Narradora – Chegou a Primavera, e com ela regressam constelações de borboletas, abelhas, joaninhas e muitos outros animais. Hoje está um dia escaldante, e pousada numa linda flor está uma abelha. Uma borboleta que vinha a voar, decidiu pousar também na mesma flor. A abelha que é muito invejosa quando vê a borboleta, fica muito zangada e põe o ferrão em punho prestes a picar a borboleta. A borboleta assusta-se porque a abelha sopra fortemente:
Abelha – Bzzzzzzzzzzz….
Borboleta – Uuuuuuiiii…! Que susto! Desculpa…não te vi…vinha cheia de calor que pousei na primeira flor mais bonita para repousar! (p.c) Mas, magoei-te?
Abelha – Bzzzz…não!
Borboleta – Então porque é que estás tão zangada?!
Abelha (zangada) – A flor…esta…é minha! Põe-te a andar daqui para fora, antes que te espete o ferrão!
Narradora – Uma joaninha que também lá pousa comenta.
Joaninha – Ai…! Nunca vi tanto bicho na mesma flor!
Abelha (zangada) – Não posso acreditar nisto! Outro intruso!
Joaninha e borboleta – O quê?
Borboleta – Esta flor não é tua…escusas de ser tão palerma.
Flor - Tens toda a razão, borboleta! Parece que até me leste os pensamentos!
Joaninha – Que eu saiba todas podem pousar nas flores…em qualquer uma delas, e mais que uma…não é flor?
Flor – Sim, é totalmente verdade!
Abelha (zangada) – Ponham-se a andar!
Joaninha e borboleta – Não saímos!
Borboleta – Eu saio quando quiser…
Joaninha – Eu também!
Abelha (zangada) – Eu cheguei primeiro!
Borboleta – E tens umas antenas assim tão grandes, ou estás assim tão gorda que não caibas na flor, connosco aqui?
(Joaninha ri).
Flor (sorri) – Tens toda a razão…cabem muito bem as três…! Podem ficar as três…!
As três – Naaa…!
Abelha (zangada) – Não saem a bem, saem a mal…
Narradora – Começam a lutar, aos gritos, aos penicões, asas com asas, patinhas com patinhas, anteninhas com anteninhas, encontrões, sapatadas, puxam os pêlos umas às outras, saltitam, deitam-se abaixo…a flor está nervosa com tanta agitação e grita-lhes:
Flor (grita) – Meninas…parem já imediatamente. Estão a magoar-me… (p.c) Querem lutar saiam de cima de mim.
Outra flor – Que vergonha! (p.c) Nunca vi seres tão parecidos que se dessem tão mal…!
As três – Nós?! Parecidas…?!
Joaninha – Eu…parecida com estas duas…?! Cruzes! Sou mil vezes mais bonita que elas!
Borboleta – Estás a precisar de óculos…!
Abelha (zangada) – Que horror…nós parecidas…
Outra flor – Sim! As três têm asas, antenas, alguns pêlos…voam…e pousam nas flores!
Flor (zangada) – E agora estão a ser as três umas palermas…parecem uns animais selvagens…a lutar por uma coisa tão ridícula!
Abelha – Não é uma coisa ridícula! É muito sério! Elas estão a invadir a minha propriedade…
(As flores riem)
Flor (a rir) – Desde quando é que eu sou tua…ou de quem quer que seja?
Outra flor – Pois…também não percebo porque é que estás a dizer que ela é propriedade tua…!?
Abelha – Então…?! Eu pouso em ti… e em ti…sirvo-me do teu pólen…do vosso…para fabricar o meu mel…repouso em ti…
Flor – Grande coisa! Há centenas de outras abelhas e de outros bichos além de ti, que pousam em mim, e nela…muitas vezes mais que um, e não lutam! (p.c) Vá… desçam de mim!
Outra flor – Não sei porque é que vocês estão a lutar umas com as outras. Não tem razão nenhuma para isso!
Flor – Não voltam a subir para mim, enquanto não se entenderem.
Narradora – As três descem, falam umas com as outras, discutem, dão encontrões umas às outras, a abelha tenta picar a borboleta e a joaninha, elas quase dançam para fugir da abelha, as asas umas das outras tocam-se. As flores riem-se, e um passarinho que vive na árvore onde estão as flores, sai do tronco, aparece á janela e grita muito zangado.
Passarinho – Mas que raio é que se passa aqui?!
(Elas param e olham para cima)
Abelha (chateada) – Outro intruso?!
Passarinho (chateado) – Estás a falar comigo, óh monstrenga…?
Abelha (zangada) – Cala-te óh…penaxudo! Se não…levas já com o ferrão!
Passarinho (chateado) – Esborracho-te já com uma chinelada!
