Era uma vez uma sementinha pequenina que estava pousada em cima de uma pétala de rosa vermelha, grande, linda, macia…parecia de veludo.
A sementinha tinha sido levada pelo vento, e já vinha de
muito longe, aos trambolhões, às cambalhotas, aos tropeços, às cabeçadas…estava
muito cansada e toda amassada.
Quando sentiu a pétala, suspirou de alívio:
- Áh! Que alívio! A viagem
terminou! Ufa! Não sei como resisti!
- Está alguém, ou alguma coisa
em cima de mim…estou a ouvir uma voz…- Diz a pétala
A semente estremece assustada:
- Óh, não…parece que a viagem
afinal não terminou. Onde vou agora?
- Olá! Quem és tu? – Pergunta a
pétala
- Sou uma semente. Ou…pelo
menos era! Agora não sei se ainda sou!
- Áh! Sim! És uma semente. Estou
a ver-te.
- Estás a ver-me? Boa! E como
estou?
- Estás com um ar muito
abatido!
- É! Mas estou inteira, ou
falta-me alguma coisa?
- Estás inteira! Mas não estás
a dizer coisa com coisa…
- Desculpa…estou muito cansada.
Vais mandar-me embora, eu sei. Tens razão! Estou onde não devo.
- Não, nada disso! Fica à
vontade! Não te vou mandar embora, descansa.
- Óh! Muito obrigada. Vim de
muito longe, dei muitas cambalhotas, cabeçadas, tropeções…
- Onde?
- Pelo caminho, nas árvores,
nos vidros das casas, nos telhados, no chão…era onde calhava.
- Magoaste-te?
- Um pouco.
- Precisas de curativo, ou de
alguma coisa?
- Não! Acho que não!
- Mas como vieste aqui parar?
- Vim trazida pelo vento.
- De onde?
- Não sei…sei que…quer dizer…eu
acho que vim de muito longe!
- Óh! Coitadinha…então
descansa!
- Muito obrigada. Gosto muito
destas pétalas.
- Obrigada. Dorme bem.
E a sementinha dome muito tempo. Começa
a chover e a trovejar muito nesse dia e nesse sítio. A pétala da rosa fecha-se,
protege e aquece a sementinha, que não se apercebe de nada, de tão confortável
que está.
Enquanto a tempestade dura vários
dias, a sementinha fica na pétala fechada. O sol abre, a pétala também abre, a
sementinha acorda feliz e cheia de energia. Tira o casaco e salta para a terra.
A sementinha gosta tanto dessa terra onde estão as rosas,
que muda-se para lá, instala-se confortavelmente, e está protegida.
O tempo vai passando e aquecendo, e a sementinha quer
apanhar ar…abre a janelinha da sua casa, e põe a cabecinha de fora, com chapéu.
Com o sol e com a chuva, a sementinha cresce, alarga e transforma-se numa linda
rosa, em tons de vermelho nas pétalas, e macias como as outras.
As outras flores saúdam-na, ficam encantadas com ela, e
dão-lhe as boas vindas. Depois deste dia elas passam a ser uma verdadeira
família de belas rosas, todas diferentes umas das outras.
Às vezes encontramos plantas e flores nos nossos jardins,
que não sabemos como foram lá parar…pode muito bem que uma sementinha como
esta, que sai de uma terra e vai para a outra, onde se sente muito bem.
Esta é
uma das muitas prendas que a mãe natureza nos dá…e quantas vezes não reparamos
nelas, não é?
Experimenta passear um dia, por um jardim habitual, e
repara em todas as flores que há lá…se voltares a esse sítio uns dias mais
tarde, vê se existem as mesmas flores que viste, ou se vês outras.
Se fosses uma sementinha como esta, de onde terias saído?
Terias sido levada pelo vento, sozinha ou de outra
maneira?
Essa nova terra tinha mais flores?
Ficava muito longe ou perto do sítio de onde tinhas
saído?
Serias uma sementinha de quê?
Se quiseres desenha essa
sementinha e o espaço onde ela se instalou, ou a flor que teria essa
sementinha.
FIM
Lara Rocha
(13/Maio/2014)
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