinhas seguem, cruzam-se pelo caminho com
os pardais, melros e cucos. Muitos destes pássaros acompanham-nas até aos países
mais quentes.
A Primavera espalha toda a sua magia por onde
passa. Ninguém fica indiferente a ela. Todos os países frios reconhecem a sua
chegada, que é anunciada pelas simpáticas andorinhas. Quando as vêem a voar nos
céus sabem que anunciam a chegada da Primavera. Chegam a um pais onde era Inverno,
e pousam para descansar, felizes e aliviadas por terem chegado sãs e salvas.
-
Chegamos! – Gritam todas as andorinhas, numa grande festa.
- Obrigada
pela companhia, pardais, melros e cucos. – Diz uma andorinha
- Até
breve! – Dizem todos
-
Encontramo-nos por aqui… - Diz um cuco
-
Divirtam-se amigas! – Diz um melro
E espalham-se por onde querem. As andorinhas
fazem o reconhecimento da cidade.
- Está
mais pesado o ar… - Comenta uma andorinha
- É. Parece
que está mais poluído. – Confirma outra andorinha
Encontram umas pombas da cidade.
- Olha,
olha…as jeitosas…já vieram? – Pergunta uma pomba
- Olá! –
Dizem todas as andorinhas
- Vem-nos
roubar a comida… - Resmunga outra pomba
- Lá está
ela… resmungona como sempre! – Comenta uma andorinha
- É por
isso que és tão gorda…- Diz outra pomba a rir
- És tão egoísta!
- Diz outra pomba a rir
- Não
liguem amigas…a comida chega para todas… e todos. Ela é que tem a mania.
- Só se vê
a ela.
- Só
existe ela…
- Está
tudo na mesma. – Comenta uma andorinha
-
Aparentemente! – Diz uma pomba
- Cuidado…há
mais poluição! – Diz outra pomba
- Não
comam tudo o que vos aparece só porque tem bom aspecto. – Avisa outra pomba
- ÁH! –
Exclamam as andorinhas
- É. Já
tivemos várias intoxicações. – Avisa outra pomba
- Por
causa da poluição. – Acrescenta outra pomba
- Mas não
somos só nós a queixar-nos. Até as pessoas se queixam. – Diz outra pomba
-
Obrigada! – Dizem as andorinhas
- Vão para
os arredores da cidade. – Sugere outra pomba
- Isso. Aí
ainda não está tão mau como aqui…pelo que dizem! – Diz outra pomba
-
Obrigada, amigas… - Dizem as andorinhas
E voam para os arredores da cidade,
onde o ar é realmente mais leve e menos poluído. Pelo caminho encontram uns
cucos, uns melros e uns pardais. Outros já lá estavam, porque nunca gostaram da
cidade, voaram logo para os arredores.
À porta de uma casa antiga de pedra, está uma
avó com uma neta a separar feijões de várias qualidades para frascos, de um
saco onde estão todos misturados. De repente parecem ter visto uma nuvem
escura.
- Áhhh…o
tempo vai mudar? – Pergunta a avó
- Parece
que sim… - Diz a neta
- O céu
está cheio de nuvens. – Repara a avó
- E
levantou-se vento.
- Pois. Também
ainda estamos no Inverno! Ainda pode chover. E mesmo na Primavera há chuva e
vento, ou até trovoada. – Explica a Avó
- Por
falar em Primavera…Quando é que ela chega Avó?
- Parece
que é entre hoje e amanhã… segundo disseram.
- Ela vem
de quê?
- Não sei…pode
vir de muitas maneiras.
- Para
mim, vem a voar como as andorinhas!
- É. Até pode
vir com elas…não sei, nunca a vi a voar, nem de comboio como alguns dizem.
- Se
calhar atrasou-se no meio de transporte.
- É. Pode ter
sido. Olha…tantas andorinhas! Acho que vem aí… – Diz a velhinha sorridente.
- Chegou a
Primavera! – Diz a sua neta feliz
- Isso
mesmo. E vêm acompanhadas dos cucos, dos melros, e dos pardais. Que maravilha.
Todos começam a chilrear
alegremente, e a voar, a pousar nos fios e nas ramadas, a debicar a terra e
frutas que estão no chão, porque já sabem que a senhora não deixa que comam as
frutas boas penduradas.
- Tantos…
- E cantam
tão bem!
- Também
dançam?
- Dançam…ao
fim da tarde! Fazem belos bailados…
- Eu nunca
vi!
- Vemos um
dia destes…não faltarão oportunidades. Mas vale a pena ver!
- Como é
que eles dançam?
-
Maravilhosamente bem.
- Andam em
alguma escola de música, ou tocam instrumentos?
A avó ri.
- Não.
Apenas…dançam…não sei…talvez sigam o bater dos corações deles, ou dancem ao som
da amizade.
- Áh! Que lindo.
- É.
- Olha,
Avó…estas flores estão a começar a sair.
- É. É o
sol que está mais forte e a puxar por elas. Olha que lindas! A natureza é do
melhor que há!
- E a
primavera também.
- Pois é!
E as duas passeiam pelos campos,
para ver todos os encantos da chegada da Primavera, e ouvir os pássaros de
espécies tão diferentes, mas que se conjugam tão bem! E nesse mesmo fim da
tarde, as duas assistem ao bailado inesquecível e doce, leve…dos pássaros. Quase
ficam hipnotizadas com tanta beleza. No fim, aplaudem.
- Áh! Que lindo…dançam
mesmo bem…- Diz a neta
- É
verdade. E cantam ainda melhor. Estão em sintonia e harmonia…são uns
verdadeiros artistas, sem ensaios.
- Parece
magia!
- É magia.
É a magia da Primavera e da Natureza. É por isso que ela merece ser muito bem
tratada, com amor, carinho e respeito.
- Pois é!
- Mas às
vezes tratam-na muito mal. E mesmo assim, ela dá sempre o seu melhor.
- É
verdade Avó. Nós tratamo-la sempre bem.
- Com
certeza…
E as duas entram em casa depois do
bailado, em paz…com aquela imagem tão bonita, na cabeça. E vocês? Gostam da
natureza? Vêem-na chegar? O que é que ela traz? O que é que ela nos oferece? Tratam-na
bem? Com carinho e respeito?
Fim
Lálá
(13/Março/2015)
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