Era uma vez um tufão pequenino, com as cores do arco-íris. Ele queria ser visto, e tinha de cumprir as ordens da Natureza, quando ela mandava aparecer, mas sentia-se envergonhado e nervoso porque ainda era pequenino.
- Pareces uma chama insignificante! A abanar com o meu sopro!
Um trovão estrondoso rasga as nuvens, o vento forte treme e fica gelado.
- Mas o que é isto? O vento que também já foi deste tamanho, armado em forte, só porque agora é maior, a gozar com o mais fraco?! Achas bem? Tu também tens medo de mim! Tiveste medo, das primeiras vezes que apareceste na cidade...parece que já te esqueceste, e eu não te humilhei, pois não? Nem humilho!
O vento maior não sabe onde se meter com a vergonha, e tenta fugir.
- Nem te atrevas a fugir, que eu vou atrás de ti. Responde! Assume que sentias medo, e sentes medo de mim, em vez de fugir. - grita o trovão
- Sim, é verdade...senti medo, e sinto. Desculpe… - responde o vento
- Não é a mim que tens de pedir desculpa, é ao pequeno tornado. Não vês que ele ainda é pequeno? Tu nunca foste deste tamanho? Deste tamanho não sentias medo…? (ri) Óh, que valentão que eras, claro!
- Desculpa, pequeno tornado!
- Como és bonito, pequeno tornado. Não fiques envergonhado! Em breve, vais ser tão forte como ele! Tens umas cores maravilhosas, para encantar as pessoas da cidade. Ele é invisível, só o sentem. - diz o trovão
- Obrigado! Mas eles não me veem. - diz o tornado envergonhado
- Eles agora veem mais computadores e telemóveis à frente, mas ainda há quem repare em ti, principalmente os mais pequenitos, e adultos. - diz o trovão
- Ele disse que eu parecia uma chama insignificante, a abanar com o sopro dele… - queixa-se o tornado
- Eu ouvi. Uma chama a ondular com o vento também se vê, e é bonito. Não lhe ligues! És pequenino e envergonhado, não tem problema nenhum. Um dia destes vais ser grande e extrovertido, todos vão reparar na tua beleza. - incentiva o trovão
- Ai, que vergonha.
- Vergonha nada! Isso é só no início, mas habituas-te. Tenho a certeza!
(O pequenito tornado sorri)
- Ai de ti que voltes a desvalorizar o pequeno! Já sabes como é que eu sou! - avisa o trovão
- Sim, senhor. Sei muito bem.
- Principalmente, quando vejo injustiças como esta, e mais comportamentos, por isso…!
- Sim, Sr. Trovão.
- Olha que eu estou atento. Faz a tua tarefa, sem comentários infelizes.
- Combinado!
O trovão recolhe, e fica de orelha levantada. O furacão sopra mais forte e o pequeno tornado volta a abanar como se fosse uma chama. Algumas pessoas na cidade reparam nele, e fotografam-no.
- Ai, que vergonha, tanta gente a olhar por mim, e a fotografar-me! Será que estou apresentável, e bem arranjado?
- Queres ser visto, e tens vergonha? - comenta o furacão a rir à gargalhada.
O trovão dispara outra vez, as pessoas na cidade gritam, umas fogem assustadas, outras tentam proteger-se, porque cai um chuveiro fenomenal, com saraiva à mistura.
- Outra vez? - pergunta o trovão furioso - Estás muito bonito, pequeno! Olha como tiveste pessoas a olhar para ti? Até te fotografaram...e ficaram a ver se crescias. Ainda não cresceste, mas cumpriste o teu papel: encantar as pessoas da cidade! Parabéns! Não sintas vergonha por ainda seres pequeno! Tens tanta beleza como um arco-íris grande. Não tenhas pressa de crescer. És na mesma apreciado, ou ainda mais, por seres como és! As pessoas gostam de ver arco-íris, estão mais habituadas aos grandes, mas é bom verem pequeninos, enche-os de ternura, que eles bem precisam. Até te fotografaram, eu percebi que ficaram encantados. Ainda estão a olhar para ti, vejo daqui o brilho nos seus olhos e sorrisos, com ternura. Estão deliciados, como se estivessem a ver uma criança, que és! Linda criança!
- Obrigado! - diz o tornado a sorrir
A Mãe Natureza está orgulhosa, e manda o pequeno tornado para casa, onde os seus pais também sentem orgulho por ele ter chamado a atenção.
- Muito bem, filho! Continua...para a próxima estarás maior, mas para já, valeu a pena! O trovão tem toda a razão...lembra-te das palavras dele.
Passados uns dias, o pequeno tornado, com as cores do arco-íris, ganha força, cresce, e a Mãe Natureza manda-o para a cidade.
Mesmo ainda com alguma vergonha, mas maior, ele lembrou-se das palavras do trovão, e aparece por trás do monte, até meio círculo, vaidoso.
Os habitantes ficam encantados, fotografam, sorriem, soltam exclamações de surpresa, e o tornado recolhe, todos ficam na expectativa para ver se vai desaparecer.
- Anda cá, vamos brincar com eles…! - diz o furacão
O tornado arco-íris volta a parecer uma chama ondulante com o vento, mas desta vez, com a ajuda do furacão, faz redemoinho, e começa a subir na vertical, com círculos grandes, em movimento.
Os habitantes nunca tinham visto tal coisa, ficam assustados porque o vento era fortíssimo, o céu estava muito escuro, as nuvens muito pesadas.
Todos repararam, fotografaram, sorriram ao ver aqueles círculos, embora pensassem que se estava a formar um tornado, ficaram a olhar, pareciam hipnotizados.
- Que bonito!
- Uau!
- Nunca tinha visto nada disto!
- Parece um tornado, mas tem as cores do arco-íris!
- É mágico!
- Ááááhhhh...mesmo bonito!
Todos aplaudem, e os que param para ver:
- Gratidão, Natureza, por este presente!
Pouco depois, o tornado arco-íris desaparece. Quando regressa a casa, todos dizem:
- Estamos orgulhosos de ti.
- Obrigada! Obrigado!
Partilha a sua experiência com todos, sorriem, continua a crescer, orgulhoso e vaidoso. A Natureza manda-o aparecer, quando ele já está com o triplo do tamanho, e todos repararam na sua beleza, o arco-íris, como o conhecemos agora.
Fim
Lara Rocha
2/Abril/2024
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