Abelha (zangada) – Uuuiiii… que medo! (ri-se)
Passarinho (chateado) – O que é que estavam a discutir? Ouvi uma gritaria…!
Flor – Estes seres alados estão a discutir porque estavam pousadas em mim…
Outra flor – Pelos vistos têm as antenas grandes…são gordas…não cabem na mesma flor! Ainda por cima a abelhuda diz que a flor é propriedade dela…e estão a invadi-la…!
(As flores e o passarinho riem-se)
Passarinho – Já vi tantos bicharocos iguais a vocês, pousados na mesma flor, e nunca se envolveram em luta!
Flor – Conviviam alegremente…!
Outra flor – Dava gosto!
Flor – Estas já quase arrancaram as asas umas às outras…e quase me desfaziam!
Passarinho (muito zangado) – Onde é que já se viu.
Borboleta – Eu também já estive numa flor, com outras, e nunca tivemos problemas!
Joaninha – Eu igualmente…esta…é que está feita esquisita!
Passarinho – Porque não tentam fazer o mesmo…vocês as três?!
Flor – Excelente ideia! À mais pequena agressividade, eu deito-vos abaixo!
Borboleta – Eu não tenho nada contra esta feiosa…desde que ela não mexa comigo!
Joaninha – Eu fico numa pétala!
Borboleta – Eu fico noutra pétala!
Flor – Lembrem-se que tenho muitas pétalas…não precisam de estar umas em cima das outras!
Narradora – As três sobem vaidosas, cada uma fica numa pétala diferente, as três na mesma flor, instalam-se confortavelmente, não falam umas com as outras, e acabam por adormecer. Passado um bocadito, a flor estranha tanto silêncio e sossego e pergunta.
Flor – Óh passarinho…estás aí?
Passarinho (tom baixo) – Sim…estou aqui. Diz…?!
Flor – Que silêncio é este?
Passarinho (sorri, tom baixo) – Estão as três a dormir…cada uma numa pétala! Com este solzinho… (sorriem, p.c, deliciado) Tão bonitas…dá gosto ver!
(Riem baixinho)
Outra flor (sorri) – A Primavera mexe com as cabeças!
Narradora – No fim de uma soneca, as três acordam sorridentes, espreguiçam-se, bocejam, sacodem as asinhas.
Borboleta (sorri) – Áááhh…! Que soninho bom!
Joaninha (sorri) – Eu também dormi…que bem que me soube!
Abelha (sorri) – Esta flor é uma maravilha. (p.c) E se agora formos lanchar as três juntas?!
(Olham-se)
Joaninha – Não nos vais convidar para lanchar e depois espetar-nos com o ferrão pois não?
Abelha – Não…claro que não! (p.c) Aliás, até vos queria pedir desculpa por há bocado. Eu…exagerei…! (p.c) Desculpem…!
(Sorriem)
Joaninha – Sim…exageraste…nós não te íamos roubar nada!
Borboleta – Pois…nem comer nenhum pedaço!
Abelha – Sim…na Primavera…às vezes sinto-me muito nervosa…e estouro por coisas insignificantes!
Borboleta – Sim! É normal! Todos temos esses cinco minutos!
(riem)
Abelha (sorri) – Desculpem! A flor não é minha…é de todos, e todos podem estar nela!
Todas – Sim!
Flor (a sorrir) – Isso mesmo!
Joaninha – Nós também não tínhamos nada que responder à letra…podíamos ter ido logo, cada uma para uma pétala diferente, por isso também não fomos muito amigas.
Borboleta – Pois é…tens razão!
Abelha – Vamos então lanchar!
Todas (sorriem) – Vamos!
Abelha – Naquele bar…é muito bom! Tem lá petiscos deliciosos!
Joaninha e borboleta (sorri) – Vamos…onde quiseres!
Todas (sorriem) – Até já, flor!
Flor (sorri) – Até já queridos.
Outra flor (sorri) – Muito bem! Bom lanche!
Todas (sorriem) – Obrigada.
Narradora – Elas lá vão lanchar, têm uma longa conversa, riem muito, comem e bebem e ficaram amigas para sempre! E sempre que iam para a mesma flor, às vezes ficavam as três no centro, muito divertidas, outras vezes, cada uma ficava numa pétala a descansar…e não houve mais luta nenhuma.
Moral da história:
Os adultos e as pessoas em geral, às vezes pegam-se por coisas insignificantes…essas lutas infelizmente nem sempre acabam bem, e há muitas amizades que acabam por coisas sem qualquer valor…aquelas amizades que não são verdadeiras. Nem sempre as pessoas reconhecem o exagero das situações, nem se dão ao trabalho de fazer as pazes…como as personagens desta história: reconheceram que exageraram mas souberam pedir desculpa e ficaram grandes amigas! Deviam seguir o exemplo delas…!
FIM
Lálá
(17/Abril/2011)
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