Era
uma vez uma árvore muito velha por fora, mas no seu tronco que estava oco, por
dentro estava tudo mobilado e vivia uma família de esquilos com oito
esquilinhos, brincalhões, cheios de energia, saltavam, corriam, trepavam às
árvores, subiam e desciam, escondiam-se em tocas, entravam e saiam, e ainda
ajudavam os pais.
Depois
de uma tarde de Outono chuvosa, com muitos saltos em poças de lama, corridas e
escorregadelas em cima de folhas molhadas os esquilinhos lavaram e deixaram as
suas galochinhas à porta de entrada a secar.
Cada
par de galochinhas tinha cores diferentes, mas tamanhos quase iguais, porque os
esquilinhos eram de idades muito próximas e não cresciam muito. Tomaram um belo
banho quente, jantaram e foram dormir, porque estavam muito cansados, de tanto
salto e brincadeira.
Enquanto
dormiam, um gato, uma gata e quatro gatinhos bebés, miavam cheios de frio,
caminhavam devagar. A chuva estava cada vez mais pesada, e muito frio, os gatos
decidiram descansar e abrigar-se por ali.
O sítio
escolhido foi mesmo…as galochinhas dos esquilinhos, como estava um pouco escuro
não viram o que eram, nem sabiam que aquilo eram galochas para se usar nos pés,
porque era uma entrada protegida.
O pai
gato virou as galochinhas, deitou-as no chão, e os gatinhos bebés entraram,
instalando-se no cano das galochas. Os pais gatos fizeram uma espécie de
círculo fechado, com as galochinhas para protegerem mais os bebés, entraram
noutras galochas, e ficaram bem juntinhos.
Que
confortáveis e quentes ficaram nas galochinhas, enquanto caiam trombas de água,
umas atrás das outras, que faziam muito barulho, juntamente com o vento forte. Todos
dormiram até de manhã.
Na manhã seguinte, os esquilinhos preparavam-se
para sair depois de uma noite bem dormida, e um belo pequeno-almoço. Quando iam
para pegar nas galochinhas, ficaram gelados, sem se mexer, de boca aberta, a
olhar para as galochinhas.
- O que é isto? – Perguntam todos
- O que temos aqui? – Pergunta um esquilinho
- Pêlo… - Exclamam todos enojados
- Pêlo nas galochas? – Pergunta outro esquilinho
- Elas não têm pêlo… - Diz outra esquilinho
- Pois não! – Confirmam todos
- Como assim…pêlo…? – Pergunta uma esquilinho
- Que nojo! – Exclamam todos
- Pêlo de quem? – Pergunta outra esquilinho
- Acho que nem quero saber… - Exclama outra esquilinho
- Acho que não volto a calçá-las. – Comenta outro
esquilinho
- Nem eu! – Dizem todos
- E agora? – Pergunta outro esquilinho
- O que vamos fazer? – Pergunta outra esquilinho
- Serão…- pensa alto outra esquilinho
- Ratos…? – Perguntam todos
E começam todos a gritar, os gatos
estremecem, e escondem-se mais dentro das galochas, e voltam a aparecer, e a
esconder-se.
- O que foi? – Perguntam os pais esquilos
- Estão ali umas coisas com pêlo…! – Explica um
esquilinho
- Onde? – Pergunta a mãe esquilo
- Ali…nas nossas galochas. – Aponta uma esquilinho
- Quando nos íamos calçar, vimos pêlo… - Diz outra
esquilinho
- Que nojo! – Dizem todos
- Meteram-se lá para baixo agora.
- Já estiveram aqui em cima, no cano.
- Apareceram, desapareceram…
- Serão ratos? – Pergunta a mãe esquilo
E aparecem os gatinhos baralhados e
assustados, a tremer:
- Óh! São gatinhos! – Diz o pai esquilo
- Gatos? – Perguntam todos
- Sim! São inofensivos! – Diz o pai esquilo
- O que é isso?
- Que não fazem mal!
- Como é que foram aí parar?
E o pai gato explica:
- Peço desculpa! Este sítio é vosso?
- Sim! – Respondem todos
- É a nossa casa.
- O que estão aqui a fazer?
- É! Ainda por cima nas nossas galochas, para pormos os
pés?
- Eu posso explicar…é que esta noite choveu muito,
estava muito frio e escuro, tivemos de parar. Encontramos esta entrada que pelo
menos era protegida, e pensei que os meus bebés se podiam aquecer ali…quer
dizer…nisto…
- Nas galochas. – Dizem todos
- Mas nós vamos embora!
- Não! – Dizem todos os esquilos
- Se não têm para onde ir, podem ficar aqui! – Diz a
mãe esquilo
- Claro! – Confirma o pai esquilo
- Nas nossas galochas?
- Não!
- Pedimos desculpa por ter gritado! – Diz um esquilinho
- Assustamo-nos! – Diz outro
- Mas não faz mal…! Se não nos fazem mal. – Diz outras
esquilinho
- Vamos arranjar um sítio para vocês! Aqui…nesta árvore
ao lado, vejam se gostam! – Sugere o pai esquilo
- É. Está desocupada, mas é seguro ficar lá. – Diz a
mãe esquilo
- Óh! Está maravilhosa…vamos ver…
Os esquilos acompanham os gatos com os
seus bebés e os gatos decidem ficar na árvore ao lado, com um tronco oco, mas espaçoso
e quase todo fechado. Estava seco.
- Sim! Aqui estamos protegidos! O que acham? – Pergunta
o pai gato
- Sim! – Responde a sua família
- Gostei deste sítio! – Diz a mãe gata a sorrir
- Venham tomar o pequeno-almoço connosco, e depois vou
ver o que vos posso dar! – Diz a mãe esquilo
- Isso! E depois vamos dar aí uma volta para conhecerem
o espaço! – Sugere o pai
- Óh! Não queremos incomodar. Já incomodamos de mais! –
Diz o pai gato
- Nada disso! Vão ser nossos vizinhos. Aqui temos esse
hábito…quando chega alguém de novo, recebemos. Porque a qualquer momento
poderemos precisar uns dos outros! Vivemos no mesmo sítio, conhecemo-nos, e
damo-nos todos muito bem. – Diz a mãe esquilo
- Muito obrigada. – Dizem os gatos
- Venham… - Diz a mãe esquilo
A mãe
prepara um belo pequeno-almoço para os gatos, e todos conversam alegremente. Os
pequenitos esquilos travam logo amizade e ganham confiança com os pequeninos
gatinhos, mostram a casa toda, a paisagem das janelas, os brinquedos, as
árvores, e a mãe esquilo procura roupas de cama, lençóis e cobertores, colchas,
almofadas macias que pode dar, alguns brinquedos, alimentos, utensílios de
cozinha, móveis…
Enquanto
os pequeninos brincam juntos numa grande alegria e correria, com muita energia
e gargalhadas, os pais tratam da mudança e acomodam a casa. Formam a partir
desse dia, uma verdadeira família, com amizade, partilha, convívio, os gatos
foram às festas e fizeram grandes amigos.
Era um bairro grande, com casas nas
árvores, onde viviam animais de várias espécies, mas isso não os impedia de
serem amigos; e eram mesmo! As galochinhas voltaram a ser usadas só para os
esquilinhos calçarem nos pés, mas elas foram um ninho, pelo menos durante uma
noite, para gatinhos que se transformaram em amigos.
E vocês? Se deixassem as vossas
galochinhas à porta da vossa casa, acham que algum bichinho as calçaria ou
poderia instalar-se nelas? Qual? O que fariam?
Fim
Lálá
(22/Outubro/2016)
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