A bruxa vivia longe da sua família onde todos eram maus, e com um coração vazio de sentimentos...eram infelizes, e não suportavam ver os outros felizes, por isso faziam de tudo o que podiam para roubar as coisas boas que eles não tinham.
Numa tarde, as duas amigas (fada e bruxa) foram dar um passeio, rir e conversar, brincar...e de repente, a bruxa fingiu que era tão meiga como a fada, e pediu-lhe um abraço. A fada, era mesmo meiga e adorava carinho, por isso recebeu o abraço com um grande sorriso...porque não sabia que a fada amiga era afinal uma bruxa...e no momento em que as duas se abraçaram, as asas da fada, tão lindas, leves, finas e brilhantes, transformaram-se em gelo...que até parecia vidro.
Quando a bruxa a larga, ela não consegue mexer-se, nem voar, sente-se muito pesada e cai na relva, mas não sente o chão, nas suas asas.
Ela grita muito assustada:
- Ai...o que é que aconteceu às minhas asas? Caí....e...não sinto a relva nelas...e...estou...tão pesada... (levanta-se e cai outra vez) não consigo levantar-me! Sinto-me... muito esquisita.
A bruxa finge-se preocupada:
- Então, amiga...o que se passa?
- Não sei! estou...estranha!
- Ah...acho que estás a ficar...doente!
- Óh, não! Não pode ser...não quero...as minhas asas...o que é que elas têm?
- Nada! Estão na mesma...lindas, brilhantes...acho melhor...
- Mas...
- Eu vou chamar o médico. Não vai ser nada grave, vais ver, mas pelo sim, pelo não...é melhor ver. Já volto. Não demoro nada. O médico é já aqui ao lado.
- Obrigada. Ai...!
A bruxa está comprometida. Finge que está muito preocupada e que vai chamar o médico, mas assim que se afasta, foge às gargalhadas.
- Áh, áh, áh...consegui! Fica para aí...tótó! Caíste que nem uma patinha...quero lá saber de ti...não vais sair daí...as tuas asas estão transformadas em vidro! Tu mereces. Áh, áh, áh...peneirenta! Eu quero ver como é que agora vais sair daí, e andar por aí a desfilar, para toda a gente olhar para ti. Quero ver se alguém mais vai olhar para ti...! Para mim também não olham...nunca...ao contrário de ti...vais ver o que é bom...vais ver o que custa ser ignorada.
E não vai chamar médico nenhum, segue para o seu horrível castelo, vitoriosa, e orgulhosa por ter conseguido transformar as asas da fada em gelo. A fada acha muito estranha a demora da amiga e do médico, levanta-se com muito dificuldade e vai para casa triste, preocupada, e desiludida, com muitas quedas à mistura.
- Óh, não acredito...fui enganada. Como é que ela fez isto comigo...eu dei-lhe o abraço, e muitos abraços, e nunca me fez isto às asas...porque é que fez isto hoje...? Como? Eu pensei que ela era minha amiga, mas com tanto tempo que demorou, e não apareceu...mas que grande amiga! Deixou-me ali...
Chega a casa e pede aos pais ajuda. Os pais levam-na à Avó porque perceberam logo que aquilo era obra de bruxinhas...A Avó tem poderes para destruir feitiços de bruxas. Ela vai ao colo do pai a choramingar, e quando chega a casa da Avó...
- Avó...olha o que aconteceu às minhas asas! Não consigo fazer nada...estou muito pesada.
- Isso foi alguma bruxita...mas vais já voltar ao normal.
A Avó faz uma magia e o gelo das asas da fada derrete. Ela volta a ficar leve, livre, linda...a Avó até lhe dá um protector contra bruxas. E recomenda:
- Filha...vê com quem andas. Olha que nem toda a gente é quem parece.
- Sim, Avó...agora já sei.
- Nem toda a gente é boa como tu, e aproveita-se. Tens de estar mais atenta.
- Sim. Obrigada, Avó.
- Este protector vai avisar-te quando te aproximares de alguém perigoso, ou que não merece a tua bondade.
- Entendi.
Depois das recomendações da Avó, a fada passou a andar sempre com o protector, e a estar mais atenta. A malandreca da falsa fada volta a fingir que é muito amiga dela, e fica surpresa:
- Óh...já estás curada. Vês? Eu disse-te que não ia ser nada grave...o que era afinal? Fiquei muito preocupada... não encontrei o médico...ele não estava lá.
- Ui, ficaste mesmo muito preocupada...obrigada...ficaste tão preocupada que me deixaste lá...
- Desculpa...é que o médico não estava.
- Pois...que chatice!
A fada quase explode, e o protector avisa-a de que há perigo. Ela grita:
- Vai-te embora! Falsa. Como é que eu me deixei levar por ti, pela tua aparência, pela tua conversa... Eu pensei que eras minha amiga, que querias o meu abraço...tudo mentira. Fingida... O teu abraço congelou as minhas asas...não conseguia voar...sentia-me presa, claro...não admira...tinha gelo...como haveria de voar ou de fazer o que quer que fosse. Invejosa...que coisa mais horrível... Só porque és má e infeliz não suportas ver ninguém bem, feliz...também podes ser feliz, mas não conheces essa palavra...roubá-la aos outros é mais fácil, dá menos trabalho...não é? Luta por ela...só assim é que vais consegui-la. Maldita! Põe-te bem longe de mim...e não volte a aparecer, se não eu não sei o que te faço. Olha que eu sou boa até certo ponto, mas quando me magoam ou desiludem...não tem volta...mostro o meu pior lado.
Aparecem vários chicotes à volta da bruxa, e começam a afugentá-la...ela nunca mais volta a chatear a bela fada.
Fim
Lálá
(23/Outubro/2015)
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