Era uma vez uma praia paradisíaca,
selvagem, onde ainda nenhum ser humano tinha entrado, pois o seu acesso não era
fácil, e era um caminho muito perigoso. Nesta
praia de areias brancas e águas limpas, transparentes, apenas viviam os animais
marinhos, e animais voadores como gaivotas, borboletas, águias, e pássaros.
Aqui havia sol, sombra, paz e silêncio.
Uma
tarde de muito calor, uma mulher de rara beleza, misteriosa, e com poderes
especiais, conseguiu pousar naquela praia, na qual já tinha reparado há muito
tempo, mas ainda não tinha visitado. Esta
mulher vivia numa gruta de uma montanha muito alta, com a sua família porque
teve de fugir da aldeia onde vivia, por causa dos seus poderes.
Todos os habitantes
tinham muito medo dela, e da sua família, mas na verdade eles não faziam mal a
ninguém. Apenas tinham uma sensibilidade extra, para fenómenos naturais que
assolavam muitas vezes a aldeia.
Eles sentiam as
mudanças climáticas, daí que pensassem que eles eram feiticeiros e até diziam
que a culpa era deles, por isso, foram expulsos. Tinham fugido, mas
viviam felizes na montanha…lá tinham tudo o que precisavam, até televisão,
viviam em paz, produziam alimentos, tinham muita água, animais e raramente
precisavam de descer à cidade.
A linda mulher
ainda jovem, sentia que precisava de ir a essa praia…alguma coisa mais havia,
para além da sua curiosidade de conhecer a praia. Estava maravilhada com o
espaço…e foi-se refrescar nas águas. As sereias que por lá vagueavam e
brincavam com os golfinhos, ficaram deliciados com a sua beleza. Mas viam de
longe…
- Um peixe? – Pergunta uma
estrela-do-mar.
- Não…claro que não é um peixe…é…um
intruso. – Diz o golfinho branco.
- Intruso? – Gritam todos.
Os
animais ficam numa grande agitação, mergulham e saltam.
- Estes rapazes não podem ver uma
mulher…! – Comenta uma sereia de cabelo ruivo.
- Pois! Ficam logo fora deles. –
Comenta outra sereia de cauda prateada e azul.
- Até fazem cenas para chamar a
atenção delas! – Acrescenta outra sereia de cabelo preto.
- Mas espera aí…é uma…mulher! –
Reflete a sereia violeta.
- Sim! – Confirmam todas!
- Não pode ser…! – Murmura a sereia
violeta.
- Mas é! – Respondem em coro.
- Como é que ela entrou aqui? –
Pergunta a sereia de cauda vermelha.
- Pois…se é uma mulher…! – Pensa
alto, a sereia verde.
- Realmente! – Respondem em coro.
- Nunca nenhum humano entrou aqui. –
Diz a sereia de cauda cor-de-rosa.
- Pois não! – Respondem em coro.
- Mas ela tem cara de mulher! –
Lembra a sereia de cauda amarela.
- Pois tem! – Respondem em coro.
- E é muito bonita! – Comenta a
sereia de cabelo preto.
- Sim! Muito bonita! – Confirmam
todas.
- Será que é uma sereia como nós? –
Pergunta a sereia azul-marinho.
- Não parece! – Respondem em coro.
- Ela não é uma mulher qualquer…como
as outras. – Repara a sereia gota.
- Não? – Perguntam em coro,
surpresas.
- Não! – Respondem a sereia gota.
- O que é que tem de diferente das
outras? – Pergunta a sereia de cauda cor-de-rosa.
- Ela é especial de certeza! Se não
fosse…não teria entrado aqui! – Explica a sereia de cauda cor-de-rosa.
- Mas o que é que tem de especial? –
Pergunta a sereia de cauda prateada e azul.
- Não sei explicar, mas sinto algo
de muito diferente! – Explica a sereia de cauda cor-de-rosa.
- Mas de bom ou mau? – Perguntam
todas.
- Bom! Muito bom! – Responde a
sereia de cauda cor-de-rosa.
Debaixo
de água, lá, onde moram as sereias, vive Mara, uma sereia igualmente misteriosa
e mágica, que está atenta a tudo.
- Huuummm…uma mulher especial? –
Pergunta-se enquanto vê a praia – Sim, se entrou aqui é mesmo especial! Vou ter
de te fazer um teste…! É linda! Muito linda! Nunca a tinha visto por aqui. O
que será que vens cá fazer? Áááááhhh…espera aí…eu conheço-te! Mas…de onde?
A
rapariga misteriosa volta a sair da praia, e regressa para a sua casa da
montanha. Nessa noite, ela não consegue dormir, e sai silenciosa de casa, para
a praia. Ao chegar à praia, só se ouve o barulho do mar.
- Talvez agora consiga ganhar sono!
Não sei o que se passa comigo hoje. Parece que estou agitada…mas não há razão
nenhuma para tal! – Murmura a rapariga.
Debaixo
de água, a sereia Mara sente a presença da rapariga, e vai silenciosa até à
superfície da água, e daqui vê a mulher linda, cheia de luz, e sorri:
- Uau! Que luz maravilhosa! Sim…és
mesmo especial…és tu…sim…és mesmo tu…eu sabia que te conhecia de algum lado! És
aquela que apareces muitas vezes nos meus sonhos! Boa! Agora vou ser livre,
feliz…!
