Foto de Lara Rocha
Era uma vez uma ilha deserta, onde não ia ninguém a não ser aves marinhas e animais aquáticos. Era muito bonita, onde se respirava ar puro, a água era transparente e calma, ouvia-se o seu cantar sereno e melodioso com o movimento das ondas, que se mexiam sem pressa, baixinho.
Tinha palmeiras, areia branca e limpa, macia. Era um recanto mágico onde a entrada do ser humano não era permitida. Quem tentava entrar, voltava rapidamente empurrado pelos golfinhos que não os deixavam aproximar-se sequer!
Eram vigilantes atentos! Os homens pensavam que no início era brincadeira, mas rapidamente percebiam que os animais não os queriam lá, ficavam irritados e quase os atacavam.
As aves cantavam felizes, as gaivotas voavam por todo o lado, pousavam na areia, mergulhavam no mar, sem ser incomodadas nas palmeiras e noutras árvores selvagens.
As focas, os leões marinhos, as lontras, os golfinhos, os cavalos marinhos, e toda uma variedade de peixes nadavam livremente, brincavam uns com os outros.
Parecia uma ilha de sonho, e era mesmo, porque estava intacta. Não se sabia como tinha nascido ali, há quantos anos ou séculos, e porque é que ninguém conseguia entrar nesse espaço.
Por causa deste mistério, despertava muito a imaginação de quem a via, inspirava a criação de lendas, na tentativa de encontrar as respostas que procuravam.
Um dia, o céu ficou escuro na praia da cidade e na ilha. Todos os animais ficaram muito assustados, agitados, inquietos. As aves voavam sem rumo, desajeitadas, assustadas, chocavam umas com as outras e caíam ao mar.
- Mas o que é que está a acontecer aqui? - pergunta uma gaivota
- Não sei! Não consigo voar! - diz outra
- Parece que desaprendi ou que me esqueci de como voar! - lamenta outra assustada.
- Isto não me cheira bem! - comenta uma lontra
- Nem a mim! - acrescenta um golfinho
- Está a acontecer ou vai acontecer alguma coisa muito estranha! - diz um leão marinho
Levanta-se um forte vento, que começa a sacudir a areia, as palmeiras, as árvores, a fazer redemoinho.
- O que é isto? - pergunta uma foca assustada
- Não sei! Nunca vi nada assim. - responde outra assustada
- Este vento não é normal! - comenta uma gaivota
- E olhem a cor do céu! - repara outra ave marinha
- Uuuuiii que medo! - dizem em coro
Os peixes parecem ligados à tomada, mexem-se sem saber para onde vão, parece que estão a fugir de alguma coisa.
- Olhem os peixes! - repara um cavalo marinho
- Estão loucos…! - responde um leão marinho assustado e espantado
As ondas tornam-se revoltas, enormes, como nunca as tinham visto, tudo faz redemoinho, as nuvens estão muito pesadas, parece que vão estourar, e são escuras.
- Fujam! É uma valente tempestade! - grita outro golfinho
Os animais escondem-se o mais rápido que podem, nervosos, assustados, e quando encontram abrigo, olham para o céu...por cima e a todo o comprimento da ilha, surge um gigantesco e lindo arco-íris duplo, e na praia da cidade mais outro.
Os animais ficam boquiabertos com aquele fenómeno maravilhoso.
- Áh! Que coisa tão bonita!
- Uau!
- Que lindo!
- É enorme.
- E tem outro mais pequeno ao lado!
- Na praia da cidade também há.
- Que raro, aparecerem aqui dois arco-íris.
- Olhem que bonito! As cores do céu, com algum sol e estes arco-íris…
- São mesmo!
- Parece magia!
- Ááááááhhhh…
Soltam grandes exclamações de espanto, parece que ficam hipnotizados por aquelas belezas, e pouco depois desaparece, com o sol, dando lugar a uma valente chuvada torrencial, vento ciclónico, que deixa os animais nervosos e aos gritos, agarrados às árvores.
