Era uma vez, uma gotinha de água, que decidiu ir passear. Ao sair de casa gritou, o vento faz outra pergunta e a Gotinha respondeu:
- Vento…leva-me a passear!
- Para onde?
- Por aí…por onde quiseres.
E lá vai a gotinha, de mão dada com o vento suave, bem devagarinho.
Pelo caminho, vê uma flor tão bonita que disse ao vento para esperar, vai ter com a flor e falam uma com a outra:
- Olá flor…és tão bonita!
- Olá gota de água…sou bonita também com a tua ajuda, porque me regas e deixas-me fresca… molhas a minha terra…é por isso que fico grande. Mas…de onde vieste?
- Vim da minha casa! Vou passear. Só parei porque a tua cor chamou-me a atenção.
- As tuas amigas e família onde andam? Não voltou a chover!
- Tu querias que a chuva voltasse?
- Não…para já não preciso! Mas está a ficar tudo muito seco! Ouço toda a gente a queixar-se.
- Quando precisares, chama-me!
- Está bem, obrigada…bom passeio.
- Obrigada. Espero que continues assim, bonita. Até à próxima.
– (sorri) Até á próxima.
A gota volta a caminhar com o vento. Mais à frente, encontra um ninho de passarinhos, de biquinho aberto.
Pára junto deles, mas não é muito bem recebida por eles:
- Olá, lindos…estão com fome?
Os passarinhos respondem em coro:
- Sim…
Um dos passarinhos resmunga com a Gotinha de Água:
- Vai-te embora! Não te queremos aqui! Tu és fria e deixas as nossas penas uma porcaria.
A gotinha segue, triste e murmura:
- Ainda vão sentir a minha falta, seus mal agradecidos!
Lá continua a passear com o vento. Num banco de jardim está uma rapariga triste, pensativa. A gotinha, devagarinho e suavemente, aproxima-se e pousa no canto do olho da rapariga, e ela chora.
A gotinha escorrega pela pele da menina, a menina limpa com a mão e sacode a gotinha, esta cai numa poça de água e grita:
- Aaaaaiiii…!
O vento fica preocupado e pergunta:
- Magoaste-te?
A Gota de Água grita e resmunga:
- Que grande bruta. Esta gente humana não tem cuidado nenhum com as lágrimas…uma coisa tão delicada…
O vento e a Gotinha de Água falam um com o outro:
- Nem as flores tratam bem, quanto mais as gotas…! Se calhar nem sabem que tu existes.
- Não querem saber que eu existo!
- As emoções falam mais alto do que o resto.
- E eu não faço parte das emoções desses seres estranhos?
- Claro que fazes…quando as pessoas choram, és tu que estás lá! Até os alivias…!
- Para a próxima, não saio dos olhos deles!
- Mas depois…se não sais dos olhos das pessoas, elas ficam doentes…
- Quero lá saber! É problema deles…para a próxima que não me tratem mal. (p.c) está decidido. Não saio mais dos olhos das pessoas.
- Mas fazes tanta falta! (p.c) não podes desistir…deves ser mais forte do que os mal agradecidos!
- E como é que eu faço isso?
- Hum…sinceramente…não sei bem…talvez…olha…pensa mas é nas pessoas que gostam de ti, ou nas flores…qualquer coisa que te faça sentir feliz.
Mais uns passos, a gota encontra outras amigas, milhares delas, num lago a dançar e a brincar, risonhas e felizes. Uma das Gotinhas de Água reparou numa semelhante a si e cumprimenta-a alegremente:
- Olá… és das nossas! Junta-te! Anda dançar e divertir-te connosco…!
A alegria das gotas contagiou esta gotinha e fica com as outras, saltam e mergulham, até que ouvem alguém a gritar muito aflita:
- Socorro, socorro… há fogo aqui!
As gotas ficam muito agitadas e assustadas. A pessoa vai ao lago, muito aflita e enche um balde de água, todas as gotas saltam para o balde e juntas ajudam a apagar o fogo.
De repente, uma nuvem chama o vento. A Nuvem faz um pedido e o vento responde:
- Ventooooo… torna-te mais forte e traz-me todas as gotas que puderes. Muitas, muitas… há uma população com necessidade de água.
- Mas…os seres humanos são maus com as gotas e com a água em geral!
- Não penses nisso agora! Elas não merecem, por poluírem a água e maltratarem – na…desperdiçando-a, … espalhando-a por onde não é precisa, sim, concordo, elas são más…mas por favor…temos de esquecer isso e mandar-lhes água! Os animais e as plantas não têm culpa da maldade do homem. Aliás…essa até é uma boa maneira de os castigar…eu preciso é de muitas, muitas gotas!
- Estou a perceber…deixa comigo!
O vento desata a correr, sopra muito forte, assobia, abana tudo, sacode as árvores todas quase as deita abaixo, e onde há água recolhe todas essas gotas.
As gotas não percebem nada do que está a acontecer. Estão milhares delas juntas e o vento ainda apanha mais.
As pessoas estão assustadas com a presença forte do vento.
A nuvem está deliciada, e o vento devolve-lhe todas as gotas que recolheu. A Nuvem agradece feliz a rir:
- Excelente trabalho, vento! Obrigada. Continua a mostrar a tua força aos seres humanos!
O vento continua fortíssimo, e a nuvem enorme, roxa, com uma dimensão assustadora, cheia de gotas desata às gargalhadas.
As gotas começam aos gritos e a nuvem solta-as, elas caem aos trambolhões a gritar no solo.
As pessoas estão recolhidas em casa assustadas porque o vento sopra muito forte, e a nuvem às gargalhadas. Quanto mais ri, mais gotas solta!
Aparece a trovoada para ajudar, também com estrondosos trovões! Forma-se uma terrível e valente tempestade. Que meeeeeeddddoooooooooo….
A Nuvem a rir às gargalhadas comenta:
- E agora, terráqueos? É melhor pensarem duas vezes antes de fazer mal à água…não é?! Se continuam com o mesmo comportamento a poluir e desperdiçá-la descaradamente… não sabem o que vos espera! Quer dizer.já vão tendo oportunidade de saber…! (p.c) Muito cuidado! Depois não digam que não vos avisaram… (gargalhadas da nuvem).
FIM
Lara Rocha
18/Setembro/2009
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