A
sereia dá um mergulho, olha-se no espelho, e no espelho aparece um bebé lindo,
a sorrir. Ela estende os braços, pega no bebé carinhosamente, envolve-o, nos
seus braços, e este fica cheio de luz. Marisa coloca-o numa linda concha
enorme, e leva-o para a superfície. Pousa a concha na água, e as ondinhas
levam-no para a areia, fechada, juntando-se com outras conchas.
- Vai…! Estaremos sempre juntos! –
Diz a Marisa ao bebé.
E
a rapariga olha para a praia toda, e vê uma luzinha na areia. Caminha em
direcção à luz e ajoelha-se.
- O que é isto? – Pergunta a
rapariga muito surpresa. – Uma concha enorme, cheia de luz!
Olha
em volta, e tenta tocar na concha, um pouco a medo.
- Nunca vi uma concha assim! Que
linda! – Diz a rapariga a sorrir.
Marisa
aprecia da água, a sorrir.
- Abre! – Diz Marisa.
A
rapariga ouve-a, e abre a concha. Nem quer acreditar no que vê, quando a abre.
A luz aumenta e aparece o bebé sorridente, lindo…
- Áááááhhh…! O que é isto? –
Pergunta a rapariga.
- Um bebé numa concha. – Responde
Marisa.
- Sim, é um bebé cheio de
luz…mas…numa concha…porquê?
- É para ti…- Responde Marisa.
- Mas, eu não pedi nenhum bebé! –
Diz a rapariga.
- Esse bebé fui eu que criei.
- E porque o deixaste aqui? Devia
estar contigo!
- Não! Eu não posso ficar com ele!
- Aparece por favor…preciso de te
ver.
A
sereia Marisa aparece.
- Áááááhhh…és uma sereia? – Pergunta
a rapariga muito surpresa.
- Olá mulher linda de luz! – Diz
Marisa.
- Olá! Chamo-me Lúcia…
- Eu sou Marisa.
- És uma sereia?
- Sim! E tu uma mulher linda de luz.
- Obrigada (sorri) Como é que sabes
que tenho luz?
- Eu vi.
- Tu também és muito bonita. Mas…o
que significa isto?
- Esse bebé é para ti.
- Mas…se ele é teu, porque tenho de
ficar eu com ele?
- Ele não é meu filho, mas esse bebé
faz parte dos meus sonhos, e tu apareces muitas vezes nos meus sonhos, por isso
ele é para ficar contigo!
- O quê?
- Eu e tu somos almas gémeas! Já
ouviste falar?
- Sim! Também tenho algumas nos meus
sonhos e à minha volta! Mas como é que sabes que somos almas gémeas? Eu nunca
sonhei contigo!
- Tenho a certeza que és tu…sinto a
tua luz e a tua energia, é a mesma que sinto agora! Fazes-me companhia,
proteges-me…esse bebé é a minha libertação para o mundo fora do mar!
- Sim, eu também não conheço todas
as minhas almas gémeas, mas nos meus sonhos aparecem muitas, e sinto-as no
real.
- Pois! É o que acontece comigo. Tu
tens de ficar com esse bebé!
- Mas, ele é teu filho…e os filhos
não se dão assim.
- Não! Ele é parte de mim, mas não é
meu filho…sou uma sereia. Este é um bebé de luz, tem de ser libertado! A luz
dele não pode ficar debaixo da água. Um bebé de luz só pode andar livre, com
alguém muito especial.
- Mas este bebé é real!
- Não! Parece de carne e osso, mas
tu viste a luz dele.
- Sim, era ele que estava na concha.
E eu vi a concha cheia de luz.
- Ele é muito especial. Nem todos o
verão, mas levas a concha e só te peço para andares sempre com ele. Ele é a forma
de nos comunicarmos e de estarmos juntas. Eu quero conhecer o sítio onde vives.
Ele dará sempre luz…sempre que abrires a concha.
- Mas eu posso vir aqui também, não
posso?
- Claro que sim! Até porque ainda
ninguém tinha conseguido entrar aqui, mas tu entraste, por isso és mesmo
especial.
- Obrigada…está bem, eu fico com a
concha e com ele.
- Muito obrigada!
As
duas têm uma longa conversa e riem muito. Passeiam pela praia até de manhã. As
sereias cantam felizes, e dançam alegremente, junto dos golfinhos. As duas
vêem, e aplaudem maravilhadas! Na manhã seguinte, a Lúcia leva a concha que
Marisa lhe ofereceu, para casa com o bebé.
A partir deste dia,
ela e a sereia tornam-se amigas inseparáveis e através do bebé da concha passam
horas a falar uma com a outra, mostram coisas bonitas do sítio onde vivem, e
partilham alegrias e tristezas.
As sereias e os
golfinhos vêem muitas vezes três luzes a passear pela praia, lindas e puras,
que transmitem paz e boas energias. A praia das conchas tornou-se assim ainda
mais especial.
Pessoas de luz
atraem-se, é por isso que umas vezes gostamos de certas pessoas logo da
primeira vez que falamos com elas ou que as vemos, e outras nem tanto, ou mesmo
nada…nem conseguimos estar próximas.
FIM
Lálá
Sem comentários:
Enviar um comentário
Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras