desenhado por Lara Rocha
Era uma uma aldeia desviada de uma grande cidade com famílias numerosas, onde não havia luxos, mas tinham o essencial: casa, comida, água, roupa, calçado, medicamentos e outros serviços.
Mas o que fazia toda a diferença era a humildade, simplicidade, boa disposição, alegria e amizade das pessoas que viviam nesta aldeia. As crianças tinham poucos brinquedos, mas muita imaginação. Elas próprias inventavam os seus brinquedos, com o que encontravam, os adultos ajudavam e riam à gargalhada.
Um dia, uma fada passeava por cima dessa aldeia e ficou deliciada com as gargalhadas das crianças, a maneira como elas brincavam felizes, e a beleza de todos os habitantes, que com pouco, não pediam nada.
A fada riu à gargalhada ao ouvir as crianças a rir, que eram risadas contagiosas, e transforma-se em menina, igual a eles para saber de onde vinham aquelas gargalhadas.
Apareceu num campo de futebol onde estavam a brincar, vestida como eles. Todos param, olham-na, sorriem:
- Olá! - diz a fada
- Olá! - respondem todos
- Nós não te conhecemos! - diz um rapaz
- Sou a Solrria (gargalhadas), vivo noutra aldeia. Desculpem aparecer aqui, mas gostei tanto de ouvir as vossas gargalhadas que vim ver se havia aqui algum circo!
- Solrria? Que nome tão raro! - comenta uma menina
- Mas soa bem! - comenta outra
- É! - concordam todos
- Não fiques zangada, Solrria, porque os nossos nomes também são raros e engraçados. Queres ouvir? - diz um menino
A Solrria ri-se, e os meninos riem com ela. Cada um diz o seu nome, dá uma gargalhada e os outros respondem com gargalhadas. A Solrria ri com eles.
- Muito interessantes os vossos nomes! (ri a fada e todos riem) O que vos faz rir tanto?
- Tudo! - respondem em coro
- Já é de nós!
- Rimos de tudo!
- Temos o que é preciso e muitas aldeias não têm.
- Isso! Temos casa, comida, água, roupa, médicos, remédios quando precisamos, temos saúde, família, somos amigos.
- É! Tudo o que é preciso para sermos felizes e rirmos com alegria!
(Todos riem)
- Muito bonita essa vossa maneira de viver. Têm razão! Eu também sou feliz porque tenho tudo o que preciso, gosto do que tenho. Não é preciso muito para ser feliz - diz a fada
- Pois não! - dizem todos
- E esses brinquedos, quem vos deu? - pergunta a Fada
(Gargalhadas gerais)
- Fomos nós que inventamos! - diz um menino a rir-se
- Que lindos! - diz a Fada
- Anda ver mais! - convida outro
Uma menina dá a mão à Fada e vão com ela para o recanto onde guardam muitos brinquedos criados por eles. A cada brinquedo dão uma risada, e a fada ri com eles.
- Adoro estes brinquedos! - diz a fada
- Nós também! - dizem todos a rir
- Os meus são um bocadinho diferentes, mas estes, adoro. - diz a fada
- Boa! Anda brincar connosco.
- Está bem.
A fada passa uma tarde muito feliz com brincadeiras diferentes, aqueles meninos tão simpáticos, que estavam sempre a rir, e ela ria com eles.
Depois foram lanchar, os meninos cantaram uma canção tradicional da cultura deles, como era hábito, numa língua que ela não conhecia.
- Que canção tão gira! - diz a Fada - cantam-na sempre?
- Sim! - respondem em coro
- É para agradecer a comida que temos neste lanche! - explica um menino
Todos dizem que sim, e riem.
- Boa! - diz a Fada
- Cantamo-la em cada refeição que fazemos! - explica uma menina
- Que giro! - diz a Fada a rir
Todos riem, e comem com vontade, sempre numa conversa muito animada, com algumas cantorias pelo meio, palmas, muita gargalhada.
Brincam mais algum tempo, e quando vão jantar, pedem à Fada para voltar. Ela promete voltar e agradece. Cada um abraça-a carinhosamente e dá dois beijos, com um sorriso de orelha a orelha, ela retribui.
