Era uma vez um espantalho que vivia num campo onde havia muitas abóboras, carnudas, grandes e enormes, lindas, que dava mesmo vontade de comer. Os cães tomavam conta dele, e não deixavam ninguém tocar-lhe ou roubá-las. Ladravam sem parar, rosnavam e atiravam-se se fossem teimosos. Uma vez, uns pássaros tentaram comer uma abóbora, e tirar palha do espantalho para construir ninhos.
-
Fora daí…! Au…Au…au… - Gritavam os cães
-
Deixa o espantalho! – Gritava outro cão
-
As abóboras não são para vocês…ponham-se a voar daqui para fora. – Rosnou outro
cão.
-
Óh…por favor…eu preciso de palha e erva para fazer um ninho! – Pediam os
passarinhos
-
E eu preciso de palha para cobrir os meus filhos nos ninhos, aquecê-los…por
favor…deixem-nos levar daqui um bocadinho de palha! – Implora outro passarinho.
-
Não pensem que essa vossa história nos comove. Fora! – Gritou outro cão
-
Há muita palha e erva por aí! Nesta não tocam! – Acrescenta outro cão.
Os passarinhos levantavam voo, tristes, e
tentavam voltar para roubar palha, mas os cães estavam sempre atentos e
rosnavam e ladravam, perseguiam-nos até que eles saíssem do campo.
-
Teimosos! – Resmungavam os cães.
-
Voltaram? – Pergunta um cão a rosnar
-
Querem ser a nossa refeição? – Pergunta outro cão
-
Vá lá! Só um bocadinho…por favor! – Pediam os passarinhos
-
Não! – Gritam os cães
-
Da próxima vez que voltarem, vão ser o nosso jantar, ou dos nossos donos. –
Resmunga outro cão ameaçador
Os passarinhos lá iam procurar palha para
outro lado, mesmo assim às vezes ainda tentavam aproximar-se, só que
rapidamente eram corridos. Mas não eram só os passarinhos que queriam comer a
palha do espantalho.
Os burrinhos e os cavalos também tentavam
comer a palha mais baixa, a dos pés e pernas do espantalho, que era onde
chegavam melhor. Os cães não deixavam. Ladravam, rosnavam e corriam atrás dos
cavalos e dos burrinhos, que fugiam muito assustados e só paravam quando
sentiam que estavam seguros, longe dos cães.
Às vezes a vontade dos cavalos e dos burrinhos
comerem a palha do espantalho era maior do que o medo e do que os cães, por
isso, voltavam a tentar várias vezes, mas os cães não deixavam.
-
Fora daqui! – Gritavam os cães a ladrar muito irritados
-
Teimosos. – Resmungavam
-
Esta palha não é para comer… - Relembrava outro cão
Os burrinhos e os cavalos tentavam de várias
maneiras conquistar a amizade dos cães, para ver se tinham sorte, e se estes os
deixavam comer a palha que eles tanto queriam, mas não adiantava nada…! Os cães
não caiam!
Numa noite, uma bruxa sobrevoou o campo na sua
vassoura:
-
Áh! Mas que beleza de espantalho! Vais ser meu…ih, ih, ih, ih, ih, ih, ih…ih,
ih, ih… - comenta a bruxa
Os cães ficam muito atentos, e agitados:
-
Que coisa é aquela que está ali parada? – Pergunta um cão
-
Acho que…não sei…! – Responde outro cão
-
Tem um aspeto assustador! – Diz outro cão
-
É uma bruxa! – Reconhece o espantalho
Os cães ficam muito agitados e assustados,
juntam-se mais à volta do espantalho com os dentes de fora, a rosnar, mas a
bruxa não teve medo, deu umas sonoras gargalhadas e adormeceu os cães agitando
a sua vassoura, antes que eles tivessem tido oportunidade de defender o
espantalho.
-
Óh! Não acredito! O que aconteceu aos bichos? Costumavam proteger-me e agora deixam-me
ir com este ser que não conheço! Ai…ela vai dar cabo de mim! Maldita. – Diz o
espantalho muito assustado
A bruxa leva o espantalho consigo, levantando
voo às gargalhadas, toda satisfeita. Já no seu buraco onde vivia, a bruxa tinha
algumas dezenas de espantalhos.
Ela tentou destrui-lo e transformá-lo em mau,
mas os outros espantalhos que ela já tinha lá, gostaram tanto deste que não
deixaram que ela lhe fizesse mal.
Um dos espantalhos adormeceu a bruxa com um
sopro muito mal cheiroso, que ela própria lhe tinha dado, e assim conseguiram
todos fugir para o campo de onde tinha sido levado o espantalho, que estava
cheio de abóboras iluminadas, e onde todos festejaram toda a noite.
De manhã todos dormiram no campo, em cima de
molhos de palha, sem ninguém dar por eles. A bruxa não desistiu, estava louca
de fúria, tentou várias vezes atacar o campo e destruí-lo, mas a união dos
espantalhos que tinham ganho alguns poderes, evitou que a bruxa conseguisse
vencer as suas maldades.
Ela ficou muito irritada, frustrada, e
surpresa, porque achava que era muito poderosa e afinal estava a ser vencida por
espantalhos que tinha transformado para serem seus escravos.
E
as festas continuaram!
Fim
Lálá
(30/Outubro/2016)
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