Era uma vez uma árvore
despida pelo vento entre o Outono e o Inverno. Quando reparou que todas as suas
belas folhas tinham caído aos seus pés, resmunga triste:
- Óh…não pode ser…estou
despida! O que aconteceu às minhas lindas folhas? Ai…que frio…brrrrr…!
A árvore não se apercebeu que durante a
noite, enquanto dormia, o vento tirou-lhe folha por folha. As folhas são para
as árvores, como as roupas para nós; por isso, como os seus ramos estavam sem folhas,
a árvore sentia-se despida.
Era um acontecimento novo para esta
árvore, porque antes tinha sido plantada numa floresta com muito calor, onde
tinha sempre belas folhas.
Na manhã seguinte, dois meninos irmãos passam pelo parque
onde está a árvore, para ir para a escola e vêem muitas folhas no chão.
- Olha, mano…tantas
folhas! – Diz a menina
- Uau! Que lindas! – Dizem
os dois
- Devem ser desta árvore…
- Diz o menino
- Pois…se estão aos pés
dela, só podem ser dela. – Diz a menina
- Esta árvore parece…triste!
– Repara o menino
- Áh! Pois é!
- Claro que estou triste…estou
sem folhas e tenho muito frio…vim de um país muito quente! – Resmunga a árvore
- Óh! Coitadinha! – Dizem os
meninos
- Habitua-te, amiga! Aqui…é
mesmo assim. Nesta altura…ninguém escapa! Olha á tua volta! Estamos todas
iguais! – Diz outra árvore sem folhas
A árvore olha em volta, suspira triste:
- Pois é! Tens razão…mas
eu tenho muito frio.
- Nós também tivemos no
inicio, agora já não! – Diz outra árvore sem folhas.
- Mano, vamos levar estas
folhas para a nossa escola ou para a nossa casa.
- Sim! Está bem!
Os meninos enchem um balde de folhas cada um.
- Ei, onde vão levar as
minhas folhas? – Pergunta a árvore indignada
- Já não são tuas! – Diz outra
árvore
- O que vão fazer com elas?
- Não sei.
- Vão levá-las.
- Para onde?
- Para…muitos sítios!
- Mas eu não dei
autorização…! Já percebi tudo…foram eles que me roubaram as folhas. Devolvam-nas!
– Grita a árvore
- Não preciso que tenham
pena de mim…devolvam-me as folhas! – Ordena a árvore
- Impossível, amiga.
- Como é que deixam que
eles façam isto? – Pergunta a árvore zangada
- Não podemos fazer nada!
- Ai…que raiva! Apetece-me
desfazê-los…
- Não te zangues…não vais
ter as folhas de volta.
- Mas eu quero as minhas
folhas…aquelas que eles arrancaram e vão levar descaradamente! Sem vergonhas… -
Grita a árvore nervosa.
As crianças vão para a escola com as
folhas e as três árvores ficam a conversar. Na escola todas as crianças brincam
felizes no recreio, espalham as folhas, saltam em cima delas, escorregam e caem
na relva fofa, riem, fazem trabalhos com outras folhas, cantam músicas do
Outono, e ao voltar para casa, a menina vai com o irmão cobrir a árvore, com um
saco cama, velho. Os seus gatos ajudam-nos a esticar o saco cama e a prendê-lo.
A árvore sente-se melhor, mais confortável e mais quente. As outras duas
árvores inclinam-se para ela e os seus troncos engancham-se uns nos outros,
para se aquecerem as três.
No dia seguinte, cai neve, e as árvores
ficam todas brancas, quase congeladas. Tremem de frio. Os habitantes fazem uma
fogueira muito perto das árvores. Primeiro, elas ficam com medo por verem fogo,
mas quando sentem o seu calor tão agradável, descongelam.
A fogueira apaga de noite, e as árvores
congelam, mas quando juntam os troncos, parte do gelo derrete. As noites
seguintes trazem ainda mais neve, os habitantes constroem uma casota de madeira
à volta das árvores com telhado, e porta. Que bela casa!
As árvores estão lá quentes e confortáveis, bem juntinhas,
com cobertores, durante todo o inverno, são visitadas muitas vezes por dia
pelos habitantes, que se abrigam na sua casota, recebem muitos abraços de
pessoas que lhes agradecem, até à primavera.
Na primavera, as árvores saem da casa de
madeira para receber o sol, e ver as folhas verdes a nascer, passam o tempo a
sorrir, ao contrário do inverno em que tiveram muito frio e estavam mais
tristes…o que sempre lhes valeu foi a sua amizade.
O estarem as três juntas, debaixo da
casota, tornou-as grandes amigas umas das outras, nem dão pelo inverno passar. São
quase uma família. Também foi por isso que a árvore que vinha do calor,
habituou-se muito rápido.
A casotinha ficou para elas, para se abrigarem do calor a
mais, com belas folhas, do vento, e da chuva.
FIM
Lálá
(10/Novembro/2014)
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