Era uma vez uma princesa
gigante...tão gigante que só tinha espaço para si, muito lá em cima! Nas
nuvens...era gigante e...feia. Adorava andar vestida de preto, pela sua eterna
tristeza, e chorava durante longas horas, todos os dias.
Um dia, a princesa
vénus, uma estrela linda, brilhante, luminosa, cruzou-se com a princesa noite e
apanhou um grande susto. Deu um grito tão estridente...parecia quase vidros a
partir. A princesa noite grita também porque não era costume encontrarem-se.
- Que susto! – Dizem as duas a olhar uma para a outra
- Devo ser ainda mais feia do que aquilo que imagino...! – Comenta a
princesa noite
- Eu não disse isso! – Corrige a estrela vénus
- Não disseste porque és delicada e simpática...mas o grito que deste falou
por ti!
- Desculpa...não contava contigo! Não costumo ver-te por aqui...!
- É! Eu não ando muito por aqui!
- Porquê?
- Porque...costumo ficar em casa.
- Eu costumo vir sempre dar uma olhadela pela terra.
- Áh! Sim. Eu também ando de noite, para não verem como sou feia.
- Porque estás sempre a dizer que és feia?
- Não vês?
- O quê? Que andas de roupa preta?
- Sim! Eu não tenho nada de bonito. Já tu és tão linda!
- Olha que há muita gente na terra a gostar de ti.
- Há?
- Há.
- A sério?
- Sim.
- Como é que sabes?
- É o que vejo.
- Óh. És mesmo querida!
- É verdade, não estou a dizer isto só para ser simpática.
- Ainda bem.
- Tu andas sempre vestida de preto?
- Ando.
- Porquê?
- Porque sou triste e feia.
- Mas o que é que tem a cor da tua roupa, com a tua tristeza?
- O preto é uma cor triste... sabes, no fundo eu não gosto de usar
tanto a roupa preta, mas não consigo usar outra.
- Mas porque não consegues usar outra cor? Não tens ou não queres?
- Porque sou triste! O preto é uma cor triste.
- Depende. Se for tudo preto, sim, dá a impressão de tristeza, mas há
tantas cores...alegres...devias usar mais essas cores, em vez de preto, ou
misturada com preto, que fica bonito, e assim sentias-te mais feliz.
- Achas que funciona?
- Funciona! Garanto-te.
- Tu também fazes isso?
- Faço.
- Áh! É por isso que és tão bonita e feliz.
- Sim. Eu quero muito ajudar-te...! Posso?
- Sim! Achas que consegues?
- Acho que sim.
- Qual é a tua ideia?
- Vou dar-te um pouco da minha luz, e das minhas cores!
- Mas...como?
- É muito fácil...
- Mas depois ficas sem luz e sem cores!
- Não fico nada. Tenho cores e luz para todos...e quanto mais dou, mais
ganho!
- Ai é?
- É!
- Áh! Que lindo...e como fazes isso?
A estrela bate duas palmas, e milhares de outras estrelas
começam a tocar uma série de instrumentos musicais, e vénus começa a mexer-se
em todas as direcções ao som das músicas, dança e à medida que se mexe começa a
soltar raios brilhantes de luz, cheios de estrelas que se colam ao vestido da
princesa noite.
A princesa noite ganha
uma nova energia e uma nova alegria, dançando também com a estrela com um
grande sorriso. Fica encantada com a sua nova roupa.
- Mas que linda que estás!
- Óh! Estou mesmo! E estou muito feliz! Muito obrigada.
- E como vês, eu continuo na mesma.
- Sim. E estás mesmo mais brilhante e feliz.
Entretanto passa o rei
sol, tão rápido, que rasga o vestido da princesa noite, de cima a baixo. As
duas gritam e abraçam-se.
- Quem é este? – Pergunta a noite
- É o Rei Sol...deve estar outra vez atrasado para ir para o trabalho!
- Mas que bruto! Olha o que ele fez ao meu vestido...! Tu com este
trabalho todo e carinho a dar-me estrelas e luz, e este furacão passa, dá cabo
de tudo!
- Conheces o Rei Sol?
- Não.
- Chamaste-lhe furacão, pensei que o conhecias!
- Não! Furacão não é um termo nada carinhoso. Os furacões são ventos
terrivelmente fortes, que arrasam tudo o que vêem pela frente!
- Áh! Que horror...esses são os teus amigos?
- Não! Nada amigos...tenho muito medo deles!
- Eu não os conheço, mas pelo que tu dizes, também já não quero
conhecê-los!
- É. Quando os vires é mesmo melhor fugires!
- Que terror.
- São mesmo.
- Vamos arranjar o teu vestido.
As duas ficam a
arranjar o vestido da princesa noite. A estrela vénus prega mais brilhantes e
luzes aos milhares. Quando o sol passa pela noite, está muito envergonhado. A
noite vira-lhe as costas zangada. O sol pede desculpa:
- Princesa...perdoa-me! De manhã estava atrasado, que acho que te
rasguei o vestido. – A noite não responde – Óhhhh...o que posso fazer para te
ajudar...e...perdoares-me?
- Nada! É manteres-te à distância e não voltares a destruir o meu
vestido!
- Está bem! – Diz o sol triste. – Mas não te quero ver triste!
A noite não responde. O sol dá uma volta pelas estrelas e
resolve mostrar o seu romantismo. Oferece à noite um saquinho de estrelas,
doces planetas, flores da lua, cometas, e lindos anéis de sóis.
A noite fica tão feliz que perdoa o sol, e tornam-se
grandes amigos. Tão amigos que para agradecer...a noite deixava que o sol
descansasse no conforto do seu colo, abraçam-se, passeavam, dançavam...e a
amizade tornou-se cada vez maior, mais forte, até que não conseguiam viver mais
um sem o outro.
Nasceu entre eles um gigantesco amor, que mesmo
trabalhando por turnos encontravam-se muitas vezes por dia, trocavam juntos.
Foi assim que se começaram a ver na terra pelos humanos! O seu amor era tão
gigante que quiseram servir de exemplo para todos. Mas muitos deles não
aprenderam a lição. Uns porque tinham inveja, outros porque nem sequer têm
tempo para olhar para o que é tão bonito. Mesmo assim, o mais importante é o
amor entre os dois, e a felicidade. O que os outros pensam não lhes interessa.
Era bom que todos os
amores fossem assim, e que se pudessem ver na terra, sem julgamentos ou
críticas, em vez de se ver todos os dias a guerra entre iguais.
FIM
Lálá
(28/Julho/2014)
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