desenhado por Lara Rocha
Era uma vez um coelho que vivia numa
floresta. Todos os anos, na altura da Páscoa este e muitos outros coelhos não
tinham descanso.
Trabalhavam
dia e noite, horas e horas, trocavam uns com os outros para descansar à vez, e
mesmo assim não paravam muito tempo.
Tudo
tinha que estar lindo, perfeito e pronto nos poucos dias que tinham. Era uma
grande agitação, mas também uma grande alegria.
Eram ovos e coelhos por todo o lado. Uns punham os ovos a cozer, outros punham-nos a
secar, outros pintavam-nos cheios de cores, outros embrulhavam-nos em lindos
papéis e outros punham-nos nas cestas para distribuir.
Chegou
a véspera do grande dia, e os coelhos responsáveis pela distribuição estavam
eufóricos, felizes e vaidosos. Mas infelizmente, houve um coelhinho que ficou
doente, e foi substituído por outro.
O
coelho FLOCO de pelo branquinho e brilhante era muito despachado e gostava
muito de ajudar. Foi ele que substituiu o coelhinho que ficou doente. Distribuiu
os primeiros, ainda de madrugada, mas de repente, sentiu-se fraco e cansado.
Olhou para as horas e disse:
- Ainda é
cedo…ai…estou tão cansado! Acho que vou descansar só uns minutinhos. Desculpem
meninos.
E deita-se, adormecendo logo a seguir.
Entretanto, com os primeiros raios de sol, passa pela floresta um menino
misterioso, com os passos muito levezinhos, e vê os ovos na cesta. Ficou com
água na boca, pega na cesta e desata a correr com ela.
Deixa as pegadinhas no chão. O coelho
acorda sobressaltado.
- Óh…já é de manhã.
Tenho de me despachar…como é que eu dormi tanto? Ai… (prepara-se para pegar na
cesta) Onde está a cesta? Eu deixei-a aqui. Levaram-ma? Óh, não…não pode ser…!
E agora…? Ai…que vão dar cabo de mim. Mas quem é que os levou?
O coelhinho começa a correr, a olhar
para todo o lado, e olha para o chão.
- Há aqui pegadas…
O coelhinho segue as pegadas e vai ter a
uma gruta onde estão meninos de rua.
- As pegadas acabam
aqui. Então…o ladrão está aqui.
Entra na gruta e grita:
- Ei, óh,
ladrão…devolve os meus ovos…esses são para os meninos. Tu não pediste, de
certeza.
Os meninos encolhem-se todos e choram a
tremer. Estão com aspecto descuidado e sujo, mas na verdade não fazem mal. Só
procuram comida e carinho. O coelho grita:
- Vamos…devolvam os
ovos…
O menino mais velho devolve a cesta
inteira.
- Não falta nenhum?
– Pergunta o coelho e conta-os – Está tudo. Seu atrevido. Vou-te dar uma coça!
E os meninos desatam a chorar.
- Escusas de te
esconder…e de fazer de conta que choras muito. Isso não me preocupa. Tu
roubaste ovos…isso é muito feio! Depois, tive muito trabalho a fazê-los! Eu e
os meus familiares! Passamos dias, noites, e horas a preparar os ovos, e
ficamos muito cansados. Foi por isso que eu adormeci, e vocês, seus bandidos,
aproveitaram logo! - Explica o coelho
- Desculpe…não foi
por mal! – Diz o menino mais velho a tremer e a chorar
- Onde estão os
vossos pais?
- Não sabemos. –
Respondem em coro
- O quê? – Pergunta
o coelho
- É. – Dizem em
coro
- Os nossos pais
abandonaram-nos na rua! – Diz uma menina
- Não sabemos quem
são! – Diz outra menina
- Nunca nos foram
buscar! – Diz outro menino
- Mas…como assim? –
Pergunta o coelho
- Fomos
abandonados. – Diz o menino mais velho
- Vivemos na rua,
desde que nascemos. – Diz uma menina
- As roupas que
temos, e alguma comida que vamos metendo para a barriga, são umas pessoas muito
boas que nos dão… - Acrescenta outra menina
- Nós encontramos
aqui esta gruta, e aqui estamos já há muito tempo. – Diz o mais velho
- Pelo menos aqui
estamos protegidos, e temos quase tudo. – Diz outra menina
- Só nos faltam os
pais. – Suspira um menino pequenino
- Sim, porque somos
uma família. – Diz outra menina
- Sabe…é muito
triste. Mas tem toda a razão, eu não devia ter roubado! Estava com tanta
fome...hoje ainda não chegaram.
- Que pouca sorte!
Eu posso ajudar-vos! – Suspira o coelho triste.
- Pode? Como? –
Perguntam em coro
- Vão trabalhar
para a minha fábrica, os meus pais dão-vos dinheiro, alimentação e tudo o que
precisarem.
- Não.
- Não queremos ser
um peso para ninguém!
- Não são peso. Eu
quero ajudar-vos. Querem ajudar-me a distribuir os ovos?
- Sim!
Vamos…-Gritam todos
- Mas antes, vão
tomar um bom banho, e vestir roupas novas.
- Isso não temos.
- Mas tenho eu.
Venham comigo.
O coelho leva os meninos para casa dele,
e eles tomam um belo e delicioso banho, muito felizes, por ter água quente, e
sabão. Limpam-se, e vestem umas roupas do coelho. O coelho prepara-lhes um delicioso
pequeno-almoço, e comem com apetite, com um grande sorriso.
- A tua casa é
maravilhosa! – Elogia uma menina
- Sim, parece de
bonecos. – Acrescenta outra menina
- Muito obrigado. –
Diz o coelho sorridente
- Muito obrigado
nós. – Diz o menino mais velho
- Vamos. – Diz o
coelho
O coelho explica a cada um o que tem de
fazer com os ovos da cesta. Todos estão muito atentos, e fazem o que ele diz.
Num instante, todos os ovos ficam entregues aos meninos a tempo, apesar dos
atrasos que o coelho tinha passado.
Uns
para um lado, outros para outro, outros para outro e para outros sítios. Os
meninos fazem essa tarefa com um lindo, e aberto sorriso.
Depois
da distribuição, o coelho apresenta os meninos aos seus pais, que os empregam
imediatamente na fábrica, e prometem ajudá-los em tudo o que precisarem.
Os
meninos começam logo a trabalhar muito bem, e com gosto, com grande dedicação.
Os pais do coelho estão orgulhosos do seu pequeno, e são muito bons. Acolhem os
meninos, e tratam-nos como se fossem verdadeiros filhos.
Desde
esse dia, os meninos encontraram uma verdadeira família, embora fossem coelhos,
tratavam-nos com muito amor e carinho.
Afinal…o
quase roubo dos ovos, foi um caminho para os meninos encontrarem uma verdadeira
família. E nunca mais voltaram a roubar nada, nem a ter fome, nem frio.
E
vocês?
Se
fossem coelhinhos e encontrassem meninos de rua numa gruta, faziam a mesma
coisa?
Também
teriam roubado os ovos? Isso não se faz! Roubar é mau, e pode trazer-vos muitos
problemas. Além disso, para os vossos papás, ia ser uma enorme tristeza, que
soubessem que vocês roubavam.
FIM
Lara Rocha
(2/Maio/2014)
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