Era uma vez um grupo
de meninos que foi passear por um lugar onde quase não havia árvores. Estava muito
calor, mas os meninos estavam cheios de curiosidade em conhecer esse sítio.
Sempre que
olhavam para lá, tentavam imaginar quem vivia, e como viviam os seus
habitantes. Uns meninos achavam que não vivia lá ninguém, outros meninos
pensavam que talvez pudesse haver pessoas.
Puseram os
chapéus e os óculos de sol, levaram água e mochila, e lá foram eles alegremente
conhecer esse espaço. Pelo caminho viram muitas coisas bonitas, até que ao
chegar ao sítio que iam visitar, entram numa paisagem cheia de areia, montanhas
e dunas de cor castanha e amarela, rolos de palha, umas árvores que só tinham
paus, completamente secos, e um silêncio assustador!
Não se via
ninguém, nem se ouvia nenhum barulho. Também não havia sombra de água.
- É impossível viver
aqui alguém. – Afirma o ZOYE
- Também acho. –
Dizem em coro
Continuam a andar, à procura de
algum sinal de vida.
- Olhem, há ali uma
porta… - Observa JANNY
Todos param e aproximam-se da porta.
- Não deve ter aqui
nada. – Suspeita KAFI
Tentam abrir a porta, mas está muito
fechada.
- Que porta tão
pesada! – Suspira SARA
Tentam juntos, e a porta abre. Entram
num sítio muito diferente daquele onde estavam. Uma gruta! Eles ficaram
espantados e encantados. O ar da gruta era fresco, tinha brilhantes por todo o
lado, ouvia-se o barulho de água a cair e no tecto viam-se muitos candeeiros de
cristais brilhantes.
- Uau! – Exclamam todos.
- Que lindo! – Diz Fernanda
- Olha para estes
candeeiros… - Exclama Raquel
- Lindos! –
Respondem em coro
- Mamã… - Grita uma
vozinha pequenina lá do fundo da gruta
Os meninos estremecem, e começam a
ouvir uma música mais forte. Uma voz forte pergunta:
- Quem está aí?
Os meninos encolhem-se, e antes que
eles tivessem tempo de responder, aparece uma mulher linda, com uma criança ao
colo. Os seus olhos verdes pareciam saltar no meio daquele cabelo enorme preto.
Mas o seu ar era meigo.
- Huummm…! - Diz a mulher
a olhar para as crianças de cima a baixo
As crianças ficam muito assustadas. A
mulher começa a farejar:
- Cheira-me a medo. Huummm…são
vocês!
- Desculpe… - Dizem
em coro a tremer.
- O quê? – Pergunta a
mulher surpresa
- Termos entrado… -
Diz Rafaela, nervosa
- Se entraram é
porque podiam entrar. – Diz a mulher
- A porta abriu, e caímos
cá dentro…- Diz David
- Mas não queríamos incomodá-la,
nem invadir a sua casa! – Explica Daniel nervoso
- Mas alguém vos
perguntou alguma coisa? – Diz a mulher
- Ah. Na… não… -
Dizem nervosos
- Mas achamos que
ficou zangada, e estamos a explicar para não pensar que invadimos a sua casa… -
Diz JONATAN
- Se a porta se
abriu é porque podem entrar. Se não pudessem entrar, a porta não se abria. – Dá
uma gargalhada – Não tenham medo…sejam bem-vindos e fiquem à vontade. Venham,
vou mostrar-vos tudo o que há aqui.
As crianças respiram de alívio e
sorriem. A mulher conversa com eles alegremente, e mostra tudo o que há na bela
gruta: lindas cascatinhas de água, lagos com águas transparentes e correntes.
Há sereias a
dançar com cisnes, fadas e borboletas a voar pelas flores, felizes. Vêem e
ouvem sons doces, vindos de instrumentos musicais de cordas, que tocam com o
vento a passar.
Visitam a casa, muito bem mobilada,
onde tomam uns chás muito saborosos, e comem biscoitos acabados de sair do
forno. Depois, a mulher leva-os ao terraço da casa, onde a porta de entrada era
um arco-íris que tinham de atravessar.