- Adorei conhecer-vos! Obrigada por esta tarde, pelas brincadeiras e pelo vosso riso! Voltarei, muito em breve.
Todos riem:
- Nós também.
- Adoramos conhecer-te! - diz um menino
- Sim, volta sempre que quiseres. Riem, e vão para casa. A Fada está repleta de alegria e carinho. Decide oferecer um presente aos meninos. Uma bola transparente grande, com brilhantes a boiar que mexem de um lado para o outro, de todas as cores.
Deixa um bilhetinho: «Esta bola com água e brilhantes de todas as cores, representa o meu agradecimento por tanta coisa boa que me deram hoje. Principalmente o vosso riso e a felicidade, a simplicidade e a alegria com que vive, brincam, o vosso carinho! Muito obrigada a cada um e a todos por tanto que aprendi convosco. Encheram-me de boa energia, preencheram-me, adoro-vos. Voltarei...até já.
Deixa a bola no meio do campo, e vai para a sua casa ainda a rir pelo caminho. No dia seguinte, os meninos veem o presente, primeiro ficam muito surpresos, olham e voltam a olhar:
- Áh! Que linda bola! - comenta uma menina
- É mesmo!
- Tantos brilhantes.
- Uau! Parecem estrelas!
- Nunca vi nada assim.
- Nem eu. Quem terá deixado aqui isto?
- Não sei.
Leem o bilhete, riem à gargalhada, dançam, cantam, uma canção com palavras estranhas, abraçam-se, saltitam. a Fada aprecia a reação dos amigos pousada na árvore e solta sonoras gargalhadas no interior de um tronco.
- Que gargalhadas maravilhosas, tão lindos!
Um menino pergunta:
- Será que podemos brincar com esta bola?
A Fada aparece novamente como menina. As crianças abraçam-na, beijam-na, uma de cada vez, a rir, dizem «bom dia», com um sorriso de orelha a orelha.
- Bom dia! - diz a Fada a cada um e a rir de tanto carinho que recebe.
- Olha que lindo, este presente que deixaram aqui!
- Não sabemos quem foi.
- Fui eu! - diz a Fada a rir
- A sério? - perguntam todos em coro
- Sim.
Dão um abraço coletivo à volta dela, a rir à gargalhada.
- Muito obrigada.
- Adoramos!
- Podemos brincar com ela?
- Claro que sim! - diz a Fada a rir
- Como vamos brincar com ela?
- Como quiserem! Ela não parte. - diz a Fada
Põem-se em roda, atiram a bola uns para os outros, sem deixar cair, a dizer poemas, a cantar, a rir e a conversar. Inventam brincadeiras e danças diferentes com a bola de brilhantes, explicam à Fada as brincadeiras, e esta ri à gargalhada com eles, entra nas brincadeiras, almoça com eles, e de tarde voltam a brincar.
Os meninos levam a Fada a visitar e a conhecer a aldeia, um espaço muito bonito, com muita natureza, flores encantadas, árvores, borboletas enormes e com cores mágicas, pássaros com penas de uma beleza rara, uma pequena praia de areia branca, muito limpa, um mar que parece um lago, e convida a um mergulho.
Todos mergulham numa grande alegria, num mar transparente, com água quente, um sol brilhante, igualmente quente, algas, pedras de cores, formatos e tamanhos diferentes, muito bonitas, conchas e búzios enormes, peixinhos exóticos.
A Fada fica maravilhada, com aquela beleza da aldeia e com a alegria, as danças e brincadeiras que as crianças inventaram, sempre a sorrir e a rir.
A Fada tornou-se mais um membro do que chamavam família, na aldeia do riso, onde havia tudo o que precisavam, não era muito, mas para eles era motivo de festa, alegria, agradecimento.
Realmente, se pensarmos bem, temos muitos, mesmo poucos, motivos para festejar e agradecer, como estes meninos. Vocês fazem como estes meninos? Com o quê? Podem deixar a resposta nos vossos comentários.
FIM
Lara Rocha
8/Junho/2023
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