Era uma vez uma Preguiça, muito gorda
que vivia quase sempre deitada numa árvore, pouco se mexia e só dormia.
Fazia tudo muito devagar. Era muito
calada. Por
cima do seu tronco, vivia um casal, misterioso, silencioso, discreto, que
praticamente só eram vistos de noite.
Durante o dia, dormiam e estavam
quase sempre dentro do tronco, na sua toca.
Por
baixo, aos pés da árvore, viviam muitas famílias de muitos cogumelos, que a
Preguiça mal conhecia. Eram mal-encarados, antipáticos, coscuvilheiros,
venenosos, por isso não tinham amigos.
Tinha ao lado, uns vizinhos muito
mexidos, traquinas, que não paravam quietos. Subiam e desciam os troncos das árvores mais de cem vezes por dia, muito rápido…pareciam foguetes e muito barulhentos: guinchavam, gritavam,
faziam muitos ruídos. Alguns muito irritantes.
No
meio da árvore da Preguiça, e da árvore dos macacos, havia outra pequena árvore, onde habitada por morcegos
que se metiam dentro do tronco, numa
toca pequenina e escura.
Nos troncos viviam e pousavam dezenas
de passarinhos de todas as espécies. Dentro das tocas não chovia, mas fora
delas chovia muito, e quando chovia, a preguiça nem sequer saía.
Todos os dias,
passa por esse sítio um ser muito misterioso, demasiado rápido, quase não lhe vêem o rosto nem o corpo de tão rápido que ele anda.
Dizem que se
chama Tempo e anda sempre de um lado para o outro. É mais rápido que os coelhos
e que todos os animais que correm.
- Não percebo quem é este
ser…! – Comenta um macaco
- Nem eu! Não sei porque anda com tanta pressa… - Responde outro
macaco
- Até fico cansada…só…de…o
ver… (boceja) passar… (espreguiça-se) Ai…ele anda tão…rápido! – Acrescenta a Preguiça
- Pois é! – Respondem todos
- Espera… (boceja outra
vez) Este deve ser…- Diz a Preguiça
- Eu sou o Tempo, de quem
toda a gente fala! É por isso que todos dizem que o tempo passa a correr. Eu sou
o tempo e passo mesmo sempre a correr! – Grita o tempo a correr
- E não ficas…cansado? –
Pergunta a Preguiça
- Às vezes. Mas não posso
parar. Às vezes ando um pouco mais devagar, quer dizer…eu ando sempre igual…mas
as pessoas dizem que às vezes ando devagar. – Explica o Tempo
- Ai…estou atrasada para a
festa! – Grita uma bailarina que passa
- Lá vou eu… - Grita o
tempo
- Está na hora de ir
almoçar! – Comenta um lobo esfomeado que vai à procura de comida
- Já vou. – Diz o tempo
- Já é tão tarde! –
Suspira um lavrador que passa depressa
- Óh não…Já estamos no fim
da manhã… resmunga uma coelhinha
- Ufa…estou cansado…mas
não posso parar. – Confessa o tempo
- Vai mais devagar. –
Sugere uma tartaruga
- Não posso. Este mundo
anda cheio de pressa…não sei para quê! – Diz o tempo
- Mas para quê…? Tanta pressa…!
Com tanta pressa…não vêem nada. – Diz um mocho
O tempo já desapareceu da beira deles, sem darem por isso. O tempo
é mesmo assim. Não o vemos, mas sentimos bem a sua passagem, mas já a preguiça
é muitas vezes nossa amiga, ou inimiga, mas conseguimos vê-la e senti-la.
FIM
Lara Rocha
(29/Novembro/2014)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras