Era uma vez uma senhora muito velhinha, há muitos
anos atrás que se lembrou de ocupar o seu tempo livre, desde que era criança, e
enquanto foi mais jovem, até as suas mãozinhas começarem a ficar
encarquilhadinhas e doridas, fazendo peças em croché.
Esta atividade tinha começado com a sua bisavó, que
já tinha ensinado á sua avó e à sua mãe, e esta última à senhora, muito comum
na maioria das famílias. Todas as mulheres se reuniam na aldeia, de todas as
idades, nas casas umas das outras, e nas eiras à sombra, ou nos campos, nos
intervalos de outros trabalhos.
Era lindo ver tanta geração a fazer coisas tão
bonitas, com tanta delicadeza, amor, gosto e perfeição, enquanto conversavam durante
horas, riam, rezavam, cantavam, e depois de fazerem mais mil e uma coisas.
Cada uma fazia o que queria…toalhas, almofadas,
rendas, apoios, lençóis, cobertas, paninhos para cestinhos, até que as gerações
mais novas começaram também a inventar «pessoas» em croché, e a juntar outras
materiais, para fazer bonecas de todo o tipo, lindas.
As bonecas pareciam mesmo «pessoas» umas enormes,
outras médias e mais pequenas, com todos os pormenores: cabelos, olhos, nariz,
boca, braços, mãos, dedos, pernas… almofadavam com espuma, penas ou restos de
lãs, e tecidos, vestiam-nas com roupas em croché de outras cores, e até tinham
sapatinhos em croché de todas as cores.
Nenhuma boneca era desperdiçada, mesmo aquelas que
não eram tão perfeitas, ou que tinham alguns «erros» de construção, porque como
quem as construía dizia…a sociedade também tem pessoas imperfeitas.
Esta ideia inspirou-as e construíram bonecas em
croché com cadeiras de rodas, andarilhos, muletas, bengalas, óculos, membros
mais curtos que outros…tal como elas viam entre as pessoas da cidade, e na
própria aldeia.
Depois lembraram-se de experimentar fazer casas e
meios de transporte, árvores, flores, montanhas e animais em croché. Gostaram
tanto da experiência que foram experimentando cada vez mais coisas novas, e
conseguiram construir uma verdadeira «cidade em croché».
Num dia em que se lembraram de juntar todas as peças
que já tinham feito, perceberam que já tinham uma cidade, e quiseram expor. Todos
ficaram muito surpresos e maravilhados.
As fadas foram as primeiras visitantes e adoraram, decidiram
dar um prémio pela dedicação delas, e gosto, as peças de croché não eram
simples pedaços de croché expostos e imóveis, puseram logo tudo em movimento
com os seus poderes mágicos!
Todas as peças mexiam e faziam sons, principalmente
as peças da natureza, parecia um presépio animado, e todas as mulheres que construíram
esta cidade de croché ficaram muito felizes, parecia que tinham voltado a ser
crianças.
O Presidente da Câmara divulgou pelas cidades, e a
aldeia encheu-se de milhares de visitantes que fotografavam, queriam comprar
tudo…mas como elas não queriam vender, os visitantes encomendavam e pagavam
bem. Não tiveram mais sossego, mas também ganharam muito dinheiro.
Com esse dinheiro ajudaram-se uns aos outros, porque
era uma aldeia pobre, no inicio, construíram coisas que faziam falta,
melhoraram as condições das casas, mesmo assim continuaram a ser as pessoas
simples que sempre foram, e a dedicar-se ao croché.
Foi assim que nasceu a Aldeia de Croché que fez para
sempre as delícias de quem visitava…que pareciam voltar à infância e à magia. Mulheres
inspiradoras, com mãos de fada, e amor pelo que faziam.
E
vocês?
Conhecem
croché?
Conhecem
alguém que faça croché?
Conseguem
imaginar uma cidade com pessoas e casas…tudo feito em croché?
Gostavam
de visitar essa cidade?
FIM
Lálá
(13/Junho/2016)
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