Era
uma vez um rebanho de muitas ovelhas, grandes e pequenas que pastava sem pressa
no seu campo de sempre. Na montanha que ficava muito mais acima desse campo
viviam alcateias de lobos que respeitavam os lavradores, e não atacavam os
animais, mesmo que tivessem muita fome.
Para agradecer esse respeito pelo
gado, os lavradores deitavam-lhes comida que sobrava, ou ossos, na estrada
entre a montanha e a casa. os lobos já sabiam disso, e só comiam mesmo o que
lhes davam.
Um dia, os animais ficaram muito
agitados, estranhos, inquietos, nervosos…os cães ladravam sem parar, uivavam,
andavam de um lado para o outro, os lobos também uivavam e não conseguiam estar
quietos!
Os lavradores começam a ficar muito
preocupados.
- O que se passa com
os lobos hoje? – Pergunta um senhor
- Não sei! Estão muito
agitados…inquietos… - responde outro senhor
- Não gosto nada de
os ver assim! – Diz uma senhora muito preocupada
- Lá estás tu com
essas ideias malucas. – Resmunga o seu marido
- Vais ver como vai
acontecer alguma coisa! – Garante a senhora
- Cala-te. Não vai
acontecer nada.
- O que será que vai
acontecer? – Pergunta uma velhinha muito assustada
- Não é muito bom
sinal quando os bichos ficam assim! – Acrescenta a sua irmã também muito
assustada
- Dizem que eles
pressentem…coisas…
- Más! Sim,
pressentem coisas más.
- Ai, que todos os
anjos nos protejam…
- Ámen! – Dizem em
coro
- Vá, deixem-se
dessas coisas…às vezes os bichos também ficam nervosos sem motivo aparente.
Como nós seres humanos. – Diz um rapaz jovem
- É! – Respondem em
coro, para disfarçar o medo
- Mas eles são muito
mais sensíveis que nós! – Diz outra vez a velhinha assustada
- Avó, não se
preocupe…
- Vamos mas é
trabalhar. – Sugere um senhor
- Vamos.
Cada um segue para o seu trabalho,
mas na verdade estavam mesmo muito preocupados e assustados. Os animais tinham
a sua razão para estarem agitados, nervosos e inquietos! Nesse dia que começou
com um lindo céu azul, um sol brilhante…de repente levanta-se um vento
fortíssimo, começa a levantar terra e a fazer redemoinhos.
Os lavradores estão divididos,
tentam prender o gado, e salvar-se a eles próprios. Mas o vento é tão forte que
os empurra para trás, fá-los cair, atira-os contra as árvores, e uma grande
confusão.
Começam todos aos gritos, quase não
conseguem andar, e numa grande aflição. Os animais correm de um lado para o
outro, chocam uns com os outros, e não sabem para onde fugir.
Forma-se um nevoeiro cerrado, um céu
escuro. Os habitantes fogem para onde podem. Os lobos descem da montanha e vão
em socorro dos animais e da população.
Para surpresa de todos, cada lobo
arrastou os habitantes na sua boca, pela roupa, para abrigos dos animais porque
estavam desviados das casas e tinham de se proteger de alguma maneira.
Uns lobos correram atrás dos animais
a uivar, e com ar de ferozes, para os levar para os abrigos. As lobas levaram
animais pequenos na boca, pelo lombo para os abrigos, com tanto carinho e
cuidado, como se fossem os filhos delas, e quando estavam finalmente a salvo,
lambem-nos.
Quando surge o primeiro trovão que
iluminou o céu todo, e dá um sonoro estrondo…já todos estão recolhidos. Os animais
pequeninos vão para juntos dos pais, aliviados. Os habitantes abraçam-se e
trocam carinhos, e palavras agradáveis.
- Estamos a salvo! –
Gritam todos
- Mas que grande
confusão! – Comenta uma rapariga
- Foram os lobos que
nos avisaram e que nos salvaram! – Diz uma senhora de idade.
- Os lobos? –
Perguntam todos
- Sim! Os lobos. –
Responde a irmã da senhora velhinha
- Não os vi! Então foram
eles que nos trouxeram para aqui? – Perguntou um menino
- Sim! – Respondem todos
- Onde estão eles? –
Pergunta outra rapariga
Um senhor velhinho, abre a porta do
estábulo, e os lobos estão todos à porta.
- Entrem, meus anjos…!
Nossos anjos! – Diz o senhor velhinho
Os lobos entram. Cada habitante
abraça, beija e acaricia cada lobo. Os lobos retribuem os mimos felizes, e com
lambidelas.
- Muito obrigada! –
Gritam todos os humanos
- Salvaram-nos! –
Suspira uma criança
- E também salvaram
os nossos animais. – Lembra outra senhora
- Sim, é verdade! –
Concordam todos
E uma terrível tempestade cai sobre
a montanha, mas felizmente está tudo a salvo! Pessoas e animais.
- Pois é amigos…às
vezes a ajuda que precisamos, vem de quem menos esperamos! - Diz uma velhinha
- É verdade! –
Concordam todos
- Pensei que ia ser
devorado pelos lobos! – Comenta um menino ainda assustado
- E eu engolida! –
Diz outra menina pequenina.
- Eu senti alguma
coisa a agarrar-me, e a arrastar-me, mas nem pensei que fosse um lobo…que sorte
não termos virado almoço. – Diz uma rapariga
- Eles são animais,
mas têm coração…- Diz outra velhinha
- É! Mais coração
que muita gente. – Comenta outra rapariga
- Eles são luz…são
bons para quem é bom com eles! – Diz outra senhora
- É verdade! Eu já
fui salto muitas vezes por cães…mas um lobo nunca tinha sido salvo! – Diz outro
senhor velhinho.
A chuva cai torrencialmente lá fora,
com vento e trovoada, granizo e até neve. Enquanto dura a tempestade, todos
conversam alegremente, e quando passa…que bela surpresa…um sol brilhante, e
tudo coberto de neve.
Todos abrem um grande sorriso, e brinca felizes
na neve, todos juntos. Até os animais com os lobos. Fazem bolas de neve e
atiram uns aos outros, escorrega, dão muitas gargalhadas, fazem bonecos de
neve, e um senhor velhinho, faz uma alcateia de lobos em neve, para lhes
agradecer.
Os lobos
ficam orgulhosos e felizes. Lambem o senhor, e por serem tão bons, passam a
fazer parte da família. Sempre que faltava alguma coisa, ou sempre que
precisavam, os lobos estavam lá para isso.
Que bela ajuda não
foi?
FIM
Lálá
(2/Setembro/2014)
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