Era uma vez um menino
pequenino que se lembrou de ir passear sozinho para o campo, onde os seus pais
e avós trabalhavam. De repente, quando vai a correr, aparece-lhe um lobinho
bebé. Menino e lobo gritam frente e frente, um para o outro, de susto.
-Ááááááááááhhhhhhhhhhhhhh….Aúúúúúúúúúúúúúúúúú…
O menino desata
a correr de medo para um lado, e o lobinho para outro. Pelo caminho, as
sapatilhas saem-lhe dos pés, e o lobinho que correu atrás de si, para lhe pedir
desculpa, tropeçou nas sapatinhas, caiu e rebolou pelo campo fora, só parando
contra uma árvore. Os passarinhos começam a rir às gargalhadas.
- Bem-feito, lobo
atrevido! – Comenta um passarinho a rir
- Ei…eu sou um lobo
pequenino! Qual é a piada?
- Estavas a
perseguir o menino, tropeçaste nas sapatilhas dele…
- Malditas sapatilhas
ou lá o que é…para que é isto serve? Eu não ia fazer-lhe mal.
- Ouvi-o a gritar…! –
Diz outro passarinho
- Eu também gritei. Assustamo-nos
um com o outro. Mas eu ia atrás dele para lhe pedir desculpa. – Explica o lobo
- Tu és malvado…não acredito
em ti. – Diz outro passarinho
- Olha que salto já
aí para cima, para veres quem sou realmente! – Ameaça o lobo
- Não precisas…! Eu vejo-te!
- Estás a dizer que
sou mau…não sou.
-
Ai não? Mas estás a ameaçar-me…
- Não! Ai…ninguém me
compreende…toda a gente tem medo de mim! – E começa a chorar
- Não acredito nessas
tuas lágrimas! – Comenta outro passarinho
- Mas devias
acreditar…ele está mesmo triste! – Comenta uma lobinha que passa naquele
momento
- O quê? – Perguntam os
passarinhos em coro
-
Outro? – Diz outro passarinho
- Outro quê? Vocês
não entendem nada! – Diz a lobinha
- Vocês são maus e
perigosos! – Dizem os passarinhos em coro
- E vocês são
preconceituosos e racistas. Só porque uns totós se lembraram de inventar que
somos maus, vocês já acreditam! Francamente. Ele está a falar verdade. – Diz a
lobinha
- Claro! Estás a
defender os da tua família. – Diz outro passarinho
- Não. Se fosse mau,
eu seria a primeira a dizer, mesmo que fosse da minha família.
- A sério?
- Claro que sim.
- Vou-me
embora! – Diz o lobinho triste
- Vou contigo! – Diz a
lobinha
-
Eu tropecei nesta porcaria… - Diz o lobinho
O lobinho fica todo esfolado, e não corre mais
atrás do menino. Dá um pontapé nas sapatilhas, muito nervoso, e atira-as para a
cabeça de um bode que estava muito tranquilo a pastar.
As sapatilhas ficam encaixadas nos cornos do bode.
Todos os outros animais riem às gargalhadas.
- O que é que está na
minha cabeça? – Pergunta o bode
- Umas coisas
encaixadas nos cornos. – Responde a sua esposa cabra
- Mas o que é?
- São umas coisas…não
sei o quê!
O bode dá com os cornos no chão e as
sapatilhas caem.
- Que coisa estranha…tem
um cheiro diferente! – Diz o bode
- É aquilo que os
humanos calçam nos pés. – Diz a cabra
- Como é que uma
coisa de pés de humanos vem parar aos meus cornos? Que porcaria…cheira mal. –
Resmunga o bode
O Bode dá umas marradas nas sapatilhas
e com um coice, manda-as para longe. Todos riem. As sapatilhas vão ter ao campo
de baixo onde andam cães e cavalos, a correr. Caem no campo, passa um cavalo a
correr e quase esmaga as sapatilhas. Não as vê.
O cão vai a
correr e encaixa as sapatilhas em duas patas. Por causa disso dá uma valente
cambalhota. Os cavalos riem. O cão nervoso sacode as patas e manda as
sapatilhas para o chiqueiro, acertando em cheio no lombo de um porco. O porco
grunhe nervoso, e estremece.
