foto de Lara Rocha
Era uma vez um enorme parque de uma
grande cidade onde viviam milhares de flores, pássaros e borboletas, de muitas
cores. Entre as borboletas, uma…tornava-se sempre no centro das atenções dos
visitantes, porque era muito diferente das outras.
Só tinha uma asa e meia. Uma das suas asas era muito
mais pequena que a outra, enquanto as outras borboletas tinham as duas asas
perfeitas, do mesmo tamanho, e lindas.
Mas o ser diferente de todas as outras,
não a incomodava, nem o ser o centro das atenções, ou o ouvir dizer:
«coitadinha!». Ela era tão, ou mais feliz como as outras, mas as outras não a
queriam como amiga, porque tinham ciúmes.
Só porque tinha uma asa mais pequena que
a outra, toda a gente fixava os olhos nela, tiravam-lhe fotos e aplaudiam os
voos pequenos e desajeitados que ela dava ser querer.
Um dia, o jardim foi invadido por dezenas
de borboletas com defeitos, numa grande felicidade: algumas só tinham uma asa,
outras meia asa, outras duas asas pequenas e um corpo grande, outras com asas
muito grandes em relação ao corpo, outras com as antenas de tamanho diferente,
outras com cores feias, e outras com pintas estranhas.
A borboleta de asa e meia fez logo amizade com todas essas
diferentes, conviveram alegremente umas com as outras, trocaram carinhos e
elogios sinceros, e divertiram-se todas como nunca, com danças e brincadeiras,
muitas gargalhadas e aplausos.
As outras borboletas observaram-nas atentamente, invejosas
por serem perfeitas, e não repararem nelas. Pensaram que se calhar estavam a
ser injustas, e estariam enganadas em relação à borboleta de asa e meia!
Decidiram experimentar conviver com ela e conhecê-la,
juntando-se também às outras. Nesse convívio repararam que nenhuma era igual à
outra, e que todas tinham algum defeito ou vários, mas mesmo assim eram muito
amigas e tão felizes.
As borboletas estavam realmente muito enganadas em
relação ao que pensavam sobre a borboleta de asa e meia e as outras que tinha,
chegado há pouco. Gostaram tanto delas, foram tão bem recebidas pelas que
tinham defeitos, que nunca mais as largaram.
Até passaram a dar espectáculos visuais maravilhosos,
lindos, todas juntas, para quem visitava o jardim, e tal como a borboleta de
asa e meia, foram também o centro das atenções.
Quando reparam nelas próprias, também descobriram uma
série de defeitos…mas nenhum deles fazia com que elas deixassem de ser
simpáticas, meigas, atraentes e amigas.
Afinal…todos somos
diferentes, para quê por de lado alguém que não teve a mesma sorte que nós, de
ter um corpo completo? Não é por lhe faltar alguma coisa fora…aos olhos dos
outros, que vai faltar por dentro, às vezes até têm mais por dentro e isso é o
que se dá aos outros, não é o fora!
O coração é igual
para todos…mas cada um preenche-o como quer. Somos todos iguais porque somos todos
humanos, com sentimentos, mesmo com as nossas diferenças.
FIM
Lálá
(2/Setembro/2014)
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