Era uma vez uma menina muito livre, que adorava passear, mas voltava sempre para a sua casa, onde viviam os pais. Por onde passava todos ficavam a olhar.
Tinha uns enormes cabelos pretos,
como a noite, brilhantes e lisos, olhos verdes como a relva e como as árvores,
e uns lábios rosados. Usava óculos, feitos com casca de romãs, redondos, e uns
brincos que eram uns cachos de uvas roxos.
Vestia um longo vestido branco,
cheio de coisas bonitas pregadas: gotas de chuva, nuvens, sóis, estrelas,
bolinhas de milho, sementinhas de romã, folhas verdes, amarelas, vermelhas e
roxas, e castanhinhas.
Ela era misteriosa, mas muito boa
menina. Numa cidade gigante, onde anda sempre muita gente, vivem muitas crianças
na rua, e ficava muito triste com o que via.
Rodou o vestido com os braços no ar, abanava-se e caiam
do vestido várias nuvens fofas.
- Estas são umas camas para
vocês, meus pequenos. – Dizia a menina
Mexeu no vestido e tirava mais uns
pedaços de nuvens para as crianças se cobrirem. Puxou muitas folhas de árvore e
transformou-as em cobertores para aquecer.
Tirou muitas gotinhas de água do seu vestido, e deitou-as
nas cascas de romãs para os meninos beberem água, e terem água para tomar
banho. Agarrou em muitos pequenos sóis e guardou-os noutras nuvens para os
meninos se aquecerem, e aquecerem água para o banho ou para comer.
Plantou em pedaços de terreno onde estavam os meninos,
milho, e frutas, castanhas, nozes, e pão. Tocou na árvore onde dormiam e abriu
uma porta. Lá dentro pôs muita comida, muita bebida, muita roupa e brinquedos,
para os meninos.
Eles estavam muito agradecidos, e muito felizes.
-
Tudo isto também é para os vossos pais! – Diz a menina
- Óh! Que linda menina…cheia
de luz! Muito obrigado.
- Onde estão os
vossos pais?
- Foram pedir esmolinhas
para nos alimentar e vestir.
- Não vão precisar de fazer
mais isso!
- Porquê? – Perguntam em
coro
- Porque vão ganhar uma casa
e poderão trabalhar com respeito e dignidade.
- Áh! Uma casa…?! – Dizem os
meninos espantados
- Sim, uma casa.
- Mas…a nossa casa é esta!
- Não…era esta…olhem para
ali!
Os meninos olham e vêem uma linda casa de madeira com
porta, janelas, varanda, telhado e luz.
- Ááááááhhhh…
- Que linda!
- Como é que ela apareceu
aqui?
- Esta casa veio nas asas da
princesa Outonia.
- Quem é essa?
- Olhem à vossa volta! Ela está
aqui. Tudo o que está aqui, foi ela que trouxe, e tudo o que eu vos dei,
também. Vá…entrem na casa…
Os meninos desatam a correr, a gritar de felicidade, e a
saltar. Entram na casa, e ficam quase estátuas com o que vêem.
- Áh! Uma casa!
- Uma casa verdadeira!
Correm a casa toda, experimentam as torneiras, acendem as
luzes, abrem os armários, sentam-se no sofá, e nas camas.
- Que maravilha…!
- Áh! Que cama tão boa.
- E olha, temos casa de
banho com banheira, bidé e água…
- Que bom!
- O papá e a mamã vão ficar
muito felizes.
Chegam os pais das crianças e estão sem palavras, a olhar
para a casa.
- Áh…mas o que aconteceu
aqui?
- Como é que isto apareceu?
- Quem pôs isto aqui?
- Mamã, papá…temos uma casa!
- Foi a princesa Outonia que
a trouxe nas suas asas.
- Ela está aqui!
(Ouve-se uma voz doce)
- Sejam muito felizes…!
Almas de luz. Almas boas.
Todos abrem um grande sorriso, e
exploram a casa, felizes. Arrumam tudo o que a menina deixou na árvore em todos
os sítios da casa. A mãe cozinha um belo petisco, enquanto o pai e as crianças
brincam juntos. E desde esse dia, os pais encontraram emprego, os meninos foram
para colégios e escola, e nunca mais pediram na rua.
A menina era misteriosa e mágica,
tal como é a estação que está a começar…o Outono.
FIM
Lálá
(23/Setembro/2014)
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