foto de Lara Rocha
Era uma vez uma menina que estava no seu quarto à
noite, deitada na sua cama à espera que o sono chegasse. Ela deitava-se sempre
cedo, mas às vezes não adormecia logo.
A janela estava meia aberta, e a
persiana meia aberta, meia fechada, porque o dia tinha estado escaldante e a
noite ainda estava muito quente.
Como era na aldeia, não havia perigo, e a mãe
ia fechar a janela quando se fosse deitar. Além de estar uma noite quente, a
menina não gostava de tudo escuro pelo menos enquanto não adormecesse.
A certa altura, quando já estava quase com os olhos a
fechar olhou para a janela e viu qualquer coisa a brilhar. Estava com tanto
sono que nem ligou.
Na noite seguinte, voltou a ver o brilho na sua janela mas
nem se levantou para ir ver o que era. Nas outras noites ela pensou que eram
coisas diferentes!
Primeiro pensou que era algum pirilampo que andava
por lá a voar como muitos outros que ela via todas as noites. Depois pensou que
a luz fosse uma estrela que caiu do espaço para ela não ter medo do escuro.
Noutra noite pensou que fossem as gotinhas da rega a
brilhar com a luz da rua. Ou podia ser o João Pestana a chegar à janela, para
lhe trazer soninho e sonhos, ou uma garrafinha de soninho com sonhos, que ele
tivesse deixado por lá para ela, ou teria caído do saquinho sem querer e ficou
ali…talvez ele se tivesse esquecido. Ou seria uma prendinha para ela, de alguma
fada.
Mas de manhã quando abria a janela, não via nada. Começou
a achar muito estranho, misterioso…e queria descobrir o que era, mas o sono
vencia sempre, por isso a menina ficava sempre pelo querer e pelo ver a
luzinha, mas não sabia mais nada.
Uns dias depois disse à sua mãe, mas a mãe não ligou,
não deu importância nenhuma, riu-se e pensou que era imaginação da menina. A menina
nunca se levantou para ver o que estava na sua janela, mas queria muito saber.
Perguntou ao João Pestana se sabia o que era, e ele
respondeu que não. E agora…um segredo…não contem nada! Mas é claro que ele
sabia muito bem o que era porque também mandava soninho e sonhos para essa luzinha,
só que elas pediram-lhe para não dizer nada, tiveram medo de ser expulsas.
Nessa noite, em
que ela estava mesmo disposta a descobrir o que brilhava na sua janela, a
menina pediu ao João Pestana para ir mais tarde, e este fez-lhe a vontade.
Foi deixar
soninho e sonhos noutros quartos, e voltou ao dela. Ele sabia que mais cedo ou
mais tarde, a menina ia pedir-lhe isso, e descobriria. Estava deitada com os
olhos bem abertos, e mal viu a luzinha pousar na janela saiu da cama disparada.
Quando abriu a janela…mas que grande surpresa! Viu que
afinal a luzinha não era nada do que tinha pensado. Não era nenhuma estrela,
que estava lá para lhe tirar o medo ou fazer companhia, não eram pirilampos nem
gotinhas da rega que brilhavam com a luz da rua, nem o João Pestana, nem
garrafinhas de soninho.
Era uma linda borboleta de asas enormes, finas e de
cor muito clarinha que abrigava debaixo delas, cobria, protegia e deixava
passar a luz das lindas e pequeninas fadas enquanto as mais crescidas
trabalhavam. A borboleta tomava conta delas.
A pequena ficou espantada, eufórica e encantada,
saltitou e riu. Não estava a acreditar no que os seus olhos azuis estavam a
ver. A borboleta ficou assustada, pediu desculpa por ter pousado ali, e pediu
autorização para ficar na sua janela pois tinha umas pequeninas a seu cargo, e
aquele espaço era mesmo muito bom para elas, mas não queriam invadi-lo sem
autorização. Se a menina não deixasse, elas iam para outro sítio.
A menina ficou tão feliz, e gostou tanto daquela
presença surpresa, que disse logo que ficassem, e até lhes arranjou um abrigo
mais quente e confortável, porque não demorava nada a chegar o Outono e o tempo
frio e a chuva.
O abrigo era
espaçoso, quente, protegido do mau tempo e seguro. Até uma cobertura extra para
os dias rigorosos de Inverno. Sentiam-se como umas verdadeiras rainhas num
palácio.
Gostavam tanto no sítio que até as fadas mais crescidas foram para o
abrigo com a borboleta e as pequenas. E também ganharam uma amiga muito
querida, que lhes dava atenção, carinho e com quem tinham longas e animadas
conversas e brincadeiras.
E vocês? Já viram
luzinhas ou coisas brilhantes na vossa janela? Foram ver o que era? O que
viram? Se vissem alguma coisa brilhante ou luzinhas na vossa janela, iam ver o
que era? O que poderia ser?
Fim
Lara Rocha
(2/Setembro/2015)
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