Era uma vez uma aldeia onde viviam muitas pessoas com bastante idade e jovens. Todos se conheciam de vista porque cruzavam-se quando saiam de casa.
- Bom dia menino, bom
dia menina! – Diziam os mais velhos com um sorriso que logo ficava fechado e
triste porque não tinham resposta
- Estes jovens estão
surdos, ou são mal-educados?
- No nosso tempo levávamos
logo um bofetão, e era muito bem dado.
- Bom dia dá-se até a um
cão.
- Olhe, hoje esses
animais são mais simpáticos que pessoas.
- É verdade. – Dizem todos
- Eu acho que eles são
mal-educados!
- Mas também não admira
que sejam surdos…vão com aquelas rolhas nas orelhas.
- Eu não sei quem foi o
infeliz que inventou aquela bodega.
- Nem eu, mas parece que
vão noutro mundo.
- Que coisa horrível.
- É. Parece mesmo…passam
por nós, parece que somos um calhau, ou um monte de porcaria.
- É verdade! – Dizem todas
- Esta sociedade está
perdida!
- Está mesmo! – Dizem todas
- Os jovens não têm nada
na cabeça hoje…
- Pois não! – Dizem todas
Na verdade, embora se cruzassem, viviam na solidão,
cada um nas suas casas, muito raramente conversavam. Andavam sempre numa
correria, que até deixava os mais velhos tontos da cabeça…pareciam comboios a
passar.
- Olhem para isto…a
velocidade com que eles andam.
- Terrível.
- Eu até fico atordoada.
- Eu também. – Respondem
todas
- Não sei onde vão com
tanta pressa!
- Para quê, tanta
pressa?
- Parecem uns robôs ou andróides…ou
lá como se chamam aquelas maquinetas dos meus netos…
- Pois é!
- Parece que eles nem
sentem o chão.
- Eu não sentiria se
fosse àquela velocidade com que eles vão.
- A sociedade já não é
sociedade há muito tempo…
- É! É uma tristeza,
agora.
- Estes jovens vão
enlouquecer…!
- Eu acho que já
enlouqueceram.
Um dia, uma coruja viu toda esta
solidão e agitação, e não gostou nada… então, teve uma ideia: foi falar com uma
sábia da floresta e contou-lhe tudo o que viu. A sábia deu-lhe a solução: um
novelo feito de estrelas que a coruja deixaria cair das suas patas à porta de
uma senhora idosa, que a levaria até outra casa de outra senhora, que se
juntaria a outra estrela.
Assim fez…logo que saiu de casa
da sábia levou o novelo nas patas, e ao passar nas portas onde viviam pessoas
mais velhas e deixou cair do novelo uma estrela. Cada habitante via alguma
coisa a brilhar, abriam a porta, e era uma estrela.
Quando pegavam na
estrela, eram levados para se encontrarem com outro vizinho, que tinha outra
estrela…com estes movimentos, formaram um lindo cordão humano, sem dar por
isso, construído pelos fios do novelo que a sábia tinha mandado pela coruja.
Quando os mais velhos repararam estavam todos juntos
no largo da aldeia, onde no tempo das suas infâncias, tinham feito grandes convívios
e festas. Olham à sua volta e viram estrelas por todo o lado.
Deram uma valente gargalhada, trocaram longos e
sinceros abraços, beijos, entrelaçaram os fios uns com os outros, brincaram,
emocionaram-se, conversaram durante longas horas, reviveram os seus momentos
felizes de infância.
Sentiram-se outra vez crianças e Adolescentes. As
estrelas deram luz e calor a esse encontro, e a muitos outros que se seguiram.
Eram um excelente exemplo para os jovens, um convívio feliz, saudável…nada
igual aos de muitos que acontecem agora na sociedade moderna. Mas os jovens não
tinham tempo para isso…pelo menos era o que eles diziam quando convidados.
A coruja não
cabia em si de orgulho, felicidade e ternura. Sempre que podia, fazia de tudo
para juntar as pessoas…discretamente…como ela gostava. Até as noites ficaram
mais luminosas, com o seu olhar, ao ver a ternura e a felicidade daqueles
encontros que quebravam a solidão, e davam vida à aldeia.
Fim
Lálá
(12/Dezembro/2015)
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