foto de Lara Rocha
Era uma vez uma menina chamada Rita, que foi
passear com o seu Avô, num dia cheio de sol e calor. Pelo caminho os dois
cantam alegremente, apanham flores para oferecer à mar da Rita e à Avó, riem e
apanham amoras. Quando chegaram a um campo, viram um novelo de palha seca, e
ervas, musgo e pauzinhos…uma perfeição, virada para baixo.
– Avô, olha o que está aqui?
– O que temos aqui? É um ninho!
– Um ninho…? De passarinhos? Mas está aqui no chão?
Os ninhos não ficam no chão, pois não?
– Não! Costumam estar em cima das árvores, nos
postes de electricidade, ou nas beiradas das janelas, ou chaminés. Em muitos
sítios, menos no chão, a não ser…quando caem.
– Será que caiu?
– É bem possível que tenha caído desta árvore. Ou deitaram-no
abaixo por maldade!
– Mas que maldade mesmo…e tem passarinhos?
– Acho que não.
O Avô pega no ninho e quando o levanta vê uns
ovinhos pequeninos.
– Espera! Estão aqui uns ovinhos.
(Pega nos ovinhos)
– Então o ninho tinha passarinhos…
– Estes estavam aqui debaixo, por isso devem ser
deste ninho! Mas ainda não nasceram.
– Áh! Que lindos ovinhos! Ainda não nasceram? E
quando vão nascer?
– Não sei! Quando quiserem…quando estiverem
grandinhos, no tempo certo. Um dia destes.
– Avô… podemos levar os ovinhos com o ninho para
casa, até eles nascerem?
– Não, filha! Vamos deixá-los aqui.
– Vá lá Avô…vamos levá-los e aquecê-los. Eles não
podem ficar aqui no chão, é um sítio muito perigoso! E frio.
– Os pais deles devem estar por aí!
– E porque é que não estão à beira deles?
– Porque devem ter ido à procura de comida!
– Mas pelo menos um, devia ter ficado a aquecê-los
e a tomar conta deles, assim, já não caíam!
– Eles sabem o que fazem…talvez os passarinhos que
estão no ovo já tenham tempo e calor suficiente para não precisarem de ser
aquecidos e vigiados.
– Por isso mesmo, Avô…vamos levá-los connosco para
casa e pomo-los ao sol, ou debaixo de uma luz para aquecerem.
– Para que queres levar os passarinhos para casa?
– Porque gosto muito de passarinhos e quero mostrar
o ninho, e os ovinhos aos manos, e à mamã e ao papá.
– Os teus papás já viram muitos ninhos, muitos
passarinhos, muitos ovinhos…os teus manos também! Se eles quiserem ver, vem
aqui ao campo, não é longe! Estão a meia dúzia de passos de casa.
– Mas avô, eles não podem ficar abandonados, alguém
lhes pode fazer mal.
– Voltamos a pôr o ninho lá em cima, na árvore e eles
já ficam seguros. Além disso, eles precisam muito dos pais! Os pais vão ficar
muito tristes e muito preocupados se não os virem aqui! Se fosses tu, também
ficarias preocupada e triste não era?
– Era! Mas os pais não estão aqui!
– Olha, fazemos assim: vamos colocá-los ali no
ninho, no tronco da árvore, se os pais deles não voltarem a aparecer, nós
levamo-los para casa! Combinado?
– Achas que os pais vão aparecer?
– De certeza que sim…eles não iam abandonar os
filhos assim. Agora vamos dar uma volta, e quando regressarmos vemos se eles
ainda estão aqui, sem os pais…se estiverem sozinhos, levamo-los.
– Está bem. Mas Avô, há pais que não gostam dos
filhos, e não querem ficar com eles, abandonam-nos.
– Filha, esses são doentes…!
O Avô pega no ninho e nos ovinhos e coloca-os na
árvore, num sítio seguro. Os dois vão dar uma volta e quando regressam,
encontram os pais dos passarinhos no ninho, a aquecê-los.
– Onde está o ninho, Avô?
– É aquele, naquele tronco!
– Estão ali dois passarinhos grandes, será que
foram eles que deitaram o ninho ao chão?
– São os pais dos passarinhos que vão nascer! Eu não
te disse que os pais iam voltar?
– Óhhh! Que pena…eu queria tanto o ninho e os
passarinhos.
– Que pena? Devias ficar muito feliz…! Aqueles pássaros
também querem muitos os bebés que vão nascer, aliás, eles ainda querem mais que
tu…e os bebés passarinhos também querem muito os pais. Precisam muito uns dos
outros. Não podíamos tirá-los assim só porque queríamos ou gostávamos! Os teus
pais também te querem, e tu queres os teus pais…precisam uns dos outros, e tu
também não querem, nem queriam que te tirassem deles, não é? Nem tu!
– Pois é! Tens toda a razão Avô.
– Um dia destes, vais ver os bebés grandes! A voar
livres…mas por agora, estão no calor dos pais, a crescer.
– E como vou saber que são eles?
– Pelo ninho! E pela árvore!
– Áh!
– Bom, vamos deixá-los em paz, no amor uns dos
outros.
– Até um dia destes, passarinhos bebés! Pássaros,
pais…cuidem bem dos vossos bebés, e tenham cuidado para não deitarem os ninhos
abaixo.
– Eles sabem o que fazer, querida! Vamos! - ri o Avô
– Está bem.
Os dois voltam para casa, e os passarinhos nascem
alguns dias depois. Quando voltam ao campo, o Avô e a neta reconhecem o ninho,
e ficam maravilhados com as criaturas que estavam dentro dos ovos…lindos! E os
pais a transportar comida para os filhotes.
– Ainda bem que não os levamos para casa, Avô.
– Vês? Eu disse-te! A Natureza não brinca em
serviço! Sabe o que faz.
FIM
Lálá
(23/Janeiro/2014)
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