Era uma vez uma boneca de lata, muito bonita, mas ninguém gostava dela porque fazia muito barulho. Ela ficava muito triste porque via toda a gente a brincar em grupo, felizes e a rir, e ela…sempre sozinha. Logo que se aproximava dos outros meninos, todos fugiam. Os seus pais já não sabiam o que fazer.
Um
dia, estava ela a choramingar na beira do rio, a ouvir a água a cantar
docemente, quando passava nas pedrinhas e nas cascatas.
-
Óh! Quem me dera cantar tão bem como esta água que passa pelas pedras! Quem me
dera andar levezinha…de sapatos…quem me dera não ser assim. Porque é que eu
tinha de ser assim!
-
Porque reclamas tanto, latada? – Pergunta um sapo do rio
-
Latada? Até tu…?
-
Óh, desculpa…não te quero ofender!
-
Tudo bem, já estou habituada.
-
É que eu não sei o teu nome.
-
Podias-me ter chamado menina, por exemplo, e depois perguntavas o meu nome! Só reparaste
no que sou feita.
-
Sim, é verdade. Tens razão, desculpa. Tu és feita de lata.
-
Eu sei…não precisas de me lembrar.
-
Porque estás tão queixinhas?
-
Não estou queixinhas, só estou a desabafar.
-
O que é isso que estás a fazer?
-
Estou a desabafar.
-
E para que fazes isso?
-
Para não ficar tão triste.
-
E resulta?
-
Mais ou menos.
-
Então se não resulta, porque fazes isso?
-
Eu não disse que não resultava! Resulta alguma coisa…mas continuo triste. Tu também
ficas triste?
-
Claro que sim. Muitas vezes.
-
E o que fazes nessa altura?
-
Canto…ou…choro…ou…suspiro…sei lá…muitas coisas.
-
E resulta?
-
Resulta. E tu como é que desa…b…qualquer coisa…aquilo que tu disseste?
-
Desabafo?
-
Isso!
-
Transformo as minhas lágrimas em palavras!
-
Áh! Tens poderes especiais?
-
Não. Nem isso.
-
Então como é que transformas lágrimas em palavras? É que…que eu saiba, só quem
tem poderes especiais é que transforma.
-
Não é desses poderes que estou a falar…estou a falar daquelas pessoas como os
poetas, os pintores, cantores ou actores e dançarinos, que mostram o que sentem
de outra maneira.
-
Áh! Estou a perceber! E tu és uma dessas pessoas?
-
Não! Sou só uma boneca de lata. Falo em vez de chorar.
-
Muito gosto…eu sou um sapo! E porque não choras?
-
Às vezes também choro. E tu?
-
Com certeza que sim. Mas porque é que estás tão triste?
-
Porque todos se afastam de mim…! Não gostam de mim.
-
Como é que sabes? Já lhes perguntaste?
-
Nem preciso de lhes perguntar, eles mostram.
-
Como?
-
Todos fogem quando apareço, e não me convidam para brincar.
-
Porquê?
-
Porque faço muito barulho.
-
Fazes muito barulho…como assim?
-
Eu sou feita de lata, e ao andar faço barulho.
-
Mas é só por isso que eles não gostam de ti?
-
Sim. Acho que sim!
-
E que culpa tens tu de ser feita de lata? Eu sou um sapo…podemos ser amigos, eu
e tu, não?
-
Claro que sim. Só se não gostares de mim.
-
E porque não haveria de gostar de ti…? Mas…que barulho é que fazes? Ora…anda um
bocadinho para eu ouvir.
-
Tu queres ouvir o meu barulho?
-
Quero.
-
De certeza?
-
Sim…caso contrário não te pediria para andares.
A boneca de lata anda um pouco e faz
barulho.
-
Estás desafinada!
-
Desafinada? Eu…? Eu não sou um instrumento de música!
-
Tu fazes música…tocas música…ao andar, ao correr…
-
Sou uma boneca de lata…
-
Que toca música.
-
Onde estás a ouvir a música?
-
Em ti…vou fazer de ti uma estrela.
-
O quê?
-
Sim. O teu som…é música! Só precisas de uns pequenos acertos!
-
Não estou a perceber.
-
Eu sou um sapo…
-
Sim, já reparei, e eu…sou uma boneca de lata!
-
Bem sei, e depois?
-
Depois…tu és música, e eu sou canto!
-
Tu cantas?
-
Canto.
-
Pois…que sorte! Eu não! eu só faço barulho.
-
Barulho? Onde está o barulho?
-
Em mim!
-
Não ouvi barulho nenhum…ouvi…música! Música não é barulho.
