Era uma vez um menino
que construiu vários barquinhos. O primeiro foi em papel. O menino lançou-o ao
rio, mas pouco tempo durou, porque o papel desfez-se.
- Óh! Que pena.
Construiu outro em
esponja. O menino lançou-o ao rio. A esponja boiou algum tempo, mas com tanta
água, ficou muito pesada e afundou.
- Mas…onde foi parar a esponja…?
Como é que ela se afundou? Ou foi alguém que a roubou?
Depois, o menino
construiu outro, com uma casca de bolota, que pintou e lançou ao rio. Acompanhou-o
até que o barquinho caiu numa cascata, desceu rapidamente e mergulhou.
- Não posso acreditar! Óh…volta,
barquinho, volta…
Mas o barquinho não
voltou. A casca de bolota serviu de alimento a uma tartaruga que vivia por trás
da cascata, que viu a casca e comeu, mas depois por causa da tinta, a tartaruga
ficou mal-disposta. Tomou um chá de algas e tudo passou.
- As tartarugas comem cascas de
bolotas? Não…! Ela não deve ter comido…acho eu. Aquilo era muito duro, e tinha
tinta.
O menino ficou muito
triste porque perdeu o barquinho de casca de bolota. Voltou para casa e
construiu um barquinho de nenúfar. Lançou-o ao rio. O barquinho seguiu
ligeirinho e o menino acompanhou-o para ver onde ia parar. Mas o barquinho de nenúfar,
foi parar à boca de uma fada do rio, que o comeu deliciada, num abrir e fechar
de olhos. Ela adora comer nenúfares.
- Que atrevida…! Gulosa! Isso não
é para comeres…! – Ralha o menino
- Também querias? – Pergunta a
fada do rio
- Não era para comer! – Diz o
menino
- Olha, veio parar aqui, é
porque é para comer. Tudo o que vem à rede é peixe. – Diz a fada.
- Isso não é peixe.
- Pois não…é muito melhor que
peixe! Huummm…estava mesmo delicioso. Muito obrigada amigo!
- Era o meu barco! – Grita e
chora o menino
A fada mergulha indiferente a rir. E o menino lá perdeu
outro barquinho. Volta para casa, muito triste, mas não desiste! Desta vez, constrói
um barquinho, feito de casaca de noz. Convencido de que ia ser forte e ninguém
o ia levar, lança o barquinho de noz ao rio. O barquinho anda ligeiro e em
círculos quando a corrente é mais forte.
O menino ri, mas logo
chora, quando de repente, um esquilo esfomeado dá um valente mergulho na água e
engole o barquinho de casca de noz, trincando-o. O menino resmunga, mas o
esquilo pôs-se em fuga.
Lá volta o menino para
casa muito triste, sem o barquinho. Chegou a casa e construiu outro barquinho,
com uma tabuinha de madeira que sobrou de umas obras que o seu avô fez. Lançou o
barquinho ao rio, mas este não se mexeu…ficou a boiar na água, a balançar de um
lado para o outro, até que vem uma enorme águia pelo ar e agarra com as suas
enormes garras, a tabuinha.
- Dá cá isso! – Ainda grita o
menino, mas a águia não lhe ligou.
O menino volta a ficar muito triste, e constrói um
barquinho de folha de palmeira. Lança-o ao rio, e a folha começa a andar
sozinha, devagar.
- Áh! Este vai resistir. – Diz
o menino a sorrir.
Mas estava muito enganado! Quando ele menos esperava…aparece
um urso enorme que mergulha para pescar um peixe e enrola-o na folha da
palmeira.
- Óh! Não…não posso acreditar.
O urso levanta-se e olha para o menino com ar de
ameaçador. O menino fica com tanto medo que desata a fugir.
- Óh, não…já cá faltava este! Até
este…Ai…socorro! Fica lá com o barco…ai, ai, ai…!
O urso seguiu para outro
lado, depois de apanhar mais alguns peixes suculentos. Depois de tantas
tentativas falhadas, o menino desata a chorar, e pede ajuda ao seu pai e ao seu
avô para construir um barco.
Os dois ajudam o menino
a construir um belo e enorme barco de madeira resistente, bem montado, bem
colado, envernizado, à prova de água e com espaço para ele se sentar. O menino
ficou muito contente e puseram o barco no rio. O menino foi passear no seu
barco com o pai a vigiar e tudo correu bem.
- Boa, pai…boa Avô…muito
obrigado. Vocês são os maiores.
Mesmo com tantas
tentativas falhadas, o menino não desistiu, e construiu de vários materiais até
chegar ao mais resistente. Vocês também não devem desistir, e devem tentar
sempre, mesmo que não consigam fazer sozinhos, peçam ajuda aos adultos…porque
afinal todos precisamos de ajuda uns dos outros…não sabemos tudo, não fazemos
tudo…não resolvemos tudo só por nós.
FIM
Lálá
(6/Fevereiro/2014)
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