Era
uma vez uma menina que vendia flores, depois da escola para ajudar os seus
pais. Montava na sua bicicleta e no atrelado levava várias dezenas de flores,
de todas as cores e espécies.
Passeava pelas ruas todas da sua aldeia,
sempre com um belo sorriso na cara, e muita gente comprava as suas flores, até
pediam encomendas.
Geralmente, chegava a casa sem uma única
flor, e isso deixava os seus pais felizes, orgulhosos. Eles não queriam que ela
trabalhasse, por causa da escola, mas tinha de ser.
Numa ida às ruas, duas bruxinhas
transformaram-se em abelhas, que foram atraídas pelas cores e pelo cheiro. Um gato
vadio reconhece-as e murmura de uma esquina:
-
Lá estão estas! O que é que elas vão inventar desta vez…? Que chatas! – Comenta
um gato
Ele vai ter com elas:
-
O que estão a tramar, sua malditas?
-
Cala-te! – Gritam as duas
-
Não tens nada com isso. – Resmunga a outra bruxa
-
Vai-te embora! – Grita uma bruxa
-
Essa agora… A rua é de todos! Se vocês que são umas víboras entram aqui, eu que
sou bom, ainda mais. - Diz o gato a rir
-
Xiu. – Ordenam as duas
-
Tu vais estar caladinho, não vais? – Diz uma bruxa
-
Quieto! – Ordena a outra
-
Olha…lá vem ela.
-
Transforma-te.
-
É melhor mandarmos este gato para outro sítio, antes que ele estrague tudo.
-
É.
Dão um pontapé no rabo do gato, este
desata a correr e esconde-se atrás de um caixote do lixo, mas fica atento ao
que elas vão fazer.
-
Malditas! E vão logo chatear a menina das flores, que é uma flor. Um dia destes
tramo-vos! Acho que a menina é mais inteligente que elas, e não se vai deixar
levar por elas…cuidado, menina! – Murmura o gato
Transformam-se em abelhas quando vêem a bicicleta a
aproximar-se, seguem a menina, seduzindo-a:
-
Menina…que lindas flores! – Repara uma bruxinha
-
Obrigada! – Diz a menina a sorrir
-
E cheiram bem… - Diz a outra bruxinha
-
É! – Diz a menina
-
Olha…desculpa estarmos aqui a rondar…
-
E a elogiar as tuas flores…
-
Bem, os elogios são sinceros, mas, nós podemos experimentar…
-
Só um bocadinho…
-
Do pólen de uma dessas flores?
-
Por favor…
-
Se não te importares, claro!
-
Claro que podem. Á vontade! – Diz a menina
-
Óh, mas que querida! – Diz uma abelha feliz
-
Muito obrigada, pela tua bondade e simpatia… - Diz outra abelha
-
Gosto muito do vosso mel…! – Diz a menina
-
Áhhh…! – Exclamam as duas abelhas
-
Nunca ninguém elogiou o nosso mel…só tu! – Diz a abelhinha a sorrir
-
E é graças às tuas flores…ah…quer dizer…a todas as flores da tua aldeia. – Afirma
a outra abelhinha
-
Claro! – Diz a menina
As duas abelhinhas provam o pólen de
algumas flores e deliciam-se.
-
Hum! – Suspiram as duas
-
É mesmo bom!
-
Delicioso!
-
Mas agora não me suguem as flores todas, por favor…! – Pede a menina
-
Óh! Claro que não! – Dizem as duas
-
Já vamos embora. – Garante a abelha
-
Muito obrigada, e boa sorte para as tuas vendas! – Diz outra abelha
-
Obrigada. – Diz a menina a sorrir
Nessa noite, as bruxas convidam as
amigas e vão todas fazer uma grande festa no jardim e nos campos onde mora a
menina, e onde há imensas flores.
Fartam-se de comer…sugam pólen com
palhinhas, tiram pólen com pás e colheres, misturam em sumos e barram nos pães,
enchem frascos com pólen e saquinhos com pólen e pétalas de flores.
De manhã, a menina acorda e repara que
as flores estão murchas, com os centros despidos de pólen. A menina grita:
-
Ááááhhh…quem fez isto?
-
As abelhas! – Respondem as flores em coro
-
Ai…! – Suspiram
A menina fica muito raivosa. Volta a
regar as flores, planta outras novas, mas fica vários dias sem vender. Quando
vê abelhas chuta-as e grita-lhes:
-
Vão trabalhar, palermas! Invejosas.
De repente, umas fadinhas voam e
despejam pólen em cima das flores. Elas voltam a ficar enormes e lindas.
A menina
vai tentar vendê-las e quando chega ás ruas, estão lá as duas bruxas, muito
atraentes a tentar vender as flores que roubaram e que fizeram com o pólen que
tiram das flores da menina. Até o carrinho é igual.
Embora sejam perfumadas, são flores
artificiais. A menina fica assustada e muito zangada. Como já todos a conhecem,
compram as flores verdadeiras da menina.
As bruxas tentam destruir todas as
flores do carrinho da menina, por inveja e por maldade, mas as flores disparam
os seus espinhos, pó dos pinheiros e enchem as bruxas de picos.
Elas gritam e desatam a fugir aos gritos
e aos espirros, a coçarem-se sem parar.
-
Bem-feita! – Grita uma senhora
-
Mereceram! – Diz outra senhora
-
Vigaristas. – Gritam várias senhoras
-
Roubaram o nosso pólen! – Diz uma flor
-
Eram flores falsas! – Confirma outra senhora
E as flores da menina são visitadas
pelas fadinhas, borboletas, joaninhas e abelhinhas verdadeiras, e até
passarinhos pousam e mimam as flores, dançam delicadamente com os seus pezinhos
levezinhos, transportam bocadinhos de pólen por todo o lado.
Depois dos picos, as bruxas disfarçadas
nunca mais voltaram a roubar o bom pólen das flores, nem fizeram mais festas
que deixavam as flores murchas, e as flores voltaram a estar sossegadas nos
seus campos, sem visitas indesejadas.
Não lhes valeu de nada a maldade com que
destruíram as flores da menina, pois não?
FIM
Lara Rocha
(11/Novembro/2014)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras