Era uma vez um menino muito malandro que ocupava a
maior parte do seu tempo a brincar com uma fisga que o seu Avô construiu.
Quando
o Avô a construiu não foi a intenção de que ele a usasse para fazer asneiras e
maldades, mas essa parte, não era a vontade do menino.
Das primeiras vezes, meteu a sua família em gastos,
porque atirava pedras com a fisga contra os vidros das casas dos vizinhos de
quem ele não gostava, e os vidros ficavam estalados ou partidos.
Os vizinhos iam resmungar e os pais pagavam os
estragos, mas punham o menino de castigo.
Passado uns dias, ele punha-se com ar
de anjo doce, sorridente, meigo, ajudava toda a gente, e voltavam a dar a
fisga, com a promessa de que não voltaria a fazer nada de mal. Era só fachada,
porque pouco depois, estava a fazer asneiras.
Da segunda vez, ia com a fisga pelo caminho, e atirava
bolotas a quem passava, principalmente aos mais velhos, e ria-se.
É claro que
os mais velhos não acharam piada nenhuma, e alguns ainda lhe deram uns puxões
de orelhas, mesmo depois de ele pedir desculpa.
Para que não fizessem queixa dele, ele fazia-se de
bonzinho, ajudava os mais velhos em quem acertava, e inventava a desculpa
esfarrapada de que estava a tentar correr os pássaros que pousavam nas
plantações para as comer, mas às vezes falhava na pontaria.
Esta desculpa convencia uns, que acreditavam e até lhe
agradeciam, diziam que ele estava a ser muito simpático, cuidadoso e amigo, ao proteger
as plantações, mas recomendavam-lhe que treinasse melhor a pontaria, para não
acertar nas pessoas.
Mas outros ficam mesmo muito zangados, e nada servia de
desculpa, por mais que ele quisesse arranjá-las, e faziam queixa aos pais.
Os
pais punham-no de castigo, mas o seu ar de criança, e as desculpas que ele arranjava,
acabavam por transformar os pais, em castigadores passageiros.
Ralhavam-lhe, punham-no de castigo, mas não adiantava
nada, porque a seguir ele mostrava o seu lado mais inocente e doce, e os pais
acabavam por acreditar que ele não fazia mesmo por mal.
Outra vez, quando saiu do castigo, lembrou-se de atirar
pedras a pássaros…feriu muitos, e alguns magoaram-se mesmo a sério, ainda mais quando
o menino se lembrou de convidar os pássaros a experimentar a fisga…!
Eles experimentaram-na como se fosse um baloiço,
pendurando-se no elástico, e outros faziam equilibrismo. O menino aplaudia e
ria-se, e os pássaros ficavam todos vaidosos!
Não pensavam que podiam magoar-se, mas um dia o menino
malandro quis divertir-se à custa dos pássaros, e disse para eles se agarrarem
ao elástico que iam voar.
Os pássaros já sabiam voar, mas este voo ia ser
diferente! Quando os pássaros pousaram, o menino puxou o elástico e largou…os
pobres pássaros chilrearam assustados, tentaram dar às asas mas não conseguiram
porque iam com tanta velocidade que perderam o controlo de tudo.
Uns só pararam quando chocaram com as árvores, outros quando
caíram na água, outros caíram no solo, outros no telhado, e todos se magoaram. O
menino fartou-se de rir, maldoso, mas quando deixou de os ver, foi à procura.
Quando viu que todos estavam feridos, ficou muito
envergonhado e arrependido. Pediu ao Avô que o ajudasse…disse-lhe a verdade…o
Avô deu-lhe umas valentes sapatadas, e ralhetes, sermões…o menino ouviu calado
e com as lágrimas nos olhos.
Pegaram nos
pássaros, meteram-nos num carrinho de mão, e levaram-nos ao veterinário da
aldeia. Todos tiveram de fazer vários curativos.
O Avô ficou com os pássaros na
sua casa, alimentou-os, deu-lhes água e carinho, e o menino ficou triste pelo
que fez.
- Óh…que vergonha! Só fiz
asneiras com esta fisga…como foi possível! Não sabia que isto era tão perigoso.
Ai…! – Murmura o menino
Apareceu um anão
com asas que assistiu a tudo e foi mandado por uma fada com poderes bondosos, e
disse:
- A partir de agora não
vais mexer mais nessa fisga. Eu vou levá-la.
- O quê?
- Isso mesmo.
- Quem és tu?
- Isso não interessa. Sou do
bem, e vou levar a tua fisga. Não soubeste brincar com ela.
- Sim, tens razão, mas não
podes levá-la assim.
- Só estou a cumprir
ordens.
- Ordens? De quem?
- Dá-me a fisga e não me
faças mais perguntas.
- Mas…
- Rápido. A fisga!
- Olha que ela é perigosa.
- Olha a quem vens dizer…
(ri às gargalhadas) é por isso que vais ficar sem ela.
- Óhhhh…
O menino entrega a
fisga e o anão desata a correr com ela. O menino vai falar com o Avô e faz
queixa.
- Bem-feito. – Diz o Avô
- Ainda estás zangado
comigo, Avô?
- Claro! Achaste que eu ia
ficar contente, depois de tanta asneira que fizeste? Eu não te ofereci isso
para seres mau.
Uns dias depois, o Anão
com asas regressa e devolve a fisga.
- Vê se agora a usas com
muito juízo.
- A minha fisga! – Diz o
menino com um grande sorriso
E mal o anão vira costas, o menino foi experimentar. Para
grande surpresa dele, quando puxa o elástico em sítios diferentes, quando
tentou acertar em aves, flores ou pessoas, voaram gotinhas de luzes, bolinhas de
água, flores perfumadas, borboletas, bolinhas de sabão, e beijinhos.
Ele experimenta atirar pedras, mas estas caem-lhe nos
pés e nas costas. Ele chora e resmunga, aparece o anão com asas a rir às
gargalhadas, e diz-lhe que é uma lição para o menino aprender…o menino percebeu
que era a consequência de ter feito tanta asneira e tanta maldade com a fisga.
Agora só iria usar
a fisga para o bem, para atirar coisas boas às pessoas e às aves, até para as
casas.
E foi isso mesmo que o menino fez…em vez de pedras e bolotas, atirava só
o que a fisga mandava…a partir daí, todos começaram a gostar muito do menino,
porque ele só tinha que puxar o elástico, a fisga fazia o resto, mandava tudo o
que era preciso nesse momento, para a pessoa. A fisga tornou-se mágica, e com
ela, o menino ajudava todos os que precisavam.
FIM
Lálá
(19/Agosto/2015)
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