-
Porque dizes que sou música? Eu não toco, nem canto, nem sou instrumento…ui…sapo…que
olhos são esses? Estás bem?
-
Estou a pensar…
-
Ficas assim quando estás a pensar?
-
(grita) Já te viste ao espelho?
(A
boneca estremece e encolhe-se)
-
Não. Nem sei o que é isso.
-
Anda cá!
O
sapo puxa a boneca de lata, e leva-a a uma gruta, onde tem um espelho.
-
Bem - vinda ao meu estúdio! – Diz o sapo vaidoso e feliz
-
Estúdio?
-
Sim! É onde me preparo para os meus espectáculos.
-
Tu fazes espectáculos?
-
Faço. Sou cantor, e tu vais trabalhar comigo!
-
Mas…a fazer o quê?
-
A acompanhar-me. Tens um som maravilhoso para acompanhar vozes de sapos.
-
Estás a ser sincero?
-
Muito sincero. Olha para ti…como és bonita!
-
(sorri) Obrigada. Eu sou esta?
-
Sim! Vamos começar hoje…vou chamar a rapaziada.
O sapo coaxa e aparecem vários outros
sapos, no estúdio.
-
Olá! – Diz o sapo
-
Olá! – Respondem em coro
-
Temos visitas? – Pergunta outro sapo
-
Temos um novo elemento na família da banda.
-
Um novo elemento? – Perguntam em coro
-
Sim. Ora ouçam o som dela. É lindo! Por favor…anda…
A boneca fica tão feliz que anda e
dança livremente, fazendo vários sons diferentes, uns mais suaves, outros mais
agudos. Os sapos ficam de boca aberta, maravilhados.
-
Ááááááhhhh…! – Exclamam os sapos
Todos aplaudem.
-
Apoiadíssimo! – Diz outro sapo
-
Lindo! – Exclama outro sapo
-
Maravilhoso…! – Suspira outro sapo
-
Vai ser um sucesso! – Diz outro sapo entusiasmado
-
Não tenham dúvidas. Bravo, minha querida! Agora, vamos cantar e tu, voltas a
dançar, está bem?
-
Sim!
Os sapos coaxam e a boneca de lata
dança a vários ritmos, que fazem vários sons e acompanha na perfeição os sapos.
Os sapos aplaudem a boneca de lata. Nessa mesma noite, toda a floresta vai
assistir ao primeiro de muitos concertos de Verão dados pelos sapos, e pelas
cigarras e grilos, acompanhados com as danças e os sons da boneca de lata. O primeiro
de muitos que se seguiram. Toda a plateia fica muito surpresa, aplaude de pé,
oferecem flores, tiram fotografias, pedem autógrafos, e passam a dar muito
valor à boneca de lata. A partir daí, todos querem ser amigos da boneca. O sapo
tinha razão…transformou mesmo uma boneca de lata, que todos diziam que fazia
barulho, numa estrela, e ele e os outros sapos trataram-na como um elemento da
família, com respeito e carinho. Ela era para os sapos…uma mãe…ou uma irmã que
os ajudava a cuidar de si mesmos e da casa… de tudo o que fosse preciso.
FIM
Lálá
(31/Janeiro/2014)
Que linda história. Vou utiliza-la com minha turminha de berçário! Parabéns!
ResponderEliminarOlá Deia Cris ☺ muito bem vinda, obrigada pela visita, e leitura das minhas histórias. Obrigada pelo comentário. Divirta-se e espero que os meninos gostem. Depois diga como correu e o que acharam ☺ Bjnhs.
EliminarQuem é o autor da história?
ResponderEliminarOlá Daiana, a autora sou eu, Lara Rocha. Obrigada pela leitura e visita
EliminarOk Lara. Muito obrigado. Irei dramatizar a sua História com a minha turma.
EliminarTem imagens?
ResponderEliminarOlá, obrigada pela visita e por ler esta história/ blog :) Desta história não tenho imagens, mas desafio a enviar-me imagens se quiser ;)
EliminarParabéns. Linda história!
ResponderEliminarOlá, muito obrigada por visitar o meu blog e pelo comentário. Boas leituras :)
EliminarLara
Parabéns a história é maravilhosa
ResponderEliminarOlá! Muito obrigada pela visita! 😀 volte sempre.
EliminarAcabei de cotar para meus filhos eles amaram parabéns
ResponderEliminarOlá! Muito obrigada por ler as minhas histórias aos seus filhos. Fico muito feliz que as leiam e que gostem.
EliminarContinuem a ler.
😀😍
Beijinhos