- Que susto! O que é
que me acertou? Pedras? – Pergunta o porco
- Podemos jogar à
bola com isso… - Diz outro porco
- Boa! – Gritam todos
os porcos
Fazem equipas, e jogam à bola com as
sapatilhas, muito divertidos, com muitos trambolhões, cambalhotas e gargalhadas
entre si. Quando o menino recupera do susto e volta para trás, repara que não
tem as sapatilhas.
- Parece que o lobo
já se foi embora…que susto! Agora…vou voltar para casa, espero que aquele malvado
não apareça outra vez. Estou descalço? Onde estão as minhas sapatilhas? Devem estar
por aí…
O menino volta pelo mesmo caminho, a
olhar para todo o lado, para ver se o lobinho não aparecia, e se encontrava as
sapatilhas. Ele vê uma grande confusão e poeirada no chiqueiro.
- Os porcos andam à
luta?
O menino aproxima-se.
- Ei…o que se passa,
porcos?
Os porcos param de jogar e olham para
ele.
- Estamos a jogar à
bola…queres entrar? – Convida um porco
- Está bem!
Ele entra no chiqueiro e nem quer
acreditar…
- Não acredito! Vocês
estão a jogar à bola, com as minhas sapatilhas? Olhem para elas…que nojo…
Os porcos ficam envergonhados.
- Desculpa, miúdo…não
sabíamos que eram as tuas sapatilhas.
- Mas são…como
é que elas vieram aqui parar?
- Boa pergunta…acertaram-me
no lombo e não sei como aconteceu.
- O quê?
O porco conta a história do que
aconteceu. O menino fica muito zangado. Pega numa bola que está no chiqueiro e
joga com eles divertido. O Avô vai à procura dele, e chama-o.
- Estou aqui, Avô!
-
O que estás a fazer no chiqueiro, filho? Olha para ti, todo sujo…
- Estive a jogar à
bola com os porcos. Foi muito divertido, Avô…tens de jogar também com eles.
- Mas que disparate! –
O Avô ri às gargalhadas.
- Quer jogar? –
Pergunta um porco
- Vamos lá! –
Responde o Avô.
Avô e neto jogam à bola com os porcos,
divertidos, com muitas gargalhadas.
- Mas que bem que os
porcos jogam…sim senhora! – Diz o Avô a rir – Mas agora chega. Vamos embora.
- Obrigado, porcos…até
logo.
Os porcos grunhem, felizes. O menino
pega nas sapatilhas e vai com o Avô de mão dada.
- Olha para essas
sapatilhas! Que imundas…
- Avô…elas já andaram
por muitos sítios hoje, até chegar ao chiqueiro…para fugir de um lobo bebé.
- O quê? Tiveste medo
de um lobo bebé?
- Tive…e as
sapatilhas fugiram-me dos pés, enquanto corri.
- O lobinho não te ia
fazer mal.
- Não?
- Claro que não.
- Ele uivou.
- Pois…coitado do
pobre…ficou com tanto medo como tu!
- Achas que ele teve
medo de mim?
-
Tenho a certeza.
- Mas eu tive mais
medo dele.
- Talvez não.
- Ele deve ter
voltado para casa…
- Pois. Fugiu como
tu.
- Sim.
Os dois conversam alegremente até casa.
Ao chegar a casa, a mãe assusta-se, mas depois ri-se com o aspeto do Avô e do
neto. Os dois contam o que aconteceu, e tomam um belo banho. A mãe lava as
sapatilhas e põe-nas a secar.
Mas que grande confusão que umas
sapatilhas provocaram! E vocês? Arrumam as vossas sapatilhas ou deixam-nas no
meio do caminho?
Se as deixam desarrumadas, é melhor arrumá-las
para não caírem, nem vocês, nem os vossos pais. Podem magoar-se muito! Como
elas são para andar nos pés…devem ficar no sítio dos sapatos…não é? Ou debaixo
da cama…
FIM
Lara Rocha
(9/Maio/2014)
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