Era uma vez um conjunto de
campos muito bem tratados, com erva fresca, aparada e aos molhos para os
animais: ovelhas, cabras, cabritos, bodes, cavalos, bois, vacas, póneis,
vitelas e burros comerem.
Mas ao fim desses campos
bonitos havia um que estava abandonado, cheio de ervas enormes, umas verdes
outras amarelas, quase do tamanho dos troncos das árvores, alguns com crateras
que pareciam portas. Ao longe via-se uma casa grande em ruinas.
Um dia uns seres de
espécies desconhecidas, muito pequenos, que pareciam bonecos feitos de paus ou
ramos fininhos, não tinham casa fixa, andavam sempre em grandes grupos, foram
passear e pararam a olhar para aqueles campos tão bonitos…mas quando viram o
campo abandonado ficaram tristes.
Os mochos e as corujas
perceberam que algo se passava de estranho, ficam agitadas, mas continuam de
olhos fechados. Uma coruja abre os olhos mas não vê os seres. Volta a fechar os
olhos e a dormir. As outras ouvem alguém a falar, mas o sono não as deixou
perceber.
Os
seres conversam uns com os outros:
- O
que está ali? – Pergunta um ser
-
Tanta erva tão grande e seca!
-
Parece um campo.
-
Devia ser, mas da maneira que está não sei bem o que é!
-
Realmente! Será um campo? Tem uma casa ali ao fundo!
-
Será que vive ali alguém?
-
Não sei se se consegue viver ali…
-
Mas não cuida do que está à volta?
-
Vamos ver mais de perto.
E
todos vão ver.
-
Óh! É mesmo um campo e uma casa abandonada…
-
Óh! Que pena!
-
Porque não cuidamos nós disto?
-
Como?
-
Nem conseguimos entrar com a erva deste tamanho!
-
Acho boa ideia.
-
Deve ter muito bicho ai na erva!
Um
deles pena num pau e começa a afastar a erva para abrir caminho, a olhar
atentamente.
-
Sigam-me…é seguro!
Cada
um pega num pau do chão e abre caminho.
-
Vamos ficar por aqui?
-
Boa!
-
Mas temos de limpar isto tudo.
-
Claro!
-
Como?
-
Não é a primeira vez pois não?
-
Não!
- E
onde vamos fazer casas?
-
Arranjaremos…vamos. Mãos à obra.
Um
deles chama os animais do campo do lado para darem uma ajuda. Todos os animais
ajudam a rapar a erva. Óh, que surpresa…a terra estava coberta de cascas de
troncos, bolotas em carapuças, ouriços-cacheiros, castanhas, folhas, e musgo
nos troncos.
Os seres aproveitam tudo
para construir uma linda aldeia para eles, com casinhas feitas de cascas das
árvores no chão, dos lados e por cima de carapuças das bolotas, dentro das
crateras das árvores.
Nessa
noite, as corujas e os mochos veem algo novo.
- Ááááhhhhh!
– Exclamam todos
-
Estou a sonhar ou isto está muito diferente?
-
Está realmente muito diferente.
-
Mas o que aconteceu?
-
Boa pergunta! Este não é o espaço que eu conheço.
-
Será que me enganei no terreno?
-
Não! – Respondem todos
-
Isto não estava assim.
-
Pois não! – Dizem todos
- O
que aconteceu? Perdi alguma coisa…?
-
Só acordaste agora…sim, estamos todos a perceber que alguma coisa mudou aqui.
-
Muita coisa!
-
Estou a ver casas…?
-
Sim! São casas. – Reparam todos
-
Que bonitas!
-
São mesmo.
-
Quem as construiu?
-
Se calhar foram as vozes que eu ouvia!
- E
a agitação que eu senti, mas não consegui ver nada! Já foi de dia.
-
Está tudo muito limpo.
-
Que maravilha! – Dizem todos
-
Finalmente. – Suspira um mocho
-
Grandes habilidosos.
-
Mas construíram tudo num abrir e fechar de olhos.
-
Sim, enquanto dormimos!
-
Mas onde estão as pessoas que as construíram?
-
Já devem estar a descansar.
Entretanto sai um casal de
seres, e outro e mais outro…vários para ver as estrelas. Os mochos e as corujas
dão as boas-vindas e acham-nos muito estranhos, de aparência, mas logo percebem
que são boa gente, ao enchê-los de perguntas. Nas noites seguintes constroem
uma bela amizade, e dispõem-se logo a ajudá-los.
Os
seres estão orgulhosos:
-
Que lindas estão as nossas casas.
-
Pois estão.
-
Assim estamos abrigados do calor e do frio…das muitas que sobraram fizeram
móveis para as casas, como bancos, mesas, cadeiras, camas, e utensílios de
cozinha.
Os mochos e as corujas
confirmaram que a casa estava desabitada, entram e limpam o espaço todo, as
várias fontes de água, tanques e tudo o que estava disponível.
Transformaram
as ruinas num salão de bailes e festas que adoravam fazer, porque todos eram
artistas cheios de talento. Passaram a tratar daquele espaço com carinho,
plantaram coisas, construíram uma verdadeira família com os mochos, e as
corujas que estavam sempre disponíveis, e sempre que a erva começava a crescer,
eles convidavam os animais para a comerem.
Eram
na verdade uns seres encantadores, trabalhadores, preocupados, e assim o campo
que estava abandonado, ficou tão bonito como os outros.
Fim
Lálá
(1/Agosto/2016)
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