quadro pintado por Lara Rocha
Para
elas irem à terra, e andarem por lá, tinham de passar por uma piscina que as
transformava em gotas gigantes de gelatina para não derreterem, e abriam,
largando toda a água que fosse precisa para regar, ou matar a sede a alguns
animais e plantas.
Ultimamente,
as gotas andavam muito preocupadas e zangadas com a falta de cuidado que
estavam a ver no ser humano, em relação à Natureza e decidiram deixar de ir à
terra por algum tempo até que lá em baixo se lembrassem da água e da sua
importância para todos.
Enquanto
esperavam esse momento, aproveitaram para descansar e conviver…então, fizeram
uma grande festa. Todas as gotas foram convidadas as que se transformavam em
gelo e neve, as de chuva, as de nevoeiro e orvalho, as de saraiva e de granizo,
e outras.
Juntaram-se
aos milhares, na gotolândia, vindas nas suas nuvens: umas a reboque, outras a
conduzir…de todo o lado…famílias de gotas e de nuvens, de todos os tamanhos. O
trânsito nos dias anteriores ficou caótico.
Estacionaram
as nuvens, e foram para o grande parque da atmosfera. Nesse parque houve muita
música, tocada por bandas de trovões, que fizeram concursos de despiques e
«combates», jogos de perguntas e respostas, assistiram a concertos de bandas
que tocavam sons da natureza, com instrumental mágico, e ouviram despiques de
bandas sonoras.
Puderam experimentar pistas de gelo,
com muita gargalhada e alguns trambolhões, assistiram a espetáculos de bailados
em lagos gelados dados por gotas dançarinas, e puderam participar.
Além
disso, tinham um mega parque de bolas de sabão com uma porta feita de
arco-íris, escorregas feitas de nuvens, e passaram por caminhos com neve experimentaram
espaços pequenos onde passavam por nevoeiro, sentiram num pequeno túnel o que
era o orvalho e arrepiaram-se com o frio.
Caminharam
por passeios onde havia gelo e um pedacinho onde podiam sentir a neve, vê-la no
chão, a uma altura que quase tapava as portas das casas, viram exposições de
fotografias da terra onde apareciam nas muitas formas.
Passaram
por túneis com vento de várias intensidades: brisa suave, vento fraco, vento
forte, ventania, tão forte que fazia um barulho assustador, e elas até tinham
dificuldade em segurar-se, rodopiavam, eram empurradas para trás, e para a
frente, e andaram em baloiços de nuvens empurrados por vento.
Ficaram
maravilhadas. Tocaram em cristais de gelo, sentiram flocos de neve e brincaram
muito. Comeram, beberam, divertiram-se muito, conheceram e reencontraram muitos
amigos…partilharam conhecimentos e experiencias em tertúlias, sobre tudo o que
fizeram e fazem na terra, e reúnem-se em longos debates sobre o mal que os
humanos estavam e estão a fazer a água, e à própria terra, natureza.
Nesse
momento ficaram tristes e muito zangadas, ao ver imagens que pareciam um filme
de terror, mares e rios poluídos, cheios de lixo, muitas árvores destruídas,
florestas desertas, secas, animais com fome e magros, sítios com pouca ou
nenhuma água, mas elas sabiam por experiência própria que eram bem reais.
Ficaram com muita
vontade de dar uma boa lição ao homem, mas não sabiam como. Achavam que já
estavam a dar, mas parecia que não estava a fazer efeito…não tinham aprendido
nada. A saúde já estava a pagar, mas eles ainda não tinham percebido.
Apesar
disso, a festa continuou, durante vários dias. Ao fim de umas semanas, soam
alarmes vindos da terra, a pedir chuva e água. As gotas fizeram uma grande
festa. Formaram várias tempestades, com trombas de água, inundações, trovoadas,
ventos fortes e até neve.
Foi imprevisível e na
terra, os habitantes ficam com muito medo…cada um pede perdão à natureza e
agradecem a chuva mas uns tempos depois…volta ao mesmo…Na gotolândia ninguém
ficava parado! Tanto trabalhavam, como faziam festas e debates.
Aos
poucos vão tentando ensinar o homem, mas este não aprende. Quer dizer…depende
de cada um de nós, e de todos.
FIM
Lálá
(8/Agosto/2016)
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