Era uma vez um lindo pinguim que saiu do seu iglô para ir pescar. Andou pelo gelo, escorregou em poças de água congeladas, e deslizou às gargalhadas, até entrar na praia.
O dia
estava cheio de sol, mas frio. O pinguim caminha areia…
- Será que hoje há peixe? Sim…deve haver…estão ali pessoas…!
Qual será o melhor sítio para pescar? Talvez…ali onde estão aqueles todos…haverá
peixe para todos, não? já sei…vou perguntar.
O pinguim
caminha pela areia molhada e pergunta a um jovem surfista, que estava à espera
das ondas.
- Olá, bom dia! O que estás a fazer na praia? – Pergunta o
pinguim
- Um pinguim, por aqui? Que estranho…o clima está mesmo a
mudar…os pinguins até já andam na praia, em vez de andar no gelo.
- Qual é a surpresa?
- Não é costume ver aqui na praia pinguins…!
- Tu não és um pinguim?
- Não! Sou um homem…um surfista.
- Um surfista?
- Sim! É um desporto que se pratica, com esta placa em cima
das ondas…é parecido com o que vocês pinguins fazem!
- Áh! Nunca vi. Vens muitas vezes à praia?
- Sim, venho todos os dias… e tu?
- Eu venho quando está tudo congelado daquele lado, e não
encontro comida…vim pescar.
- Pescar? (gargalhadas) Um pinguim a pescar…? Áh, áh, áh…só
nos desenhos animados. Onde está a tua cana de pesca? E os iscos? E o barco e o
balde…?
- Eu não preciso de nada disso! Pesco para comer…ou como é
que achas que como? Com lanças…? És muito ignorante, desculpa lá…!
- E tu andas na escola também, queres ver?
- Ando! Por acaso não sabes qual o melhor sítio para pescar?
- Huummm…ali à frente costuma haver muita gente, que atira
as canas de pesca para a água, e muitas gaivotas, por isso, deve haver bom
peixe. Passa por lá…!
- Está bem. Obrigado.
- Boa sorte…e depois diz-me se há peixe ou não. se
precisares de ajuda, chama-me.
- Está combinado. Obrigado.
O malvado
surfista ri-se quando o pinguim vira costas. Ele manou o pobre pinguim, para
uma zona onde havia muito lixo. O pinguim muito contente atira-se à água, a
pensar que ia apanhar peixe. Mal mete as patas numa zona de areia, pisa uma
série de latas e plásticos, garrafas, vidros…que o magoam. Ele grita, olha para
o chão, tira de lá as coisas que pisou e resmunga:
- Que porcaria!
Um sapato
todo roto acerta-lhe nas coxas com força, trazido pelas ondas. Ele grita,
zangado.
- Mas o que é isto?
Mergulha mais
um pouco e um farrapo enrola-se à sua volta, pisa uma carcaça de televisão,
leva com um pedaço de madeira estragada na cabeça…encontra lixo, mais lixo e só
lixo. E onde estava o peixe afinal? Ele sai
muito zangado da água, um pouco ferido, e a libertar-se do lixo que se
enrolou à sua volta. O malvado surfista a gozar de fininho, e a rir.
- Desgraçado…enganaste-me! (grita o pinguim) Espero que da
próxima vez que tenhas muita fome, não encontres nada para comer, ou que
engulas pedras e lixo! Isto não se faz…! (p.c) Mas onde está o peixe? Será que
foi todo comido pelo lixo? Ai…estou com tanta fome! Não quero lixo…quero peixe!
Quem é que pôs esta imundice aqui no mar…? que porcaria!
Umas
gaivotas vêem do alto mar e trazem muito peixe para elas.
- Óh, gaivotas…por favor…dêem-me um peixinho ou dois…estou
cheio de fome! É para mim e para a minha família…os meus filhos pequenos… -
Implora o pinguim.
- Cuidado, meninas…caçador à solta! – Grita uma gaivota às
outras
- O quê? O mundo está louco! – Acrescenta outra gaivota
- Esta coisa não costuma andar no gelo? O que faz aqui na
nossa praia…? – Pergunta outra gaivota.
- Por favor…ajudem-me! Eu fui enganado…aquele atrevido
mandou-me para aqui, porque disse que havia bom peixe, mas quando entrei era só
lixo!
- Tiveste o que mereces…! – Diz outra gaivota arrogante
- Óh, vá lá…pelo menos digam-me onde posso encontrar peixe! Estou
cheio de fome…e os meus filhos ainda são muito pequenos…precisam de se
alimentar! – Implora o pinguim.
- Que pena que eu tenho de ti…caçador…bem-feita! Tens fome…vai
à pesca, como nós fazemos… - Resmunga uma gaivota arrogante.
- Queres peixe…? Vai buscá-lo lá ao fundo, às ondas gigantes…!
Não temos pena nenhuma de ti, nem dos teus! – Grita outra gaivota arrogante.
Aproximam-se
uns generosos pescadores com canas de pesca, baldes e iscos. Atiram a cana de
pesca para mais longe, e vêem o pinguim muito triste. Dão-lhe algum peixe, ele
come e abre um grande sorriso.
- Óh, muito obrigado, generosos pescadores. Preciso de mais
peixe para os meus filhos pequenos…posso recompensar-vos…?
- O próximo peixe que pescarmos…vai para ti e para a tua
família! – Diz um pescador.
- É que está tudo congelado na minha zona…
- Aqui há peixe de sobra para toda a gente! – Diz outro
pescador.
- Um surfista enganou-me…indicou-me um sítio onde só havia
lixo. – Lamenta o pinguim.
- Mas isso não se faz…! Todos os animais e pessoas têm o
direito de comer. – Diz outro pescador.
- Quem atirou tanto lixo para o mar? – Pergunta o pinguim
- O homem. – Respondem os pescadores em coro
- E não foi apanhado?
- Não é só um, infelizmente…são centenas. – Diz outro
pescador
- Mas porque fazem isso? Não têm sítios próprios para o
lixo?
- Têm, mas não têm nada nas cabeças. É gente selvagem! –
Responde outro pescador.
- Deviam ser obrigados a limpar. – Sugere o pinguim
- Com certeza…mas infelizmente escapam! – Concorda outro
pescador…
- Pega lá… - Grita outro pescador.
Os pescadores
enchem um grande balde de peixe para o pinguim, e para eles. O pinguim ficou
muito feliz, e leva um apetitoso balde de peixe fresco, brilhante, para ele e
para a sua família comerem.
Depois deste
dia, o pinguim já sabia onde pescar, quando tudo estava congelado.
FIM
Lálá
(7/Janeiro/2014)
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