- Não gosto nada desta parede branca! Provoca-me uma grande tristeza e um enorme vazio.
- Óh, estou a ver. Sabe que eu também não gosto muito desta parede tão branca, mas às vezes quando olho para ela, consigo imaginar umas imagens. E que tal se experimentarmos desenhar aí alguma coisa...? Sem se preocupar se está bem desenhado ou não...
- Hummm...eu não sei desenhar, mas se diz que não interessa se sei ou não desenhar...acho que consigo riscar ali qualquer coisa.
- Isso. Força!
- Vai fazer o mesmo?
- Sim. Faça primeiro.
- Com o quê?
O pintor dá-lhe um pincel e algumas tintas. O senhor fica a olhar para aquilo, sem saber o que pintar.
- Arrisque! Não tenha medo, nem pense muito. Olhe para a cor que lhe chamar mais a atenção, ou misture algumas...
O senhor sorri. Molha o pincel um bocadinho em cada cor e salpica um cantinho da parede.
- Que bonito! Deu-me uma ideia...
O pintor vai ter com ele, molha o pincel, com as mesmas cores, e faz uns traços soltos.
- Áh! Parece o arco-íris.
- Isso. Vamos dizendo palavras, e vemos se surge alguma coisa.
Os dois disparam palavras, as mais bonitas que conhecem, que transmitem boas mensagens, e vão desenhando sobre essas palavras, com cores, formas, pintas.
À medida que outros habitantes vão passando por lá, apreciam a parede, e o pintor convida-os a participar, dizendo as palavras mais bonitas que conhecem, e a desenhar alguma coisa que gostassem, onde quisessem ao longo da parede.
Este desafio é do agrado de todos, participam com entusiasmo, vontade e alegria. Uns fazem desenhos maravilhosamente perfeitos, lindos, outros coisas mais simples de que gostam.
Entre salpicos, pintas, riscos, vão nascendo: nuvens, flores, ondas, linhas, pássaros, casas, árvores, casais, crianças, peixes, fontes, cascatas, montanhas, avós, sol, chuva, e outros animais.
O pintor completa com a sua perfeição e com novas imagens que lhe surgem ao ver o que está lá.
Num instante, a parede fica completa. Uma verdadeira obra de arte, cheia de cor e vida, luz, amor.
- Como está maravilhosa esta parede! Que orgulho! - suspira o pintor com um grande sorriso
Decidem fazer uma festa para inaugurar e apreciar a parede. Todos concordam, reúnem-se com petiscos, o pintor faz um discurso de agradecimento a todos os habitantes, dá os parabéns a todos, chovem fotografias para a parede, palmas, atá vai para o jornal das outras terras, que invadem a aldeia para ver ao vivo e de perto. A aldeia ganhou uma nova vida, e a parede ficou conhecida como o mosaico da aldeia.
FIM
Lara Rocha
29/Janeiro/2021
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