Os meninos
ficaram tão felizes, que pareciam hipnotizados…nunca tinham visto um arco-íris
tão perto, e nunca tinham pensado que pudessem atravessá-lo.
A porta do
arco-íris levou-os para uma linda e pequenina praia deserta, com um mar muito
limpo, com ondinhas pequeninas, areia muito branca, palmeiras, rochedos,
golfinhos a brincar na água, que deram logo à costa para cumprimentar os
meninos, e levam-nos para o mar, onde dão grandes saltos, mergulhos, e muitas
brincadeiras com os meninos.
A praia é só
deles, a temperatura está muito agradável, e estão felizes. Apanham búzios,
estrelas-do-mar, pedras e corais como recordação.
- E então, meninos…?
Valeu a pena passar aquela paisagem de areia ou não? - Pergunta a mulher
- Sim! – Gritam em
coro.
- Este é um paraíso!
– Diz a Sara
- Podem voltar aqui
sempre que quiserem! – Convida a mulher
- Obrigada. Adoramos!
– Respondem em coro
Aproxima-se uma linda Barquinha azul,
e a mulher diz:
- Está na hora de
voltarem para casa! Voltem sempre… - Diz a mulher
- Até à próxima! –
Dizem em coro
Todos sobem para a Barquinha e esta
leva-os até à praia à porta das suas casas. Os pais chamam-nos.
- Meninos…
Os meninos saem da barquinha,
sorridentes, e ainda com ar de sonhadores. Olham para trás, e a barquinha
desapareceu no azul do mar. Num cantinho do mar, lá estava o lindo arco-íris.
- É ali! – Gritam todos
os meninos, felizes
- O quê? – Perguntam
os pais
- O arco-íris! –
Responde o ZAC
- Sim! É o arco-íris…
- Dizem os pais
- Vamos para dentro,
se não, daqui a pouco, quem vê o arco-íris são vocês, com tanto calor.
Os meninos vão para casa, e nessa
noite, quando se encontram na praia, o JONATAN pergunta:
- Contaram aos
vossos pais o passeio que fizemos?
- Não! – Respondem em
coro
- Boa! – Diz o
JONATAN
- Se os nossos pais
soubessem, não voltávamos a sair… - Diz Raquel
- Pois! – Respondem
todos
- Ou então, iam
dizer que estávamos a imaginar. – Diz JÉSSICA
- Pois. – Respondem todos
- Isso é o que a
minha mãe me diz muitas vezes… só porque ela não vê o que eu vejo. – Lamenta ZAC
- Não sei porque é
que os adultos não vêem…o arco-íris está ali… - Repara David
Ouvem a voz da mulher lá ao fundo, à
porta do arco-íris:
- Nem todos entram
por esta porta. Os adultos já têm os corações muito intoxicados, corrompidos, poluídos…vocês
não…vocês são puros, inocentes, verdadeiros! E felizes, como o arco-íris. Eles não
entram… andam sempre a correr, não reparam em nada que há à volta deles, nem
nas belezas de todos os dias…eles só vêem o deserto sem árvore, sem vida que
vocês atravessaram até à gruta…não vêem para além do deserto das suas almas… Muitos
crescidos, perdem a capacidade de sonhar e de desejar…a curiosidade…a
imaginação…a vontade de descobrir…é por isso que eles não vêem as coisas
bonitas que vocês vêem. Nunca deixem de ser assim, como são agora! Vejam sempre
o arco-íris que existe em cada coisa à vossa volta…! Este é o vosso segredo! Até
breve.
- Este é o nosso
segredo! – Gritam em coro
- Esta foi a
descoberta mais bonita que alguma vez já fiz! – Diz KAFI
- Eu também! –
Respondem em coro.
E vocês, meninos, leitores…
O que vêem nos
caminhos por onde passam todos os dias? (De casa para a escola, ou para outra
casa…)
O que ouvem nesses
caminhos?
Passariam o deserto
destes meninos? Aquela paisagem de areia quente, quase sem árvores?
O que encontrariam
se fossem ter a uma gruta como eles?
Onde seria?
Como seria esse
espaço?
FIM
Lálá
(23/Maio/2014)
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