Debaixo da água, nas suas tocas, porque o mar também está assustador, chega às palmeiras, e bate-lhes com força, parece que engole a areia.
A chuva faz fumo ao cair no mar. Os animais que estão fora de água ficam a apreciar, com medo, mas ao mesmo tempo encantados. Uns valentes trovões rasgam e iluminam os céus. Todos gritam e tentam fugir mas não têm para onde, voltam para o mesmo sítio.
- Nunca vi nada assim! - comenta uma gaivota
- Nem eu. Quer dizer, vi na outra praia… - diz outra gaivota
- Se calhar foram os humanos que mandaram para aqui, como não os deixamos entrar…- diz outra gaivota a rir
Todas riem:
- Se calhar tens razão!
- Que medo! - grita um golfinho do mar
- O que estás a fazer aqui fora, rapaz? - pergunta uma gaivota
- Volta a mergulhar. - recomenda outra
- Vim ver se já tinha passado. E se vocês estão bem!
- Não te preocupes connosco! Estamos bem… em segurança. - diz a gaivota
- Põe-te também em segurança!
- Mergulha.
O golfinho volta a mergulhar
- Está horrível! - comenta o golfinho com os outros
- Ainda não passou? - pergunta outro
- Não! Nem está para passar já.
- E as outras estão em segurança?
- Disseram que sim.
- E aquela coisa maravilhosa?
- Não estava!
A tempestade dura várias horas, quando acalma, os arco-íris voltam a aparecer. Os animais abrem grandes sorrisos, respiram de alívio por já ter passado a tempestade, e felizes por verem outra vez aquelas cores tão bonitas do arco-íris.
- O que será aquilo tão bonito? - pergunta uma foca
- Será que quer dizer que vai haver outra tempestade? - pergunta outra foca
- Acho que não!
- Mas não sei o que é!
- Nem eu, mas sei que é muito bonito!
- Ainda bem que já passou.
- Também acho!
- Que grande susto! - dizem em coro
Gargalhada geral.
- É bom que não volte a acontecer tão cedo! - diz um golfinho
- Isso acho que é muito improvável! - diz uma gaivota
- O quê? Acontecer, ou não acontecer? - pergunta uma foca
- Não acontecer! - dizem todos
- Pois. Também acho. - concorda a foca
- É pena aquelas cores tão bonitas, desaparecerem tão rápido!
- Deviam estar sempre ali, como o sol!
- Também acho.
- Olhem como ficou a areia…
- Toda ensopada!
- E as palmeiras…
- Também.
- O mar bateu ali com uma força!
- O que nós tivemos de nos agarrar aos troncos e o que nos safou foram aquelas toquinhas.
Continuam a conversar, e apesar da tempestade, eles adoraram ver o arco-íris. Para eles foi uma grande e agradável surpresa! Abraçam-se todos, felizes e sorridentes, por terem escapado todos, e a paz da ilha regressa, sem a presença dos humanos, mas possivelmente com mais tempestades.
Mas sempre que viam o arco-íris, e sem saber o que era, para eles era qualquer coisa de mágico, e de encher os olhos com aquelas cores. Apesar do medo das tempestades, sabiam que quando estava para acontecer alguma, onde se esconder e abrigar em segurança, até passar.
Para eles, a melhor parte eram os arco- íris sobre a ilha que a tornavam ainda mais bonita e aguçava ainda mais a curiosidade, a imaginação dos humanos da praia da cidade, que viam aquele espetáculo natural.
E vocês? Gostam de ver o arco-íris?
Quais são as suas cores?
Gostavam de estar numa ilha como estas? Sim, não, porquê?
Já viram algum arco-íris? E uma tempestade? Sentiram medo?
Podem deixar nos comentários.
FIM
Lara Rocha
14/Janeiro/2024
Sem comentários:
Enviar um comentário
Muito obrigada pela visita, e leitura! Voltem sempre, e votem na (s) vossa (s) história (s) preferida (s). Boas leituras