Foto de Lara Rocha
Era uma vez um
tronco de uma árvore muito grosso e largo, cheio de braços com garras finas,
que vivia numa floresta. Num dia de Inverno, os galhos observaram atentamente e
muito curiosos, um céu cinzento e nuvens roxas, azuis escuras, violetas.
Eles preferiam o sol, é claro, mas
amavam a natureza, por isso aceitavam e respeitavam! Os galhos sentiram uma
enorme vontade de tocar nas nuvens.
Os braços mais carinhosos queriam pegar
nelas, deitá-las e sentá-las nos seus colos, embalá-las nos seus braços para
dormirem. Os mais delicados queriam tocar-lhes
para saber como eram. Os mais comilões queriam poder prová-las ou trincá-las.
O
mais agressivo, o mais nervoso e o mais resmungão, queriam chegar-lhes e arranhá-las,
rasgá-las, pisá-las, amassá-las e torcê-las. Os mais irrequietos queriam subir,
saltar, correr, escorregar, rebolar.
Os
mais pesados, queriam ir lá, para ver se ficavam mais leves, os mais tristes
queriam abraçar-se às nuvens e conversar com elas. Os mais preguiçosos, os
dorminhocos e os sonhadores, queriam as nuvens para fazer uma caminha, uma
almofadinha e um cobertor.
Cada
um tinha os seus sonhos e desejos. Nesse mesmo dia, depois de uma chuva
torrencial, um nevoeiro muito cerrado envolveu toda a floresta.
Os
galhos pensaram que o seu desejo se ia realizar, que as nuvens tinham ido ao
seu encontro, porque eles estavam presos e não podiam sair, e ficaram muito
entusiasmados, felizes…
Tentaram
fazer tudo o que queriam, mas perceberam que não conseguiam agarrá-las, nem
prová-las, nem tocar-lhes, nem abraçá-las, como tinham imaginado.
Óh…ficaram
mesmo tristes! Tão tristes que começaram a chorar. O tronco ficou encharcado,
parecia que de repente tinha recomeçado a chover outra vez, muito forte.
O
tronco olhou para os galhos e perguntou o porquê de tanta tristeza. Cada um
contou os seus desejos, e todos pensaram que podiam realizá-los…
O
tronco explicou que não eram nuvens. Era nevoeiro, por isso, nem nas nuvens,
nem no nevoeiro podiam ou conseguiam tocar…só na imaginação deles.
Foi
mesmo isso que fizeram! Fecharam os olhos e deixaram-se levar pelos seus
sonhos, sem nunca sair do seu tronco. Lá…cada um conseguiu realizar o que
queria.
E
todos sorriram. O sorriso deles foi tão luminoso, e tão doce, sincero, que até as
nuvens gostaram, afastaram-se envergonhadas, a sorrir, porque sabiam que
aqueles galhos estavam a pensar nelas, parou a chuva…o sol voltou a brilhar,
mesmo que com as nuvens por trás.
Para
retribuírem a lembrança e o carinho, cada nuvem deu um bocadinho das suas cores
através de um sopro, e todas juntas construíram um gigantesco arco-íris, visto
em toda a floresta. Os galhos perceberam que foram as nuvens, agradeceram em
coro e aplaudiram.
E
vocês? Já sonharam com nuvens? Ou imaginaram histórias ao ver as nuvens? O que
é que já descobriram lá?
FIM
Lálá
(11/Fevereiro/2016)
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